Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

SIP critica fechamento de TV na Venezuela


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 26 de janeiro de 2010


 


VENEZUELA


Roberto Lameirinhas


SIP critica fechamento de TV na Venezuela


‘A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou ontem o fechamento da Rádio Caracas Televisão (RCTV) e de outros canais a cabo na Venezuela. O presidente da organização, Alejandro Aguirre, questionou a ‘intolerância’ do governo de Hugo Chávez com a liberdade de imprensa no país. ‘A SIP continuará criticando e condenando as ações de um governo que há muitos anos está se apoiando em leis intolerantes para atacar a liberdade de imprensa e fechar meios de comunicação independentes’, disse.


Os EUA também manifestaram preocupação com o fechamento dos canais.


Enquanto o governo venezuelano renovava ontem as ameaças de fechar mais emissoras de rádio e TV e impunha as condições para que os seis canais que saíram do ar à meia-noite de domingo voltem a transmitir por cabo, funcionários da RCTV trabalhavam normalmente, transmitindo apenas pela internet.


Na frente da sede da emissora – cujo sinal aberto havia sido retirado em maio de 2007 por decisão do presidente Hugo Chávez, que se recusou a renovar sua concessão -, havia poucos sinais de protesto, exceto por algumas faixas e inscrições nos muros que pediam respeito à liberdade de expressão.


O iluminador Alberto, que trabalha na emissora há mais de dez anos, acredita que o canal voltará ao ar em breve. ‘Quase três anos atrás eu vi o mesmo filme’, disse. Segundo ele, o fechamento de 2007 foi mais traumático. ‘Sair do sinal aberto parecia que era o fim, mas acabamos voltando. E voltaremos agora também.’


Numa entrevista à Globovisión ontem à noite, o presidente do grupo proprietário da RCTV, Marcel Granier, disse que está disposto a deixar seu cargo para evitar que a perseguição do governo contra ele prejudicasse a emissora.


Por seu lado, o diretor da Conatel e ministro de Obras Públicas, Diosdado Cabello, afirmou que, para a RCTV voltar ao cabo será necessário que seus diretores assumam compromisso com a comissão de submeter-se às normas do governo, aceitando se integrar às redes nacionais e submetendo sua programação à classificação etária.


Segundo Cabello, depois de quatro meses, se a RCTV tiver uma programação predominantemente estrangeira, poderá requerer a licença como emissora internacional.


Cabello deixou no ar, no entanto, a impressão de que outras emissoras, as quais não denominou, estão em situação irregular pelos critérios da Conatel e também poderiam ser sancionadas.


Ao mesmo tempo, cresceram as críticas da sociedade civil à política de Chávez para as emissoras de TV. O arcebispo de Coro, Roberto Luckert, afirmou em entrevista coletiva que o governo se dirigia para uma política de comunicação semelhante à de Cuba. ‘O Estado é que tem hoje o megalatifúndio da mídia que o governo acusava a oligarquia de possuir’, afirmou.


EVO


O presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, anunciou que pretende fiscalizar o trabalho da imprensa no país. ‘Estamos discutindo um modo de fazer com que os meios de comunicação não mintam’, disse em sua primeira entrevista após a posse.’


 


 


Polícia reprime opositores de Chávez


‘Pelo menos duas cargas de gás lacrimogêneo e uma série de disparos de balas de borracha feitos pela polícia metropolitana romperam ontem o caráter pacífico das manifestações que grupos pró e contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, promovem desde a manhã de sábado em Caracas.


Uma manifestação de estudantes da oposição, que pretendiam protestar na frente da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) contra a retirada do ar da emissora Rádio Caracas Televisión (RCTV), foi dispersada pelos policiais.


Pelo menos um estudante, Ronny Belo, da Universidade Católica Andrés Bello, foi ferido no rosto no confronto com a polícia. Outros quatro manifestantes opositores tiveram de receber atendimento médico por causa da inalação do gás. O incidente ocorreu na Avenida Rio de Janeiro, adjacente ao local onde se localiza a Conatel. O comandante da operação policial, Manuel Romero, justificou a intervenção alegando que ela foi necessária para evitar um choque entre os estudantes e um grupo de chavistas que ocupava a frente do edifício do órgão.


Na frente da Conatel, estava uma facção chavista radical conhecida como União Popular Venezuelana (UPV), liderada pela ativista Lina Ron, a quem o próprio Chávez qualifica de ‘incontrolável’. Em agosto, Lina foi presa por liderar um ataque com bombas caseiras à emissora Globovisión, também vinculada à oposição.


Ontem, ela caminhava aos berros entre os ativistas da UPV, andando de um lado para o outro, dirigindo insultos e gritos de ‘burgueses’ a jornalistas que queriam entrevistá-la, incluindo o do Estado.


Depois de a oposição ter colocado nas ruas milhares de pessoas para protestar no sábado contra as políticas de Chávez, o governo respondeu promovendo também uma maciça manifestação no mesmo dia.


Os opositores responsabilizam as políticas chavistas pelo quase colapso do setor elétrico e pela situação econômica, agravada pela crise internacional, pela queda do preço do petróleo e por uma inflação acima de 25% em 2009.


Apesar de choques não terem sido registrados, os ânimos se exaltaram à noite, quando o ministro de Obras Públicas e diretor da Conatel, Diosdado Cabello, exigiu das operadoras de TV a cabo que retirassem do ar emissoras ‘que não estavam cumprindo a Lei de Responsabilidade Social de Rádio e Televisão’. Além da RCTV, cuja concessão para a transmissão por sinal aberto não foi renovada por Chávez em maio de 2007, outras cinco emissoras também foram retiradas da grade de todas as operadoras de TV por assinatura.


Na semana passada, a Conatel tinha estabelecido que a RCTV e as outras emissoras punidas eram canais ‘nacionais’, uma vez que a maior parte de sua programação era produzida na Venezuela.


Com isso, essas emissoras seriam obrigadas a submeter seus programas à classificação etária governamental, exibir o hino nacional venezuelano à meia-noite e integrar as redes nacionais convocadas pelo governo. No sábado, a RCTV ignorou a ordem para entrar em cadeia nacional para exibir parte do discurso de Chávez aos militantes de seu partido.’


 


 


TELEVISÃO


Patrícia Villalba


‘Escrevo como se desse 80% de ibope’


‘Os teledramaturgos, ainda mais os que ocupam o horário das 8 da Globo, estão acostumados. Há sempre duas novelas em curso, a que eles estão escrevendo e aquela que corre à boca miúda, e se alimenta da repercussão das notícias em torno da primeira – verdadeiras ou simples boataria.


E é possível arriscar dizer que no seleto grupo de autores que escrevem novela das 8, Manoel Carlos é, tradicionalmente, o alvo preferido de boatos. Talvez por isso, os que acompanham os bastidores da televisão sempre têm a impressão de que a novela dele em curso é a mais ruidosa de todas. É o que acontece agora com Viver a Vida, que convive com um ibope longe do ideal – segundo dados do próprio autor, na casa dos 35 pontos.


Isso estaria acontecendo por causa do ritmo lento da trama, que se opõe radicalmente ao da novela anterior, Caminho das Índias. Mas deve ser creditado também, justiça seja feita, ao verão, quando há menos televisores ligados no País, e à tal ‘migração da audiência para outras mídias’, vilã da TV aberta atualmente.


Mas há ainda o fato de que Maneco, como é conhecido no meio, gosta de escrever no limite entre o que sai do seu computador e o que é gravado nos estúdios – a chamada ‘frente’ de produção. É notório que as novelas dele são gravadas na unha, pouco tempo antes de ir ao ar. Isso sempre alimenta boatos de insatisfação do elenco, que estaria irritado por ter pouco tempo para estudar os textos, e também levaria a um esticamento de algumas cenas. Impaciente, a imprensa já começou a comentar que o autor anda sendo pressionado pela direção da Globo, para que antecipe alguns acontecimentos previstos. E que há, inclusive, a possibilidade da novela ser encurtada – a previsão é que ela termine em meados de maio, dando lugar a Passione, de Silvio de Abreu. ‘A TV Globo não me cobra, nem nunca me cobrou nada’, garante Manoel Carlos, em entrevista exclusiva ao Estado, onde ele responde sem meias-palavras à meia dúzia de boatos que têm cercado sua novela e defende o ritmo lento que decidiu imprimir à trama. ‘Obviamente, eu sei que devo e quero dar boa audiência e que a empresa também quer, mas por conta disso não existe nenhuma ingerência.’


Em linhas gerais, qual a repercussão que você tem sentido de Viver a Vida nas ruas? A imprensa comenta, especialmente na internet, que o ritmo da novela não agrada ao público. É isso que você tem sentido também?


Nas ruas eu sinto que as pessoas gostam da novela, acompanham e conhecem todos os personagens. Nunca me falaram do ritmo, mas ouvi, isso sim, comentários sobre a dramaticidade da história, onde eram expostos muito sofrimento e muita tristeza, com excessivo realismo. Um vale de lágrimas, enfim. Reconheço que pesei a mão e que isso pode ter afugentado parte do público, mas não encontrei maneira de fazer diferente. Eu precisava de toda aquela dor, para caminhar rumo à superação. Essa fase de sofrimento já acabou.


Ainda sobre aceleração ou não da trama, dá para perceber que as novelas de hoje buscam um ritmo mais frenético porque, acredito, espera-se que uma sucessão rápida de acontecimentos vá prender mais o espectador. Por outro lado, um ritmo mais contemplativo e cotidiano é uma de suas marcas. Daí, pergunto: na sua opinião, Viver a Vida é mais lenta do que suas novelas anteriores?


Todas as minhas novelas têm esse ritmo. Um pouco mais, um pouco menos. Posso, no caso de Viver a Vida, estar sendo mais lento do que nas anteriores, mas acho que não podia apressar a recuperação física e – principalmente – psicológica, da Luciana (Alinne Moraes), o que me levou a contar a história quase que dia a dia. Agora ela vai naturalmente se tornar mais ágil, quando então eu deixarei de ter preocupações com o tempo e possa então saltar etapas. Até outro dia estávamos em 2009, passamos para 2010 e a partir de agora estamos em qualquer tempo: 2011, 12 ou 15, pois isso deixou de ser relevante. Certamente o ritmo ficará mais dinâmico, mas isso só seria mesmo possível a partir de agora.


Boa parte das cenas acontece em torno da personagem Luciana. Por que ela aparece mais do que a própria protagonista, Helena?


A novela fala de superação. E a superação-símbolo da novela é a da Luciana. É natural que ela seja, portanto, o centro das atenções. O papel do protagonista não deve ser medido pela sua presença, mas pela sua onipresença, que é a presença em todos os lugares. E a Helena ocupa essa posição. Tudo se relaciona a ela, a começar pelo acidente com Luciana, que é o que deflagra a história que eu estou contando. Está lá nos dicionários: protagonista ‘é o personagem em torno do qual se constrói a trama’. É a Helena, portanto. A Luciana é uma consequência, mas obviamente de imensa importância.


Ainda sobre a Helena, posso te dizer que, pelo que percebo, as pessoas ao meu redor se encantaram mais por outras personagens, como a própria Luciana, além da Teresa e da Renata. Você sente, afinal, alguma rejeição à Helena?


Isso pode acontecer em qualquer novela. Em Páginas da Vida (2006) a atenção maior era para a Marta (Lilia Cabral). Em Por Amor (1997) era maior para a Branca (Susana Vieira). Quanto à rejeição, nunca senti nada agressivo. As pessoas gostam mais ou gostam menos dos personagens. Elegem seus favoritos, que nem sempre são os protagonistas. No caso da Helena da Taís Araújo, o que posso afirmar é que ela faz admiravelmente bem a história que eu escrevo para ela. E tal como eu a pensei e construí. No início senti não uma rejeição, mas um certo estranhamento por uma parte do público, mas que deixei de sentir a partir do capítulo 50, aproximadamente.


O ibope da novela, em torno de 32 pontos, tem sido motivo de preocupação para você? Há alguma cobrança da direção da Globo para que você mexa na história?


O último número oficial que eu tenho diz respeito ao capítulo da última quinta-feira, dia 21, capítulo 112. Até esse dia a novela está com média de 35 e não 32. A TV Globo não me cobra, nem nunca me cobrou nada. Obviamente, eu sei que devo e quero dar boa audiência e que a empresa também quer, mas por conta disso não existe nenhuma ingerência.


É verdade que há atrasos na entrega dos capítulos para a produção, o que estaria atrapalhando as gravações?


Eu continuo escrevendo novela com pouca frente. Sempre foi assim. Estreei com 18 capítulos escritos. Caí para 12, mas agora, tendo que reescrever cenas por causa da ausência da Alinne (com uma crise renal, a atriz se afastou das gravações na semana passada, sem previsão de volta), esse número caiu para 9. Mas daqui a pouco consigo uma frente maior ou despenco mais um pouco, vamos ver. Sempre dei trabalho à produção. Mas isso não impede que a novela seja admiravelmente bem produzida e dirigida, o que significa que tem dado tempo de fazer sim, um belo trabalho, mesmo com alguns momentos de sacrifício.


Páginas da Vida, sua novela anterior, foi um grande sucesso. Como você a compara com Viver a Vida? E o público de 2006, era diferente do público de hoje?


Não comparo novelas, em termos de audiência, pois são épocas e momentos diferentes, com mais ou com menos concorrência. Com a existência de outras mídias, como agora, ou com a supremacia absoluta da TV Globo. Se comparássemos através dos números, todas as novelas seriam fracassos perto dos números alcançados pelas que foram escritas pela Janete Clair e pela Ivani Ribeiro. Não posso afirmar que o público tenha mudado, mas certamente o acesso à TV aberta diminuiu. Pode-se ver isso em todos os produtos que estão no ar, com as devidas exceções. Eu gosto do meu trabalho, e confesso, com todo o rigor da verdade, que Viver a Vida me proporciona alguns momentos de prazer e alegria, que poucas novelas que escrevi anteriormente me proporcionaram. Talvez ela não tenha – por enquanto – a audiência desejada, mas foi a audiência possível até este momento. De qualquer modo, temos que esperar que essa audiência se feche daqui a cem capítulos, pois estamos só na metade da novela. Quanto a mim, continuo fazendo o meu trabalho como se desse 80% (de audiência). E assim também o elenco e toda a equipe que me cerca, do mais humilde dos servidores ao Jayme Monjardim.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 26 de janeiro de 2010


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Liderança armada


‘O chanceler Celso Amorim falou à CNN en Español, ainda no final de semana, no Haiti, e respondeu sobre ‘diferenças’ com os EUA em tom amistoso, ‘estamos trabalhando em coordenação muito boa’.


Ontem, já no Canadá, na CNN original, manteve o tom, mas foi questionado sobre que países deveriam ter a liderança no Haiti e respondeu que não se trata de ‘controlar’ o país -e sim de agir para que ele não dependa mais de ajuda externa. Ele informou a CNN da aprovação, pelo Congresso brasileiro, de mais 1.300 soldados brasileiros no Haiti.


Por aqui, o ‘reforço’ foi manchete por toda parte – e, para José Sarney, ‘mostra a liderança do Brasil no comando das forças de paz das Nações Unidas’.


MALVINAS & PETRÓLEO


O ‘Wall Street Journal’ deu ontem que companhias britânicas menores iniciam, mês que vem, a prospecção de petróleo nas ‘ilhas Falklands’, ou melhor, Malvinas. Elas ‘mostram características similares a áreas quentes [de exploração] no Brasil’, a saber, o pré-sal.


O jornal diz que as ‘tensões na região cresceram após a Argentina aprovar lei em 9 de dezembro’ identificando as Falklands como parte do país. As ‘complicações políticas tornam difícil saber’ quais grandes companhias poderiam investir nas ilhas -evitadas pelas empresa que operam na Argentina, ‘como a britânica BP e a Petrobras, que faz prospecção nas ilhas Cuenca Malvinas, ao lado’.


CLINTON CONTRA A CHINA


‘New York Times’, ‘Wall Street Journal’ e agências destacam a reação da mídia estatal chinesa às pressões da secretária Hillary Clinton e do Google.


Na própria manchete on-line de ontem, o ‘WSJ’ ecoou os ataques de jornais como o ‘Guangming’ e o ‘Diário do Povo’, do PC chinês, dizendo que, ‘nos olhos dos políticos americanos, só quando a informação é controlada pelos EUA ela é considerada livre’. O ‘NYT’ destacou o ‘Global Times’: ‘imperialismo de informação’.


AS TÁBUAS


A Apple convocou para o lançamento, amanhã nos EUA, da ‘última criação’ de Steve Jobs, o ‘tablet’. É a reunião de iPhone com notebook, que suplantaria os e-readers, como o Kindle, da Amazon.


Segundo o Blue Bus, linkando o ‘Los Angeles Times’, o ‘NYT’ enviou equipe à Apple para ajudar a desenvolver o aparelho, uma alternativa de sobrevivência para os jornais.


A editora de revistas Condé Nast confirmou que está no projeto. Correndo por fora, a HP e a Dell apresentaram protótipos de ‘tablets’ nas últimas semanas.


PAC, PAC, PAC


Nos sites e portais, o prefeito Gilberto Kassab pregou medalhas em Lula e José Serra, dizendo que simbolizam povos que construíram a cidade, o nordestino e o italiano. Mas o presidente tomou o palanque e, na chamada da Folha Online, ‘Lula avalia verba do PAC para enchente’. No G1, ‘Lula promete recursos do novo PAC para obras contra as enchentes em São Paulo’.


E Lula ainda participaria de dois eventos voltados ao PAC, ontem no Rio _onde, como deu a Band e ecoaram Josias de Souza na Folha Online e Fernando Rodrigues no UOL, ‘Dilma alcança Serra’, no Vox Populi.’


 


 


TELEVISÃO


Laura Mattos e Clarice Cardoso


41% dos teens veem TV fora do televisor


‘O ‘boom’ de celulares, iPods e sites como o YouTube entre crianças e adolescentes impulsiona uma mudança no modo como esse público vê TV: eles consomem mais conteúdo produzido para a televisão, mas ficam menos diante do televisor.


Apesar de o conteúdo de televisão ser o mais consumido dentre as opções de entretenimento (são 4h29 diários, 38 minutos a mais do que em 1999), pela primeira vez na década o tempo diante do televisor caiu: são 25 minutos a menos em dez anos (3h04 em 2009 contra 2h39 em 1999).


Um dos motivos é o fato de os aparelhos portáteis gerarem mais oportunidades para que eles usem diferentes mídias: 20% do consumo total (2h07) acontece em celulares, iPods e vídeo games portáteis.


Os dados são de pesquisa feita pela Kaiser Family Foundation em colaboração com a Universidade Stanford, com 2.000 americanos entre 8 e 18 anos. Segundo o estudo, 59% deles assistem aos programas de TV do jeito ‘clássico’, ou seja, no televisor no horário em que são transmitidos, e 41% usam também outros aparelhos para ver o conteúdo televisivo.


E, mesmo quando estão diante do televisor, cerca de 47% conversam pela internet e por torpedos de celular sobre a programação ou pesquisam na internet algo relacionado a ela.


Crianças e adolescentes passam 7h38 por dia consumindo conteúdo de entretenimento, como música, computador, leitura, video game, DVD e televisão. Mas, como costumam consumir mais de um conteúdo ao mesmo tempo (como ver TV e ouvir música simultaneamente), são expostos a 10h45 de produtos de entretenimento por dia.


Os dados podem adiantar uma tendência de mudanças também no Brasil. ‘A infância é a faixa que mais consome internet no Brasil, mas é preciso ter em mente que há uma relação direta com o custo dos serviços’, diz Fábio Senne, coordenador de relações acadêmicas da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância).


O resultado reforça a necessidade de se medir audiência por conteúdos e não por TVs.


IBOPE BAIXO


A audiência do segundo paredão do ‘BBB 10’ foi de 21 pontos, com sintonia de 39% dos televisores ligados no horário (dados prévios da Grande SP). Caiu em relação ao primeiro (24; 44%). Além de esta edição estar abaixo das expectativas do próprio diretor, essa queda pode ser consequência do feriado prolongado em São Paulo.


TRIPLA EXPLORAÇÃO


Nem de férias, o ‘Pânico’ para de explorar Zina, rapaz esquizofrênico e viciado em drogas que o programa transformou em ‘celebridade’. Como Zina foi preso na semana passada por porte ilegal de armas, o ‘Pânico’ reprisou domingo ‘homenagem’ de 2009, quando ele fora detido com cocaína.’


 


 


Marco Aurélio Canônico


‘Ger@l.com’ fracassa com atuações ruins e mistura de formatos confusa


‘Se ‘Armação Ilimitada’ foi ‘o ‘Sítio do Picapau Amarelo’ dos anos 80’, como o próprio seriado se autodefiniu certa vez, então ‘Ger@l.com’ pode ser julgado como uma espécie de ‘Armação’ dos anos 2000.


Ambos os programas têm o dedo de Roberto Talma e uma clara proposta de tentar se comunicar com seu público-alvo (os adolescentes) falando de igual para igual (no ‘carioquês’ da Globo, é claro), com uma linguagem moderna -inclusive em termos tecnológicos- e tendo o rock como trilha.


Só que o recém-lançado DVD, que reúne a primeira temporada de ‘Ger@l.com’ (com cinco episódios), deixa claro que o novo programa fracassa onde o anterior brilhou.


Primeiro porque a mistura de formatos, que antes era inovadora, em ‘Ger@l.com’ se apresenta de forma confusa. Ora é seriado, ora documentário, ora ‘novas mídias’ (com complementos on-line).


Outra questão é que ‘Ger@l.com’ é infantilizado, e o problema não é nem que o elenco seja quase todo adolescente (ou pré): o garoto Bacana (Jonas Torres), que era uma criança em ‘Armação Ilimitada’, é infinitamente mais maduro do que qualquer um dos personagens teens aqui.


Por fim, o motor da série ser uma banda real e preexistente, formada pelos cinco garotos da família Werneck (daí o nome WWW), não resulta num Jonas Brothers brasileiro, mas apenas em má atuação. Salvam-se poucas boas ideias e o núcleo de garotas da série. Nada que torne ‘Ger@l.com’ memorável ou recomendável.’


 


 


 


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