Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

A censura e a lei Flávio Rodrigues

Se existe uma lei que proíbe veiculação de informações de processos que tramitam sob o segredo de justiça, não entendo como censura a proibição ao Estadão, e sim como defesa de um preceito legal. Mesmo que sejamos levados a desconfiar que a proibição teve caráter político em função da crise instalada no Senado e que a referida matéria expõe ainda mais os acusados no processo, não é nada impossível que o juiz que determinou a proibição da matéria de fato o tenha feito por uma razão não apenas de caráter jurídico, ainda assim temos que aceitá-la.


Considero medíocre a justificativa contra a suposta censura de que ‘a sociedade tem o direito de saber’. Ora, esse direito será exercido no momento em que a justiça determinar que as informações já podem ser veiculadas.


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Os EUA ofereceram ao Brasil um compromisso de transferência tecnológica dos F-18 Super Hornet como última cartada para se contrapor ao favoritismo da França e vencer a concorrência aberta pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a compra de 36 caças, o chamado programa FX-2. O processo de escolha está em fase final e, por razões vinculadas a objetivos da política externa do governo Lula, o Brasil tende a favorecer a aquisição dos caças Rafale, da companhia francesa Dassault.


Quanto é que eu vou ter que pagar para que os meninos da Força Aérea ganhem estes novos brinquedinhos franceses ou americanos?


Curiosa ironia. Os jornalistas brasileiros não sabem que numa guerra verdadeira com a utilização do que existe de mais moderno (mísseis nucleares de longo alcance) estes novos caças viram poeira sem sair do chão. Se fosse jornalista eu questionaria a utilidade desta aquisição. Mas como não sou jornalista, continuarei apenas um contribuinte resmungão.


Estou cansado de pagar tributos que são usados para comprar armamento obsoleto. O dinheiro usado nestes caças daria para construir milhares de quilômetros de tubulação de saneamento básico (que é o que a maioria dos brasileiros realmente precisa). Mas quem se preocupa com o que nós realmente precisamos? Ninguém. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado)


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A Carta Capital nº 557 noticiou que o Brasil comprou 250 tanques Leopard 1 A5 da Alemanha ao custo de 500 mil dólares a unidade. Os tanques são usados e terão que ser reformados.


Nós já compramos barcos usados da França, tanques usados da Alemanha. No futuro, compraremos mísseis nucleares usados da Rússia?


Não estranhei empresas brasileiras comprarem lixo inglês. Na verdade fiquei espantado foi ao ver o Ministro do Meio Ambiente indignado em razão disto. O lixo inglês nós rejeitamos, mas lixo alemão nós aceitamos numa boa.


O Brasil virou uma Lata de Lixo Militar. Nenhum Ministro, Senador, Deputado ou jornalista esboçou contrariedade. Estranho, não? (F.O.R., advogado)


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‘Tô tranquilão!’ Eis a sapientíssima frase do presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque, insistindo na sua infeliz veia pseudo-humorística, ao comentar o vergonhoso arquivamento de todas as representações contra Sarney.


Não se sabe até onde vai a capacidade da casa dos horrores de nos provocar o arrepio da indignação. Fato é que, diariamente, o limiar do deboche e do escárnio vem sendo grotescamente superado.


Diária e sistematicamente, cresce o rombo da moralidade pública, provocado pelo Senado e por muitos de seus desastrados titulares, como Duque, Sarney, Renan, Wellington Salgado, Almeida Lima e todos os demais integrantes da tropa de choque.


Encurralado, Sarney ‘malufizou-se’, restando agora declarar que não conhece a si próprio, ou talvez sustentando que Sarney não é Sarney, ou que não conhece, entre outros, nem mesmo a própria esposa, filhos e netos. E como Maluf, caminha para se tornar uma anedota, vagando por corredores oficiais.


Sobre mentiras, há duas máximas, pelas quais adianto desculpas pela minha veemência: só não ruborizam os rostos de quem não tem vergonha na cara, e só não tem pernas curtas onde impera o rabo preso.


O ‘tranquilão’ Paulo Duque é o retrato fiel do Senado: impunidade por atacado, tranquilidade absoluta e mediocridade produtiva. (Heitor Diniz, jornalista, Belo Horizonte, MG)


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Acredito que o acordo firmado entre Brasil e Espanha no último 4 de agosto esteja passando despercebido pela imprensa. Trata-se de um ‘acordo’ que visa a formação online de professores de língua estrangeira, mais precisamente da língua espanhola. Para não estender-me demasiado e permitir que façam suas próprias conclusões, sugiro a leitura do blog do colega Gonzalo Abio, da UFAL. Nele encontrarão as notas emitidas pelas Associações de professores de espanhol em alguns estados do Brasil. O acordo do MEC/IC pode ser visto na página do MEC, clicando aqui. Creio que é um assunto que merece ser lido com critério porque já passamos por modus operandi semelhante durante o acordo MEC/Usaid, em 1966. (Marisa Aderaldo, professora universitária, Eusébio, CE)


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Senhor Alberto Dines, li seu artigo ‘O silêncio de Gilmar‘ e me remeti ao seguinte questionamento: por qual motivo a imprensa não fala dos feudos e das podridões dela própria? Das violações de direitos e benesses, obtidas com respaldos políticos e escusos, dos donos de jornais e outros meios de comunicação, ou melhor, da própria imprensa? Meus cabelos brancos, com todo respeito aos seus, já não suportam essa falsa moral da imprensa, dos próprios jornalistas em seu dia a dia. Os seus não? Desculpe, amigo. Não há sentido na vida se não lutarmos pela verdade, pois a meia verdade é a mentira que está nos remetendo para este mundo desumano e cruel. ‘Qui est sine peccato, primum in illa lapidem mittat’. ‘Quem se sentir sem culpa, atire a primeira pedra’. (Walter Rodrigues, analista, Recife, PE)


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Assistindo, por acaso, ao pseudo-programa jornalístico da MTV intitulado Furo (8/8/09), me surpreendi ao ver a apresentadora Dani Calabresa criticar de maneira leviana o Dr. Robert Rey, apresentador do programa da Rede TV Dr. Hollywood, chamando-o inclusive de ‘bicha’ e outras expressões de caráter duvidoso. É incrível como proliferam ‘apresentadores’ querendo fazer ‘gracinhas’ emitindo opiniões ofensivas e preconceituosas e que podem influenciar seus telespectadores, principalmente jovens, no caso da MTV. Para o bem dela seria bom a Rede TV ou Dr. Robert Rey ficarem sabendo. (Fernando Reis, fotógrafo, Belo Horizonte, MG)


 

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Jornalista, Rio de Janeiro, RJ