Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista que reportou caso Jean Charles foi preso

O jornalista da rede de televisão ITV News que divulgou informações sobre erros da polícia londrina na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, no ano passado, foi preso sob suspeita de roubo de documentos da comissão que investiga o caso, segundo informou Vikram Dodd [The Guardian, 25/1/06].


A matéria, que apresentou graves contradições sobre a versão dada inicialmente pela Scotland Yard para a morte do brasileiro, foi considerada um dos maiores furos da história da televisão britânica. A ITV News revelou em agosto que Menezes, morto a tiros no metrô após ter sido confundido com um terrorista, estava sentado em um vagão – e não correndo – quando foi atingido na cabeça por policiais. A emissora teria conseguido documentos da Comissão Independente de Reclamações da Polícia, que investiga o caso.


As informações vazadas do relatório da investigação, que incluíam depoimentos de testemunhas e fotografias, minaram versões anteriores apresentadas pela polícia para o assassinato, ocorrido em 22 de julho do ano passado – poucas semanas após os atentados a bomba no sistema de transporte londrino. Alegações como a de que Menezes estaria usando roupas pesadas demais para o verão provaram ser falsas, pois pelas imagens ele aparece apenas com uma jaqueta jeans.


Suborno


O jornalista, segundo o Guardian, teria sido preso em outubro, e sua casa teria sido revistada por policiais. Funcionário da ITV News afirmou que a polícia estaria procurando por evidências de que a emissora teria pago pelas informações. A pessoa disse que não houve pagamento, e que se a fonte da comissão que vazou o documento estivesse motivada por dinheiro teria ido aos tablóides.


O Guardian informou que um funcionário da comissão também teria sido preso, assim como uma mulher suspeita de conspiração no suposto roubo do relatório. As três pessoas presas foram libertadas sob fiança.


David Mannion, editor-chefe da ITV News, disse que confirma a matéria divulgada em agosto, ‘o modo como ela foi coberta e o modo como a conseguimos’, ressaltando que a emissora seguiu seu ‘alto padrão editorial’.