Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Desastre grave, notícia incompleta

Li as matérias de quinta-feira (26/3) no Globo, na Folha e no Estado de S.Paulo. Nenhuma mencionava o nome da companhia aérea proprietária do avião [de que parte da turbina caiu em Manaus]. Apenas achei essa informação ao assistir, na internet, à matéria da Globo News sobre o mesmo assunto. A empresa chama-se Arrow Air e está sediada em Miami. A emissora tentou contato com eles, sem sucesso. Eles constam na lista dos maiores acidentes da história do mundo com o seguinte dado: ‘Dezembro de 1985 – Avião DC-8-63, da Arrow Air em Gander, caiu no Canadá após decolar; 248 pessoas morreram’.

Como leitora e telespectadora, eu me pergunto: como é que os jornais não pensaram em dar essa informação? Que tipo de carga ele transportava? Chegou com segurança em Bogotá, mas de que maneira, já que faltava uma peça? Essa peça não era importante? Cadê os técnicos e especialistas para informar se tratava-se de uma peça importante? Cadê os juristas para dizer se aquelas pessoas humildes podem receber indenização pelos danos causados? Felizmente ninguém morreu.

É lamentável a gente imaginar que, caso este mesmo vôo estivesse indo para Nova York ou Frankfurt, já teria um correspondente local cobrindo tudo com presteza e riqueza de detalhes. Mas cadê nossos correspondentes na América Latina? Triste continente de países desprestigiados pelos seus próprios vizinhos.

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Lamentável mas previsível essa situação de barraco e bate boca entre ex-presidentes e presidentes da República. Faz uns quarenta anos que vivemos um disco furado: o roto falando do mal lavado. Bons de conversa sabemos que todos eles são. Especialmente quando vai se aproximando o final de mandato, aí sim a adrenalina da demagogia explode para as alturas. Mas de qual deles podemos realmente dizer que trouxe algum significado para sua passagem pelo governo do país; qual deles levou o país um passo à frente? Qual deles realmente fez de fato algo notável para a Nação, ao invés de se perder em retóricas e proposopéias? (Nereu Peplow, advogado, Curitiba, PR)

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Gostaria de comentar sobre a situação em que se encontra o jornal Diário de Natal, dos Diários Associados. Nos últimos dias, pelo menos 20 jornalistas foram demitidos sem justa causa. A lista inclui diretor de redação, editor geral, editores de Política, Economia, Cidades, Brasil, Educação, Seridó, além de repórteres e colunistas. Por um lado, se os empresários pagarem as multas devidas, podemos acreditar que não há nada de errado. Mas será mesmo? A Federação Nacional de Jornalistas e o Sindicato de Jornalistas do Rio Grande do Norte publicaram nota de repúdio. Mas há algo que se possa fazer além disso? Ficaria muito grata em ler análises do ocorrido nas páginas deste Observatório. Afinal, considero-o o melhor canal de análise da imprensa brasileira. (Patrícia Britto, jornalista, Natal, RN)

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Algumas semanas atrás, recebemos a notícia da absolvição em 1ª instância do Dr. Joaquim Ribeiro Filho acusado de ‘fura-fila’ no caso de Jaime Ariston. A abertura da ação criminal contra o médico (que levou à sua prisão) foi baseada nessa ação cível. Posteriormente, devido às posturas extremamente questionáveis do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do juiz foi solicitada a prisão do médico e dado início ao seu linchamento midiático. Um oficialismo barato e um senso comum rasteiro tomou conta dos linchadores, desdobrando-se em uma sucessão de erros, interpretações extremamente equivocadas, manipulação descarada na edição das matérias, ocultamento de informação e falta de apuração e precaução. Contamos, nessa luta, com o apoio de vários colunistas do Observatório e jornalistas especializados na área médica. Muito temos ainda a aguardar, mas ante a sede sensacionalista de se publicar qualquer coisa contra o médico, poderíamos pensar no dever jornalístico de se publicar a sua absolvição. Até agora não vimos nenhuma nota na imprensa. Nada. E o médico, um dos maiores especialistas em transplante de fígado, está impedido de salvar vidas. Sentença está neste blog. (Liráucio Girardi, professor, São Paulo, SP )

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Produtora musical, Rio de Janeiro, RJ