Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O fascismo e a profilaxia da gravidez

Esta semana, o dr. Drauzio Varella publicou um artigo no site da Folha de S.Paulo no qual ataca duramente setores conservadores da sociedade por suposto fascismo, ao protestarem contra uma lei que, aprovada no Congresso, segue para sanção presidencial, a respeito do tratamento médico para vítimas de estupro PLC 3/2013 de autoria da deputada Iara Bernadi (PT). Esse projeto prevê que o Estado, através do SUS, preste atendimento a vítimas de violência sexual e regulamenta esse atendimento em todos os hospitais da rede pública.

Uma das polêmicas desse projeto trata de um termo utilizado no mesmo que é a profilaxia da gravidez, que, de forma subjetiva, tem a intenção de considerar a gravidez uma doença a ser tratada. Os setores ditos conservadores por Varella questionam essa Lei no sentido que de forma sorrateira há uma tentativa de aprovação do aborto com a desculpa de proteger vítima de violência sexual.

O dr. Drauzio Varella argumenta que já existem regras determinadas pelo poder público para esse tipo de tratamento, porém essa lei seria para obrigar todos os hospitais a darem esse tipo de assistência. Ora se já existem regras, por que se faz necessário a criação de uma lei? Obviamente, quem está agindo de forma fascista é o Estado, obrigando todos às suas vontades e deixando de atacar o problema real.

Crítica e livre pensamento

A pergunta que fica é por que o Estado não investe em segurança pública, em prevenção e também em educação? Mas nós já sabemos a resposta, as medidas tomadas pelo estado são sempre as mais “fáceis”, não precisa pensar muito, foi estuprada venha e a trataremos, é viciado em drogas venha e vamos pagar seu tratamento, é criminoso, não tenha medo se for condenado daremos total auxilio. Agora se você não for de uma minoria e fizer parte da maioria trabalhadora pagadora de impostos, não experimente ficar doente, pois neste caso não existe nenhum amparo legal – apenas a certeza de ficar em uma maca no corredor do hospital.

Varella ainda continua com seus desatinos argumentando que os setores conservadores que protestam contra o projeto são os mesmos que tiveram apreendida propaganda antiaborto na última campanha eleitoral presidencial, como se isso fosse um absurdo. Desta forma, podemos ver quem tem as ideias fascistas e totalitaristas, pois um direito básico da democracia é a crítica e o livre pensamento, ou será que isso somente vale quando se está do lado do governo?

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Marcos Farias é analista de logística, Campinas, SP