Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Movimento marginalizado

A greve dos bancários vem sendo a maior mobilização de uma categoria no país dos últimos tempos. Mesmo assim, das grandes revistas semanais, apenas a IstoÉ se atreveu a dar destaque a um movimento espontâneo dos trabalhadores em busca de melhores salários. Sendo uma greve de adesão, o movimento mostra a insatisfação geral da categoria, que foi massacrada nos últimos 10 anos. Com crescimento astronômico, o setor bancário, mesmo com a crise brasileira, tem uma dívida com seus funcionários, que amargam um arrocho salarial muito grande; queremos nossa fatia do bolo.

Um movimento que visa melhorar a distribuição de renda no Brasil não pode ser marginalizado pela imprensa como um todo, a única explicação para esta marginalização está no fato de os bancos serem os principais anunciantes dos veículos de comunicação, patrocinando principalmente o setor de jornalismo, pois todos os bancos querem agregar sua imagem à opinião da imprensa. Meu protesto esta lançado, parabéns à IstoÉ pela reportagem, e acredito que a distribuição de renda se faz através do emprego e do salário, sem esta distribuição o Brasil dificilmente terá um crescimento sustentável.

Marcelo Martins, bancário, Campinas, SP



Cobertura tendenciosa

É tendenciosa a cobertura feita pela imprensa da greve dos bancários, passando à opinião pública que os bancários vão ‘prejudicar o pagamento dos aposentados, da Bolsa-Escola etc’. Não ouvi ninguém colocar na mídia um debate mais sério sobre os lucros exorbitantes do bancos, e sua política de pessoal exploradora. É claro que sabemos que os bancos são responsáveis pelos maiores contratos de publicidade veiculados na mídia, e portanto os donos das cadeias de rádios, jornais e TVs não estariam interessados numa discussão sobre o tema. Pergunto então, onde está a liberdade dos jornalistas neste caso? Acho que um conselho de regulamentação, desde que discutido amplamente pela sociedade, e desde que não tivesse nenhum ranço despótico de censura, seria bem vindo inclusive para a classe jornalística.

Luiz Carlos Castilho, bancário (desempregado), São Paulo



Notícia falsa

Gostaria de registrar minha indignação com a forma totalmente equivocada adotada pela imprensa para noticiar uma manifestação de sem-terra (em 29/9), no Centro do Rio. Ao assistir ao Jornal Nacional, recebi com grande choque a notícia de que os manifestantes teriam sido reprimidos com violência e tiros pela polícia, enquanto faziam um protesto em frente ao Tribunal de Justiça, na Rua do Acre. Como testemunha ocular do acontecido, posso afirmar que os sem-terra promoveram um verdadeiro show de horrores no meio da rua, prejudicando o trabalho de centenas de pessoas e impedindo a circulação de pedestres. Antes fossem esses todos os problemas.

Além de estarem armados, rasgavam a própria roupa para parecerem ter sido terrivelmente agredidos. Uma mãe deixou duas crianças pequenas sozinhas no meio da confusão, para incrementar as cenas de caos. A imprensa, que chegou quando o cenário de horror já estava armado, noticiou as reclamações dos baderneiros como absolutamente legítimas, ignorando a situação dos policiais. Não é necessário dizer o quão prejudicada está a imagem da polícia no Rio de Janeiro. A imprensa certamente é responsável por uma grande parcela disto.

Cynthia Magnani, estudante de Jornalismo, Rio de janeiro