Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comunicação perde um formulador

Morreu na manhã de sexta-feira (6/7), aos 55 anos, o jornalista Carlos Eduardo Zanatta. Ele era chefe da sucursal de Brasília da Converge Comunicações, editora das revistas Teletime, Tela Viva e Pay-TV, mas, sobretudo, um militante das políticas sociais em comunicação. Zanatta teve complicações decorrentes da diabete e deixa a esposa, três filhos e um neto.

Carlos Zanatta, jornalista, era um profissional especializado em políticas públicas na área da comunicação, especialmente as voltadas para as questões das tecnologias. Nos últimos 11 anos, na Converge Comunicações, era responsável, em Brasília, pelo noticiário para as publicações especializadas Teletime, Tela Viva e Pay TV, inclusive nas versões online. Porém, sua atuação nesta área começou muito antes. ‘O Zanatta foi uma pessoa que sempre esteve diretamente envolvida com o setor de comunicação. No início, pelo Partido dos Trabalhadores, tanto na liderança do partido quanto na assessoria do PT na Câmara’, lembra Samuel Possebom, seu colega.

Natural de Poços de Caldas (MG), Zanatta foi professor de jornalismo na Universidade Federal do Espírito Santo na década de 1980. Militante de movimento social durante toda sua vida, ligado profundamente ao Partido dos Trabalhadores (PT). Morreu como jornalista militante. Tinha uma imensa generosidade cristã (chegou próximo de ser ordenado padre) e uma imensa capacidade de se doar aos outros e às causas que abraçava.

Militância e especialização

Em 1992, na condição de assessor da liderança do PT na Câmara, Zanatta foi assessor da deputada Irma Passoni (PT-SP) – quando esta era presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comissão e Assessoramento da Câmara dos Deputados – para os estudos realizados por aquela comissão, que culminaram com a criação da Lei do Cabo, três anos depois.

A atuação do jornalista nesta fase, foi, segundo seus colegas de militância, fundamental no processo tanto de formulação da Lei, quanto na organização do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). ‘Ele era um profissional muito imparcial no trato com a notícia, mas também muito crítico e consciente com relação ao desenvolvimento do setor de comunicação no Brasil. Estou perdendo um amigo mais de uma década de convivência diária e muito prazerosa.’, afirma Samuel.

Segundo Celso Schröder, coordenador-geral do FNDC, Zanatta foi um formulador em políticas de comunicação. Profissional especializado, partia de uma visão tecnológica, mas sempre numa perspectiva de comunicação pública. ‘Isso fez dele um parceiro importante do FNDC, especialmente no momento em que o Fórum estava sendo formatado, mas também antes, no período da Constituinte. Ele conhecia o assunto, trabalhava no campo da política pública, militava como jornalista e nunca se negou a ter uma atuação como cidadão preocupado com o setor’, lembra Schröder. O coordenador do Fórum destaca que esse perfil o tornava muito próximo e semelhante ao perfil de Daniel Herz (falecido em maio de 2006). ‘Zanatta formulava no campo teórico e ao mesmo tempo incidia sobre a política e a vida concreta’, define Schröder.

Em seus artigos, nas revistas, Zanatta sempre manifestou sua consciência crítica, sua capacidade de análise, que trazia de seu histórico de vida, de militância. ‘Trazia muito vivos na cabeça todos os desafios e as dificuldades, e sempre teve muita capacidade de elaborar soluções e pensar estratégias. Na história recente, não fez parte de nenhum governo, mas contribuiu com idéias’, relata Samuel Possebom. ‘Tanto quanto suas qualidades de militante do movimento social, de professor universitário, de jornalista praticante que era, o que caracterizava Carlos Zanatta era o alto astral e uma generosidade sem limites’, declara o jornalista e professor Murilo Ramos, da UnB, amigo de Zanatta.

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Da Redação FNDC