Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pane na Telefonica deixa São Paulo sem internet

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de julho de 2008


 


INTERNET
Julio Wiziack e Denise Godoy


Pane na Telefônica deixa SP sem internet


‘Uma pane na rede da Telefônica provocou um apagão da internet e de sistemas de transmissão de dados no Estado de São Paulo. A operadora é a principal provedora de acesso, com 68% dos assinantes.


O presidente da companhia, Antonio Carlos Valente, pediu desculpas pelos transtornos causados. Segundo a empresa, 80% do serviço havia sido restabelecido por volta das 21h30.


Os problemas técnicos começaram há dois dias, quando o Speedy, ferramenta de acesso à internet rápida da Telefônica, parou de funcionar. Além de deixar os usuários residenciais sem o serviço, a falha também isolou órgãos públicos municipais, estaduais e federais e afetou negócios de empresas de todos os portes.


Bancos e financeiras começaram o dia de ontem desconectados, com exceção daqueles que mantêm planos de prestação de serviço continuada, que trocaram de operadora após horas sem sistema.


Pelo menos três grandes instituições financeiras acionaram a Justiça para comunicar o descumprimento dos contratos pela Telefônica, medida cautelar adotada antes de um processo judicial por perdas e danos.


A Caixa Econômica Federal não conseguiu realizar pagamentos nem apostas pelas casas lotéricas, pois a maior parte desses estabelecimentos concentra todos os serviços de comunicação na Telefônica. Ao longo da quinta-feira, conseguiram restabelecer o contato com a Telefônica, mas o sistema ficou instável.


A Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo) informa que a prefeitura também foi atingida. De 40% a 70% de suas unidades ficaram sem comunicação, entre elas as Secretarias de Educação, Finanças, Saúde e Esporte. O acesso ao Portal da Prefeitura Municipal de São Paulo e aos serviços on-line, como o Atendimento ao Cidadão, além de 10% das 31 subprefeituras, também foi afetado.


A Secretaria de Segurança Pública ficou boa parte do dia com os cerca de 1.300 distritos policiais isolados. Em algumas delegacias, muitos detidos tiveram de esperar horas até que o sistema voltasse à ativa para que os Boletins de Ocorrência pudessem ser realizados.


‘O Estado de São Paulo foi muito prejudicado’, disse Leão Carvalho, presidente da Prodesp, que é a companhia estadual de processamento de dados. Segundo ele, ainda é cedo para estimar prejuízos, algo que será feito assim que o problema for resolvido. ‘Só depois vamos pedir o pagamento das multas previstas em contrato, que são pesadas’, disse.


Carvalho afirmou ainda que uma equipe de técnicos da Prodesp trabalharia durante a noite toda para tentar encontrar uma solução alternativa, prevendo que a Telefônica não sanaria o problema completamente. ‘É a primeira vez na história que acontece uma falha dessa dimensão’, diz.


Causas


Desde a manhã de ontem, técnicos da Cisco, líder do mercado no fornecimento de equipamentos que fazem a interconexão das redes e os sistemas de acesso à internet, foram colocados à disposição da Telefônica e trabalhavam para o restabelecimento das conexões. Estima-se que 85% dos ‘backbones’ da operadora, onde ocorreu o problema, operem com equipamentos da Cisco.


Os ‘backbones’ são grandes centrais que fazem a conexão de dados entre a central da operadora e seus diversos clientes. Cada serviço da operadora, como telefonia e acesso à internet, é prestado por meio de um ‘backbone’. O problema começou há dois dias, quando o ‘backbone’ do Speedy, que oferece acesso rápido à internet, parou de funcionar.


Uma das hipóteses é que a pane se deva a uma sobrecarga. No final do ano passado, o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) testou os serviços do Speedy, em parceria com o Comitê Gestor da Internet, e verificou que o sistema da Telefônica já apresentava instabilidade -o assinante só conseguia utilizá-lo em 60% do tempo. No restante, a conexão caía.


O Idec e o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) afirmam que a Telefônica terá que descontar da fatura mensal o valor proporcional ao tempo em que a internet ficou indisponível para o cliente. Outros consumidores que se sentiram lesados também podem pedir reparação.


A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) abriu uma investigação para apurar as causas do problema, e a Telefônica, juntamente com os fabricantes dos equipamentos, poderá ser multada.’


 


 


Maria Inês Dolci


Internet tem o 11 de Setembro tecnológico


‘NEM OS livros de ficção científica poderiam prever o cenário provocado pela pane na internet em São Paulo. O caos começou anteontem à tarde e desconectou serviços de primeiríssima necessidade ao afetar órgãos como Detran, Poupatempo, polícias Civil e Militar, Bombeiros e Companhia de Engenharia de Tráfego.


São Paulo, a maior e mais importante cidade do Brasil, sofreu um ‘11 de Setembro tecnológico’, porque metade dos sistemas do governo dependia da banda larga para a transmissão de dados de forma rápida.


Não foi um ato deliberado de terrorismo, mas teve efeitos catastróficos, como bloquear a emissão de BOs (boletins de ocorrência) e de CNH (Carteira Nacional de Habilitação). É inconcebível que, diante de tal problema, a Telefônica tenha ‘desinformado’ que faria novo comunicado quando dispusesse de informações.


Tal atitude é tudo, menos estranha, porque a Telefônica jamais demonstrou respeito pelo consumidor brasileiro. Trata esse mercado como se fosse formado por cidadãos de segunda classe.


Esse ‘apagão de internet’ ocorre, no dia-a-dia, com muitos clientes. Mas, só agora, quando atingiu proporções colossais, desnudou-se a verdadeira face da Telefônica no Brasil.


Que fique, para os órgãos públicos, a lição: o que é essencial não pode ficar à mercê de um só provedor. No mínimo, de mais um para emergências.


Consumidores particulares e empresas devem:


1. Cobrar da prestadora o desconto das horas em que ficaram sem serviço;


2. Munidos de documentos, recibos, notícias e o que puderem apresentar, avaliar se cabe processo por perdas e danos;


3. Se as perdas não ultrapassarem os 40 salários mínimos, podem recorrer ao Tribunal de Pequenas Causas;


4. Para valores acima desse teto, as ações irão para a Justiça comum;


5. Usuários pessoa física podem e devem levar suas reclamações às entidades de defesa do consumidor;


6. Dependendo da insatisfação e dos danos provocados por essa pane, também é possível solicitar, juridicamente, o cancelamento do contrato pelo descumprimento de seu principal objetivo, o fornecimento de um serviço em contrapartida ao pagamento mensal;


7. Cobrar da Anatel garantia mínima do serviço prestado, instaurando procedimento fiscalizatório.


Espero que os órgãos públicos que sofreram interrupção parcial ou total de alguns dos seus serviços mais importantes não deixem tudo por isso mesmo.


MARIA INÊS DOLCI é coordenadora institucional da Pro Teste.’


 


 


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No Orkut, usuários contam transtornos e prejuízos com pane


‘Na maior comunidade em português que usa o nome da Telefônica para se identificar no Orkut (Eu odeio a Telefônica, com cerca de 16 mil membros), usuários colocam depoimentos sobre o problema na internet. Um deles criou pesquisa (digg.com/tech_news/Pesquisa_de_opiniao_Pane Telefonica_SP_Brasil) para coletar relatos; há vários usuários residenciais reclamando de dificuldades de acesso.’


 


 


PAULO COELHO
Nelson Motta


A vida do mago é sua grande obra


‘BARCELONA – Conheço Paulo Coelho há 37 anos, desde que começou a fazer músicas com Raul Seixas. Suas primeiras letras eram ótimas, como ‘Al Capone’, em que advertia no final, ironicamente: ‘Eu sou astrólogo/ Vocês precisam acreditar em mim/ Eu sou astrólogo/ E conheço história do princípio ao fim’.


Apesar das boas letras de espírito roqueiro, Paulo era um hippie tresloucado, metido a sabido, pretensioso e arrogante, que despertava imediata antipatia. Fumava, cheirava e bebia todas, vivia envolvido com sociedades esotéricas, teorias conspiratórias e seitas satânicas. E, incrivelmente, sempre acompanhado de belas mulheres.


O tempo passou, ele casou e mudou, virou escritor. A partir do ‘Diário de um Mago’, que achei uma narrativa muito interessante, de escrita meio pobrinha, nos tornamos bons amigos. Paulo era um cara muito inteligente, divertido, doce e afetuoso, que me parecia muito sincero no que dizia e fazia. De lá para cá acompanhei de perto a sua fabulosa trajetória de vida que, como ficção, seria totalmente inverossímil. Mas é tudo verdade.


Nas mãos de um mago das biografias como Fernando Morais, a vida vivida, sofrida, lutada e vencida por Paulo Coelho supera as suas ficções e fantasias, que conquistaram 100 milhões de leitores no mundo inteiro. No Brasil, nenhum artista popular foi tão maltratado e desrespeitado na imprensa como ele. E invejado: nenhum outro patrício do ramo conquistou tanta popularidade e prestígio na França, na Itália e no Japão, só para citar os mais ilustrados. A vida do mago é a sua grande obra. Êpa! Parece frase de Paulo Coelho, mas é só a verdade.


Como os melhores livros, com seus dramas e comédias, farsas e tragédias, ‘O Mago’ diverte, emociona e ensina do início ao fim.’


 


 


FAMÍLIA FOLHA
Folha de S. Paulo


Em missa, bispo destaca vínculo entre d. Dagmar e Octavio Frias


‘O bispo da Diocese de Santo Amaro, d. Fernando Figueiredo, destacou ontem, durante a celebração da missa de sétimo dia pela morte de Dagmar Frias de Oliveira, a cumplicidade e o amor que a uniu por mais de 50 anos ao marido, o empresário e publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, morto em abril do ano passado.


‘D. Dagmar foi uma mulher forte e decidida. Saudades, sim, mas, ao mesmo tempo, a certeza do feliz reencontro dela com Octavio, numa comunhão eterna com Deus’, disse d. Fernando durante a homilia, quando também destacou a fé católica de d. Dagmar.


Ela morreu na sexta-feira, aos 83 anos, após complicações decorrentes de um quadro de insuficiência cardíaca e renal.


A cerimônia reuniu cerca de 200 pessoas -entre familiares, amigos, empresários, jornalistas e políticos- na Paróquia Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Sumaré, zona oeste de São Paulo.


A missa teve a participação de 13 músicos integrantes do coro da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), que interpretaram trechos dos réquiens de Gabriel Fauré (1845-1924) e de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).


Ao final, a forte união do casal também foi destacada por autoridades presentes.


‘O que ela mais queria era juntar-se ao marido. Posso dizer que nunca conheci um casal em que um fosse tão próximo do outro’, disse o governador de São Paulo, José Serra.


‘Ela foi um exemplo de mulher dedicada à família, solidária e companheira do ‘seu’ Frias’, afirmou o prefeito paulistano, Gilberto Kassab.


Para Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, d. Dagmar se destacava pela ‘serenidade e afeição pelo marido’.


O jornalista Boris Casoy, que dirigiu a Redação da Folha entre os anos 1977 e 1984, afirmou que ela e o publisher do jornal sempre foram ‘um eterno casal de namorados’.


Entre os que acompanharam a cerimônia estavam os ex-governadores Laudo Natel, Paulo Maluf (hoje deputado) e Cláudio Lembo, além de Abram Szajman, presidente da Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Paulo Renato, deputado pelo PSDB, Luiz Antonio Marrey, secretário estadual da Justiça de SP, e Rodrigo Pinho, ex-procurador-geral de Justiça de SP.


Estavam ainda na missa, entre outros, o publicitário Luiz Salles, Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getulio Vargas, o empresário Massimo Ferrari, o vice-presidente do Bradesco Luiz Carlos Trabuco Cappi, o médico Raul Cutait e a ex-primeira-dama do governo paulista Ika Fleury.


Além dos filhos Maria Helena, Otavio, Maria Cristina e Luís, d. Dagmar deixa nove netos e três bisnetos.’


 


 


PROPAGANDA
Catia Seabra, Alencar Izidoro e Evandro Spinelli


Kassab ‘infla’ sua gestão em revista oficial


‘A Prefeitura de São Paulo acaba de lançar, a três meses das eleições municipais, a publicação ‘Olhar São Paulo – Planejamento e Ação’, uma prestação de contas da administração Serra/Kassab. Com cem páginas coloridas, a edição tem, segundo a própria introdução, o objetivo de ‘apresentar as principais ações e programas que traduzem a maneira de atuar dessa administração’. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) é candidato à reeleição.


Acompanhado por fotos e dividido em capítulos como Infra-estrutura e Educação, o texto traz críticas a administrações passadas e descreve a atual como ‘calcada na racionalização dos recursos e na busca da melhoria contínua da qualidade de vida dos cidadãos’.


A publicação, saída das gráficas em junho, exalta medidas que estão longe de ser um sucesso, como a distribuição de palmtops para agentes do trânsito e o sistema de semáforos inteligentes, ou que nem saíram do papel, como a criação de novas creches graças às PPPs (Parcerias Público-Privadas).


O texto também descreve a reforma da biblioteca Mário de Andrade, sem informar que o prédio ainda está fechado.


Segundo a Secretaria de Planejamento, responsável pela edição, são mil exemplares a um custo unitário de R$ 22,77.


Segundo o secretário Manuelito Pereira Magalhães, foram distribuídos a escolas e bibliotecas, além de destinados a parlamentares. ‘Esse é um material técnico’, afirmou.


No prefácio que assina, Manuelito afirma que o atual governo tem como ‘prioridade a eliminação de vícios na administração pública’. E conclui que ‘planejar São Paulo’ depende do esforço de ‘uma sucessão de administrações realmente comprometidas com o futuro da cidade’.


A publicação reserva críticas aos antecessores. Afirma, por exemplo, que a saúde ‘estava numa situação precária’.


O texto diz que a comunicação dos marronzinhos ‘foi modernizada, graças à aquisição de 950 palmtops’. Anunciados como uma revolução, os aparelhos foram alvo críticas de que atrasavam a transmissão de informações. Eles não chegaram a ser usados, como se previa, para fazer autuações -mas só como um sistema de rádio, semelhante ao celular.


Após questionamentos por conta de sucessivas contratações emergenciais, a CET cancelou a admissão a partir do final de 2007. Os equipamentos continuaram a ser usados pelos fiscais, informalmente, sem contrato e sem reposição.


A crise levou a prefeitura a contratar celulares há três meses para substituir os palmtops.


A recuperação dos semáforos inteligentes foi outra bandeira que teve pouco resultado. Em abril, mais de três anos depois do início da gestão Serra/Kassab, menos de 20% da rede estava operando com sua função principal: abrir e fechar dependendo do fluxo.


Já a implantação dos chips em toda a frota paulistana, num projeto em parceria com a gestão Lula, foi marcada pelo atraso. Anunciada por Kassab para começar já em 2007, ela tem hoje a expectativa de começar a sair do papel só em 2009.’


 


 


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Não se trata de propaganda, diz secretário


‘O secretário municipal de Planejamento, Manuelito Magalhães, afirma que ‘não há conotação política’ no material. Segundo ele, é obrigação da prefeitura prestar contas do planejamento desenhado para a cidade.


‘A tiragem é baixíssima. Não é propaganda política’, disse o secretário.


Ainda que reconhecendo que só nessa edição há uma prestação de contas, Manuelito lembrou que já foram editadas outras publicações, com diagnósticos da cidade (como mapas sobre diversidade e cultura).


Sobre o fracasso da contratação dos Palmtops, a secretaria afirmou que ‘estão em uso’. Quanto à lentidão na implantação dos semáforos inteligentes, a secretaria afirma ter explicitado, num parágrafo seguinte, que o ‘o programa é de longo prazo’.


Sobre a biblioteca Mário de Andrade, diz, ‘que está fechada para a primeira grande reforma de sua história com ampliação e reformas estruturais para melhor exercer sua finalidade’.


Quanto ao fato de anunciar a conclusão do Expresso Tiradentes para o fim do ano, a secretaria afirma: ‘o texto diz que deve ser concluído em 2008. Não há garantias, tampouco, de que os projetos não sejam cumpridos’.


Sobre os atrasos da PPP das creches, diz que o processo segue os prazos da lei.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Gracias and good night’


‘Não foi a coincidência com John McCain que incomodou a ‘Economist’ na operação de resgate, mas a coincidência com ações de Álvaro Uribe pelo terceiro mandato.


Daí seu editorial ‘Obrigado e boa noite’. Avalia, em suma, que ‘um terceiro mandato seria desastroso para a Colômbia’. E na reportagem a revista sublinha que ele vai encontrar resistência. Não é o único com ‘ambições políticas’, citando seu ministro da defesa e até Ingrid Betancourt, ‘que em liberdade foi rápida em dizer que ainda aspira a ser presidente’.


Ela seguia ontem onipresente na cobertura colombiana e global, propondo que Hugo Chávez e Rafael Correa restabeleçam laços com Uribe etc.


QUEM GOVERNA?


O G8 se reúne no Japão a partir de segunda e ‘Economist’ e ‘Financial Times’ já estão em campo para cobrar mudanças. A revista dá capa para a Babel em que G8, FMI, OMC e outras se transformaram. Elas não respondem mais às necessidades globais. No editorial, cobra um G12 (G8 mais Índia, Brasil, China e Espanha) e algo parecido para o Conselho de Segurança. Já a reportagem da própria revista ironiza sobre o que seria melhor, G12, G13 ‘ou um G15 ou G16?’.


O ‘FT’, além de reportagem, publica artigo provocativo que propõe ‘jogar fora o G8’ e ‘investir de novos poderes o G20’, criado por inspiração do Brasil e que reúne os emergentes. Afinal, ele tem ‘membros de todos os continentes, representa dois terços da população mundial e responde por 90% da atividade econômica’.


METAS EMERGENTES


Lula, às vésperas de se reunir com o G8 sobre aquecimento, aceitou no ‘Yomiuri Shimbun’ e no ‘FT’ que os emergentes também tenham ‘metas para reduzir emissões’. Mas a Agência Espacial Européia segue com a pressão, postando como ‘imagem da semana’ a agricultura na Amazônia


POR COMIDA


Ecoou por BBC e ‘FT’, agências como AP e Efe e sobretudo sites da Argentina em crise, como Perfil e Infobae, a ampliação do crédito agrícola no Brasil. Sob enunciados com frases de Lula, como ‘Venha e compre o que o Brasil tem’ e ‘O celeiro do mundo’, a cobertura tratou o pacote como estratégia para ‘conter a inflação’, mas também tirar proveito do aumento global nos alimentos.


Na mesma direção, o destaque ontem nas buscas de Brasil do Yahoo News era a meta anunciada pelo governo de triplicar as exportações brasileiras à China.


PC & PT


O ‘Diário do Povo’, do PC chinês, segue seu enviado pelo país, ele que destaca o Brasil como ‘estratégico’ para a China e descreve seu partido como ‘pronto para estreitar relações com o PT’


GLOBO & JOBIM


O site Globo Online notou e avisou que o ministro Nelson Jobim, do PMDB, ‘defende obra de Marcelo Crivella no morro da Providência’.


ANO ELEITORAL


A Folha Online postou que começa em agosto o ‘rodízio de caminhões’ em São Paulo. Mas não, ‘neste ano não será ampliado o de carros’.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Procurador pede fim de jogatina na Record


‘O procurador da República Márcio Schusterschitz da Silva Araújo recomendou anteontem à Record a ‘imediata cessação’ do Super Leilão, nova prática de telessorteio pelo prefixo 0900. Se não cumprir a recomendação, a Record sofrerá ação na Justiça Federal.


Para o procurador, o Super Leilão explora o jogo de azar, o que é proibido no Brasil, desrespeita o consumidor (por não ser transparente, por invadir a intimidade e por induzir ao gasto impulsivo) e distorce os serviços de televisão e telefonia.


No ar desde o ano passado, o Super Leilão promete prêmios como carros a quem ligar para um telefone e oferecer ‘o menor lance único’. A ligação custa R$ 4,00, mais impostos.


‘Isso não é venda de produto por meio de leilão, porque quem participa não tem controle sobre o lance. Sabe apenas que está gastando. É palpite no escuro’, afirma Araújo.


Além da Record, Rede TV!, SBT e Band, exploram telessorteios via 0900 ou SMS.


As emissoras argumentam que estão amparadas em um recente acordo entre TVs, telefônicas e Ministério Público que estabeleceu regras para o ‘serviço’. O procurador Araújo, no entanto, entende que o acordo não pode viabilizar uma prática ilegal (o jogo de azar).


A Record afirmou que é apenas divulgadora do Super Leilão, mas se recusou a informar os telefones de seus supostos clientes (ArtShop e Total Spin).


CORRERIA 1


A menos de um mês do início das gravações, a próxima novela das seis, ‘Negócio da China’, ainda não tem protagonista. Angélica recusou convite para o papel sob o argumento de que tem filhos pequenos.


CORRERIA 2


A direção da novela agora corre contra o tempo. ‘Estamos à cata de uma protagonista. Uma hora a intérprete vai atrás da personagem’, afirma o confiante Miguel Falabella, autor da história.


REFORÇO


A CNT inaugura no próximo dia 14 um novo transmissor para a Grande São Paulo. A emissora promete, finalmente, um sinal de qualidade para o canal 26. No mesmo dia, passará a ter Salete Lemos como âncora de telejornal gravado em SP.


BASE ALIADA


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, concedeu ontem quatro canais para a Record retransmitir seu sinal no interior de São Paulo.


DEU CERTO 1


O ‘Mais Você’, de Ana Maria Braga, está virando um programa de reality shows. Depois de seleções de namorados e provas entre estudantes, terá uma disputa envolvendo bebês.


DEU CERTO 2


No novo quadro, ‘Guerra dos Bebês’, haverá ‘corrida’ de engatinhadores e tarefas em que pais terão de trocar fraldas.


PERIGO


Setores da Globo avaliam que ‘Chamas da Vida’, nova novela da Record, dará mais ibope e mais trabalho à emissora. Seus protagonistas são bombeiros.’


 


 


Laura Mattos


Showzinho do milhão


‘Só os pequenos gostam do ‘Hi-5’, programa com cinco jovens que dançam e cantam músicas educativas, no Discovery Kids. Mas o show baseado na série de TV, que estréia amanhã em São Paulo, receberá pais, avós e até tios babões. Todos lá, por um ingresso nada barato, só para ver a carinha da criança diante do espetáculo.


Está aí um dos segredos do mercado de grandes produções teatrais ligadas a personagens televisivos. O negócio, relativamente novo, estourou com o dinossauro roxo Barney no início da década e não pára de crescer.


O ‘boom’ ficará evidente neste mês e no próximo, quando São Paulo receberá quatro shows vinculados à TV. Além do ‘Hi-5’, outro sucesso do Discovery Kids que chega aos palcos é ‘Backyardigans’, desenho com bichinhos que cantam, dançam e brincam. Já o Disney Channel alavancou a produção de dois espetáculos no gelo que passam pela capital paulista e outras, ‘Princesas on Ice’ e ‘High School Musical -°The Ice Tour’. Também devem ser anunciados no segundo semestre um show com personagens do Cartoon, líder na TV paga, e ‘Lazy Town 2’, seqüência de outro inspirado em série sueca do Discovery Kids.


‘O interessante desses shows é que são familiares. A um espetáculo de música, vai só o filho, os pais não gostam do mesmo artista’, analisa Alexandre Faria, diretor da área de shows no Brasil da Time 4 Fun, multinacional de produção de espetáculos, que trará ao país ‘Backyardigans’ e ‘Princesas on Ice’.


‘Descobriu-se que personagens da TV, principalmente os voltados à idade pré-escolar, são ótimo nicho para o teatro. Os pais assistem aos programas com as crianças, querem ver o filho feliz no teatro e não economizam para isso’, diz Adolfo Scheines, presidente da Aines, da Argentina, que fará show do ‘Hi-5’ para toda a América Latina e já produziu Barney, Moranguinho e Lazy Town.


O negócio se tornou vultoso com o crescimento da TV paga e principalmente da audiência dos canais infantis, que ficam à frente até dos de filmes.


Para os pais, contudo, o mais interessante talvez seja mesmo assistir à reação dos filhos. Algumas produções usam truques que só os pequenos perdoam. Os problemas se dão principalmente com shows de séries em que os protagonistas não são bonecos, mas atores.


É o caso do ‘Hi-5’, cuja produção custou US$ 350 mil. O programa exibido no Brasil é com jovens norte-americanos, mas nos palcos teremos atores brasileiros ‘parecidos com os originais’. E as vozes não serão as de quem está no palco, mas dos dubladores da TV. Sobre a manobra, Scheines diz que ‘quando a criança olha para o palco, fica desconfiada, mas, quando o grupo começa a dançar e cantar com a mesma voz da TV, acaba achando que são eles mesmo’.


No ‘High School Musical -°The Ice Tour’, já visto por quatro milhões de pessoas em 12 países, os atores nem brasileiros são e devem ter dificuldade para dublar os diálogos em português -as canções são em inglês. ‘Não é importante que os atores sejam os mesmos, mas que tragam a mesma energia dos originais’, disfarça Nicole Feld, da multinacional Feld Entertainment, produtora dos dois espetáculos no gelo.’


 


 


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Diretor de musicais critica ‘espetaculozinhos oportunistas’


‘O teatro infantil não é dividido em megaproduções com personagens de TV e pequenas peças ligadas a clássicos de literatura. Boa fatia é abocanhada por grandes musicais. Amanhã, estréia do show ‘Hi-5’, entra em cartaz ‘Mágico de Oz’.


É o mesmo lançado em 2003 e visto por 1,5 milhão. Billy Bond, diretor deste musical e de outros bem-sucedidos (‘Les Misérables’, ‘A Bela e a Fera’), não quer se misturar a ‘espetaculozinhos oportunistas baseados em sucessos da TV’. ‘Não é um bonequinho da moda, é um clássico que passa mensagem e não só proporciona ao público um momentozinho’, dispara.


A psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão diz que, se os pais tiverem de optar entre um show da TV ou um clássico, o segundo é melhor. ‘Mas shows ligados à TV também podem ser bons porque a criança sabe o enredo e se liga na apresentação. O importante é criar o hábito de ir ao teatro.’’


 


 


Audrey Furlaneto


Programa analisa hábitos antiecológicos


‘Crianças fazem barulho comendo salgadinho: colesterol. Grandes mochilas para uma viagem de dois dias: poluição, já que o carro ficará pesado e gastará mais combustível. Sacolas e mais sacolas de plástico para embalar o xampu e o protetor solar que vão na mala: mais poluição. A família Silva Martins vai à praia.


A viagem é o mote da estréia do programa ‘Um Mundo pra Chamar de Seu’, que vai ao ar hoje no GNT. Os apresentadores Rosana Jatobá e Daniel Dottori acompanham a família de São Paulo rumo a Ubatuba, para expor os equívocos ecológicos que o casal e suas três filhas podem cometer no trajeto.


Começam dissecando as mochilas da família e descobrem excesso de coisas. Já em Ubatuba, visitam uma unidade do projeto Tamar e conhecem uma família ‘sustentável’, que planta cana-de-açúcar no quintal, recicla lixo e transforma os restos de alimentos em adubo.


A idéia de ‘Um Mundo pra Chamar de Seu’ é partir sempre de um caso para, então, encontrar hábitos (e vícios) que têm impacto no planeta. Ou, como diz Jatobá, ‘recuperar não só a natureza, mas também o homem’. O homem, aliás, na figura do pai da família Silva Martins, esqueceu todos os eletroeletrônicos ligados em casa enquanto ia à praia para participar do tal programa de TV.


UM MUNDO PRA CHAMAR DE SEU


Quando: estréia hoje, às 21h30


Onde: no GNT; classificação indicativa não informada’


 


 


CINEMA
Marcelo Starobinas


Longa narra saga ditada em piscadelas


‘Adaptar um ótimo livro para as telas é um desafio que poucos enfrentam com sucesso. Imagine então se este livro for a autobiografia de um sujeito paralisado dos pés à cabeça, que não fala e que ditou o livro letra por letra utilizando o único órgão sobre o qual ainda exercia controle: o olho esquerdo.


A autobiografia em questão, ‘O Escafandro e a Borboleta’ (ed. Martins Fontes), é o relato da vida de Jean-Dominique Bauby (1952-97), bon-vivant e editor da revista ‘Elle’ francesa. Em 1995, aos 43 anos, ele sofreu um derrame que o deixou paralisado, mas consciente.


Era uma questão de tempo para que a obra, resultado de mais de 200 mil piscadelas de Bauby a uma ghost-writer, chegasse ao cinema (o filme estréia hoje em São Paulo). A adaptação do roteiro, porém, não era uma tarefa simples. O protagonista não fala nem se move. Leva minutos para comunicar uma única frase. Como dramatizar suas ações e emoções?


A tarefa ficou com o veterano roteirista Ronald Harwood, Oscar de roteiro adaptado com ‘O Pianista’ (2002). Harwood viajou a Paris e se encontrou com a mulher de Bauby. Depois, foi ao hospital em Berck-sur-Mer, no litoral da Normandia, onde Bauby ficou em reabilitação. Conversou com enfermeiras e fisioterapeutas.


‘Voltei a Paris e tinha decidido telefonar à produtora anunciando que desistiria do projeto’, disse Harwood em bate-papo com o público após uma pré-estréia em Londres. ‘Mas poucas coisas ajudam mais a concentrar a mente de um escritor do que a perspectiva de devolver o dinheiro.’


Harwood resolveu fazer o filme a partir do ponto de vista do protagonista. Com isso, transferiu ao espectador a claustrofobia de estar na pele de alguém imobilizado, compreendendo pela primeira vez no olhar piedoso das enfermeiras a gravidade de sua terrível condição.


O roteiro ficou pronto em 2003, e Harwood não se envolveu na filmagem. Suas palavras ganharam forma nas mãos do americano Julian Schnabel, que levou o prêmio de melhor diretor do Festival de Cannes-2007, além do Globo de Ouro-2008 na mesma categoria com o filme. Foi indicado ainda a quatro Oscars.


Indagado sobre como foi colaborar com o diretor, Harwood diz não ter havido colaboração. ‘Schnabel tem um ego muito grande. É estranho, nunca vi algo nessas dimensões.’


Os dois se encontraram uma vez e trocaram e-mails. ‘Ele nunca mais me consultou depois. Acho que é porque ele faz boa parte do trabalho nas filmagens e na edição. Não é meu jeito preferido de trabalhar.’


O papel foi inicialmente oferecido a Johnny Depp, que mostrou entusiasmo e pediu que seu amigo Schnabel dirigisse o filme. Depp acabou deixando o projeto e foi bem substituído pelo francês Mathieu Amalric, que venceu o prêmio César de melhor ator em 2008.’


 


 


ARTE
Audrey Furlaneto


‘Por equívoco’, prefeitura apaga painel de artistas


‘Até agosto, o trabalho deles poderá ser visto no Tate Modern, um dos mais importantes museus do mundo, em Londres. Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, que formam a dupla osgemeos, e Francisco Rodrigues, o Nunca, usaram lá o mesmo estilo de grafite dos painéis a céu aberto de São Paulo -que já não podem ser tão vistos pela cidade.


O trio descobriu que um de seus murais mais importantes na capital -de 680 metros, feito com mais três artistas plásticos (Nina Pandolfo, mulher de Otávio, Vitché e Herbert Baglione), na alça de acesso da 23 de Maio ao elevado Costa e Silva, na Bela Vista- foi coberto ontem com tinta cinza.


Por meio de sua assessoria de imprensa, a prefeitura admitiu o ‘equívoco’, cometido pela empresa contratada para apagar pichações de áreas públicas. A limpeza seria feita na região do painel e a equipe acabou estendendo o trabalho até o mural dos artistas, disse a assessoria. Em contato com a prefeitura, ‘notou o erro’ e interrompeu a pintura, deixando intacto o trabalho no sentido Oeste-Leste da via.


‘É desrespeito. A gente pinta castelo na Escócia, a Prefeitura de Nova York nos chama para fazer um painel lá. Somos respeitados e conhecidos no mundo todo. Aqui, em nossa casa, não’, diz Otávio. A prefeitura pede que, agora, os artistas entrem em contato para informar outros espaços que tenham grafites autorizados.


O painel foi concluído em 2002, após três meses de trabalho -com autorização da então prefeita Marta Suplicy, por meio do então coordenador da juventude, Alexandre Youssef.


‘Houve total apoio da prefeitura. Havia, inclusive, a logomarca do município no painel, apagada pela gestão seguinte. É uma lástima’, afirma Youssef.


Retaliação


Osgemeos dizem que muitas de suas obras já sumiram da paisagem urbana. ‘Três grandes murais foram apagados. Dos menores, nem sei dizer’, conta Otávio. Já o artista Nunca afirma ter de cem a 150 trabalhos cobertos com tinta.


‘Estou indignado e aviso que terá retaliação. Não apagaram um mural, apagaram parte da história da arte paulista. A prefeitura precisa se desculpar publicamente’, diz Nunca.


Nina Pandolfo completa: ‘Até que ponto a arte é uma sujeira para ser combatida com uma Lei Cidade Limpa? Arte suja a cidade?’. Para ela, ‘São Paulo já não tem horizonte, só prédios. E eles são em tom de cinza, amarelo ou branco. Quando a gente coloca cor na parede, abre um horizonte’.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de julho de 2008


 


INTERNET
Marianna Aragão


Pane na Telefônica afeta 407 cidades


‘Uma pane técnica nos equipamentos da Telefônica, que começou às 22 horas de quarta-feira e ainda não tem causa definida, deixou ontem milhares de pessoas sem acesso à internet em 407 municípios de São Paulo e paralisou 50% dos serviços públicos municipais e estaduais na capital. O problema em uma das redes de transmissão de dados da companhia – que atende grandes empresas privadas e órgãos públicos federais, estaduais e municipais – fez os serviços das delegacias, do Detran e do Poupatempo, entre outros, ficarem limitados durante todo o dia. Empresas privadas e bancos ficaram sem sistema.


A companhia tem 2,2 milhões de assinantes do serviço de internet Speedy – um em cada quatro pontos de internet rápida existentes no País, estimados em 8 milhões. Segundo a Telefônica, porém, a pane atingiu apenas os clientes empresariais do serviço. Na verdade, o efeito foi sentido, sim, pelos usuários residenciais. Quem teve problemas provavelmente estava conectado a provedores que se utilizam da rede da companhia. Às 20h30, a Telefônica informou que havia normalizado 80% do serviço de transmissão, resolvendo o problema na capital, Grande São Paulo, Vale do Paraíba e litoral. Usuários, no entanto, ainda reclamavam de instabilidade na rede.


A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que está apurando os motivos da pane e não definiu ainda quais punições a empresa poderá sofrer pelo transtorno causado aos usuários. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a Telefônica deverá, por lei, abater da mensalidade dos assinantes os dias em que o serviço ficou indisponível. Além disso, poderá ter de ressarcir eventuais danos morais ou materiais dos clientes.


A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) deu 24 horas para a companhia explicar o que ocorreu. A empresa, segundo o órgão, poderá ser multada, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em até R$ 3.192.300. Entre os serviços públicos, a Prodesp adiantou que aplicará as multas e penalidades previstas em seu contrato.


A Telefônica colocou mais de cem técnicos à procura do problema, que analisaram mais de 400 elementos. ‘Só quando descobrirmos o foco é que poderemos dar uma previsão de retorno’, disse o presidente da Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valenti, às 20 horas. Mesmo com a posterior normalização, a companhia não soube informar a causa da pane.’


 


 


O Estado de S. Paulo


Nas delegacias de São Paulo, BOs preenchidos à mão por causa da pane


‘A falta de internet provocou caos na maioria dos serviços públicos, secretarias estaduais e municipais, empresas e bancos cujas redes são dependentes da Telefônica, prejudicando pessoas que foram registrar boletins de ocorrência, procurar serviços de emissão de RG e carteira de motorista, entre outros. Todos os distritos policiais do Estado ficaram sem acesso à rede.


Os sistemas da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), dos quais dependem delegacias, circunscrições regionais de trânsito (Ciretrans) e postos do Poupatempo, tiveram 50% de sua capacidade derrubada. Já a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo (Prodam) informou que, até as 17h30, entre 40% e 70% de suas unidades ficaram sem comunicação, incluindo as Secretarias de Educação, de Finanças, Saúde, Esporte e 10% das subprefeituras. Pela internet, não foi possível acessar o Portal Municipal ou o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC).


A Prodesp informou que entrou em contato com a Telefônica para que o problema fosse solucionado e pediu uma posição da empresa, que não havia sido recebida. Segundo a autarquia estadual, o contrato entre o governo e a Telefônica ‘estabelece níveis mínimos de atendimento’ que, para a Prodesp, não estão sendo cumpridos. ‘Por isso, com o intuito de preservar os interesses do governo do Estado e dos cidadãos, a empresa vai adotar as penalidades, que incluem multas.’


O Tribunal de Justiça do Estado e o Tribunal Regional Federal (3ª Região) aceitaram ontem o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de São Paulo, de devolução dos prazos processuais. Dessa forma, se o período para a entrega de documentos emitidos pela internet vencesse ontem, por exemplo, seria ‘congelado’ e passaria a contar a partir do momento que a situação voltasse ao normal.


Para fazer o pedido, a OAB justificou que diversos atos processuais são digitais, praticados e comunicados pela internet e a devolução dos prazos evitaria prejuízos. Na avaliação do órgão, a falha técnica na internet é um ‘evento imprevisto, alheio à vontade das partes, o que caracteriza motivo para que a Justiça permita o retorno do processo ao momento em que a parte poderia sofrer um prejuízo’.


A grande preocupação da Polícia Civil ficou por conta da impossibilidade de acessar o Registro Digital de Ocorrências (RDO) e o banco de dados sobre informações criminais no Estado, o Infocrim. Na prática, a Polícia Civil não conseguia lançar novos registros de roubo ou furto de carros, impedindo que a Polícia Militar checasse essas ocorrências e eventualmente barrassem em uma blitz ou abordagem um crime desses. ‘O distrito pára de ter interligação com as outras delegacias e esses crimes não vão constar no sistema’, explicou a delegada Denise Prado, plantonista do 3º Distrito Policial, na Rua Aurora. ‘Vai dificultar muito nosso trabalho, enquanto estiver fora do ar’, prosseguiu, já prevendo que haveria uma sobrecarga no sistema assim que a Telefônica solucionasse a pane, pois os registros policiais acumulados seriam lançados no sistema ao mesmo tempo.


Como sem o sistema não conseguiam sequer acessar um editor de texto, a delegacia optou por preencher à mão os boletins de ocorrência e assim não segurar vítimas e testemunhas. Segundo a delegada Denise, houve uma sensível diminuição no número de ocorrências ontem. ‘Acredito que as pessoas ficaram sabendo da pane e não procuraram a polícia’, disse. Ontem, das 8 horas até as 18 horas, o 3º DP tinha realizado dois flagrantes, registrado dois boletins de ocorrência e um termo circunstanciado.


O Procon também foi afetado pela pane no sistema de dados da Telefônica. Segundo a Assessoria de Imprensa, como é de costume quando acaba a energia ou o sistema interno cai, nesta quinta-feira, as reclamações foram registradas todas à mão, pelo formulário chamado Escreva Procon.


ROTINA ALTERADA


Mesmo quem não tem computador ou acesso à internet foi prejudicado. E os usuários do Bilhete Único tiveram as maiores dificuldades. A doméstica Alessandra Lemos, de 29 anos, saiu de casa, no Jaraguá, às 6 horas. Às 8 horas, não conseguiu carregá-lo na Estação Barra Funda. O mesmo ocorreu às 17 horas, quando pensava em voltar para casa. ‘Minha patroa me dá dinheiro para pagar o transporte de integração. Se não conseguir carregar, vou ter de pagar a passagem inteira.’


ANA PAULA LACERDA, BÁRBARA SOUZA, DANIEL GONZALES, GIULIANDER CARPES, MARIANNA ARAGÃO, RODRIGO BRANCATELLI, RODRIGO PEREIRA e VITOR HUGO BRANDALISE’


 


 


Eduardo Nunomura


Empresas ficam à deriva e acumulam prejuízos


‘A professora de espanhol Silvia Manuela Franco estava prestes a fechar um pacote de férias para a família, mas ontem perdeu a viagem ao ir à loja da CVC no Shopping Eldorado. A empresa foi mais uma vítima do apagão tecnológico, que deixou o seu sistema de reservas inativo. Vendedores tentavam consolar os clientes, dizendo que eles também foram prejudicados por não poder reservar vôos e hotéis. Os sites da TAM e da Gol funcionaram normalmente e as duas principais companhias aéreas não avaliaram ainda se tiveram prejuízos. A pane provocou filas no check-in da Gol no Aeroporto de Congonhas ontem à tarde. A empresa informou que o sistema voltou a funcionar às 19 horas.


Já Silvia está há dois dias sem trabalhar em casa, onde tem dois computadores conectados à Speedy, da Telefônica. Entre outras coisas, não pôde enviar as notas do semestre aos alunos. ‘E não posso ligar para eles, porque só tenho os e-mails’, lamentou.


Outra vítima foi a Anson Engenharia, Participações e Empreendimentos. A empresa de fundações mudou-se para Itapevi há alguns anos porque confiava na tecnologia que encurta distâncias. Projetos e propostas iam e voltavam eletronicamente. ‘É difícil quantificar o prejuízo, mas seguramente podemos estar perdendo bons negócios’, afirmou o dono da empresa, José Luiz Saes.


A corretora Banif Investimentos, que opera pela internet, não detectou oscilações anormais na compra e venda de ações. Grandes empresas têm servidores próprios de internet e funcionaram normalmente. A Associação Comercial e o Centro das Indústrias de São Paulo não estimaram prejuízos.’


 


 


Marianna Aragão


Multa à Telefônica pode ser de R$ 3 mi


‘Quem se sentiu prejudicado com a pane nos serviços de internet da Telefônica, que começou na tarde de quarta-feira, poderá pedir ressarcimento pelos danos morais ou materiais. Além disso, a empresa terá de descontar na conta dos consumidores os valores referentes ao período sem o serviço. A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) informou que a companhia foi notificada sobre a pane e tem 24 horas para dar detalhes sobre o que causou o problema no sistema de dados.


De acordo com o diretor de fiscalização do Procon, Paulo Arthur Góes, a empresa poderá ser multada, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em até R$ 3.192.300. Com 4.405 reclamações, a Telefônica, responsável pelo Speedy, liderou o ranking de queixas registradas na Fundação no ano passado, num universo de 22.831 reclamações.


Segundo a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Daniela Trettel, a União determina que cada dia sem serviço seja abatido proporcionalmente do valor mensal. Caso a empresa não faça o ressarcimento automático, o usuário deve enviar uma carta à empresa com o pedido ou procurar a Justiça. Outros prejuízos, como o do consumidor que perdeu prazo de entrega de trabalhos ou não conseguiu pagar contas ou fechar negócios, podem ser questionados. ‘Nesse caso, para o consumidor pessoa física, em caso de discussão judicial, pode-se solicitar a inversão do ônus da prova – o que significa que não será o consumidor que terá de provar que sofreu um dano, mas sim a Telefônica terá de provar que o dano não foi causado.’


Os consumidores que tiveram algum prejuízo com a interrupção do serviço de internet poderão entrar com uma ação de indenização por danos materiais ou morais na Justiça. ‘Muita gente pode ter sido prejudicada: desde quem não conseguiu obter um documento importante de um órgão público até o autônomo que não pôde trabalhar em casa’, diz Daniela. A recomendação, nesse caso, é tentar negociar com a empresa. Caso não haja um acordo, o usuário deverá procurar órgãos de defesa do consumidor e o Judiciário.


Se as perdas são inferiores a R$ 20 mil, o caso pode ser resolvido nos Tribunais Especiais Cíveis (antigos Tribunais de Pequenas Causas), sem a necessidade de se contratar advogado. Nos casos acima desse valor, até R$ 40 mil, é necessário contratar um profissional.


AÇÕES PREVENTIVAS


O problema da Telefônica, segundo a advogada do Idec, revela a vulnerabilidade dos usuários de telecomunicações. ‘Mostra como é difícil ficar na mão de poucos prestadores e como esse serviço é importante’, diz Daniela.


Para Jeferson D?Addario, diretor da Daryus, consultoria especializada em segurança da informação, há necessidade de as companhias exigirem de seus fornecedores planos de continuidade de negócios e recuperação de desastres causados por falhas tecnológicas. Segundo ele, quem contrata serviços essenciais deve também se prevenir com cláusulas contratuais que assegurem reembolso por perdas.


Mesma opinião tem a advogada Alice Andrade Baptista, do escritório especializado em direito digital Patrícia Peck Pinheiros Advogados. Segundo a especialista, as empresas devem ajustar os acordos de Service Level Agreement (SLA) para que se estabeleçam multas e penalidades, no caso de falhas do prestador de serviço que causem algum prejuízo aos contratantes.


A advogada enviou à Telefônica, a pedido de um cliente cujo nome não foi revelado, uma notificação falando de responsabilidade e das perdas. Na opinião da advogada, as empresas prejudicadas podem exigir reparação pela pane.


COLABORARAM DANIEL GONZALES, BÁRBARA SOUZA e MICHELLY TEIXEIRA’


 


 


TELES
Gerusa Marques


Anatel prorroga prazo do PGO


‘A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu ontem prorrogar para lº de agosto o prazo final de consulta pública da proposta de reformulação do Plano Geral de Outorgas (PGO), que vencia no próximo dia 17. Decidiu, também, incluir mais duas capitais – Belém e Porto Alegre – no roteiro da consultas públicas, que previa antes Brasília, onde a consulta ocorreu na sexta-feira, São Paulo, onde a consulta ocorre na próxima segunda-feira, e Recife, onde acontecerá no dia 14.


Com o adiamento, a Anatel atendeu a vários pedidos, para que se discuta mais o PGO. A conclusão da compra da Brasil Telecom pela Oi depende desse novo plano de outorgas.


A agência decidiu também estender para a mesma data do prazo de consulta pública do Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações (PGR), que estabelece as diretrizes para o setor nos próximos dez anos.


A prorrogação do prazo da consulta pública do PGO desagrada a Oi, que tem prazo de 240 dias, a contar de 25 de abril passado, para concluir a compra da Brasil Telecom, o que resulta num prazo próximo ao Natal. O descumprimento desse cronograma obriga a Oi a pagar multa de R$ 490 milhões para a Brasil Telecom.


Concluída a consulta pública, a Anatel analisará as sugestões apresentadas e votará a proposta do PGO em segundo turno. Depois disso, a proposta do PGO será encaminhada ao governo para ser editada como decreto presidencial.


A legislação em vigor impede que uma concessionária de telefonia fixa compre outra, proibição que será revogada pelo novo plano geral de outorgas.’


 


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Mathieu Amalric dá força à realidade ‘surreal’ de Schnabel


‘Há três anos, ao receber o César, o Oscar do cinema francês, como melhor ator, por Reis e Rainha, Mathieu Amalric disse que achava sua premiação bizarra porque, no fundo, ele se considera diretor e não ator. Este ano, em janeiro, ele recebeu de novo o César, agora por O Escafandro e a Borboleta, que estréia hoje nos cinemas brasileiros. Duas vezes o prêmio mais importante do cinema francês, numa categoria para a qual o sujeito não se considera habilitado, isso sim é bizarro, mas Mathieu reconhece que, justamente por não ser ator, ele precisa se preparar mais do que os colegas, e isso talvez termine fazendo a diferença.


Assista ao trailer dos filmes O Escafandro e a Borboleta, O Balão Vermelho e O Cavalo Branco


Foram dois encontros com Amalric este ano – em Paris, em janeiro, justamente após sua segunda premiação no César, e em abril, no Chile, no set de Quantum of Solace, a nova aventura do 007 Daniel Craig, na qual ele faz o vilão. Nas duas vezes, Amalric disse que sempre que está prestes a dirigir, ele recua do seu desejo para atender a novas solicitações como ator. E não são filmes quaisquer. Além de O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel – vencedor de prêmios no Festival de Cannes do ano passado, no César e no Oscar -, e Reis e Rainha, de Arnaud Desplechin, Amalric interpretou o Desplechin mais recente, lançado em Cannes, em maio – Un Conte de Nõel -, e participa da megaprodução Quantum of Solace, que estréia no fim do ano.


Talvez por não ser um ator, Amalric assume com idêntico entusiasmo o desafio de fazer um paralítico em O Escafandro e a Borboleta e o vilão que tem uma espetacular cena de luta com Daniel Craig. ‘Os desafios podem ser de ordem ou natureza diferente, mas, imóvel ou agitado, tenho de me colocar na pele de outra pessoa, e essa é a dificuldade. Tenho de acreditar, para passar aos outros a sensação de que a coisa é verdadeira.’ Vestir a pele de Jean-Dominique Bauby foi uma complicação e tanto. O Escafandro e a Borboleta conta a história do ex-editor da revista francesa Elle, que sofreu um acidente cerebral e ficou paralítico, podendo mover apenas um olho e a língua. Com toda essa limitação, Bauby conseguiu superar seus limites e escrever um livro autobiográfico – que o diretor Schnabel transformou em filme vencedor do prêmio de mise-en-scène (direção) em Cannes.


Amalric diz que o desafio maior foi de Schnabel, que se valeu de experiências narrativas e plásticas – ele é também pintor e fotógrafo – para reproduzir na tela a vida interior de Bauby. Segundo o ator, a grande pergunta de O Escafandro e a Borboleta, à qual Schnabel procurou responder, é: pode a realidade ser surreal? Pode-se reproduzir o imobilismo mesmo num meio como o cinema, que se fundamenta no movimento? É um belo filme, uma rara experiência estética e humana. Amaric agradece a Desplechin. ‘(Otar) Iosselliani me havia dado um papel em Les Favoris de Lune. Com a promessa de realizar meu sonho de trabalhar por trás das câmeras, Arnaud (Desplechin) me fez seguir atuando. É uma atividade da qual gosto, e os outros gostam de mim, mas não desisto de fazer a direção.’


Serviço


O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon, EUA-França/2007, 112 min.) – Drama. Dir. Julian Schanabel. 10 anos. Cotação: Ótimo’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Cassetas vetados


‘Os cassetas não vão fazer piada em mandarim. Ou melhor, vão, mas aqui do Brasil mesmo.


Os humoristas, que se preparavam para enviar três deles para a cobertura da Olimpíada de Pequim, tiveram sua ida vetada, não pela Globo, mas pela burocracia e censura vigente na China. Toda gravação ou matéria jornalística no país precisa de aprovação prévia do órgão censor do governo.


‘Não nos disseram ‘não’, mas de alguma forma, por meio de exigências deixaram claro que não nos querem lá’, fala o casseta Marcelo Madureira. ‘Se para o jornalismo já não é fácil, imagine para um humorístico. Nossa produção até que tentou, mas sentiu que não conseguiríamos nada lá. Tudo precisa de aprovação’, fala ele. ‘Íamos criar um problema diplomático.’


Madureira conta que o Casseta já sofreu o mesmo tipo de ‘veto’ em Cuba. ‘Já tentamos ir 4 vezes para lá, é a mesma história da China, burocracia demais, um jeito velado de dizer ‘não’.’


A turma do Pânico também não vai arriscar. ‘O Vesgo e o Silvio teriam que andar em Pequim com um censor o tempo inteiro do lado. Desistimos de ir’, conta Emílio Surita.’


 


 


FLIP
Ubiratan Brasil


A lição de tolerância no romance Dom Casmurro


‘O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um exemplo de lição de tolerância. Essa foi uma das conclusões apresentadas pelo crítico Roberto Schwarz que, na noite de quarta-feira, abriu a sexta edição da Flip com uma palestra sobre Assis, o escritor homenageado deste ano.


Diante de uma platéia que praticamente lotou a Tenda dos Autores (entre os estrangeiros, estavam presentes o inglês Tom Stoppard, o colombiano Fernando Vallejo e o holandês Cees Nooteboom, que foi embora depois de 15 minutos de iniciada a palestra), Schwarz leu durante quase uma hora uma minuciosa, mas cristalina pensata sobre a obra do Bruxo do Cosme Velho. ‘Em Dom Casmurro, ele oferece uma lição de tolerância ao mostrar a superação de uma birra entre dois segmentos que então (fim do século 19) viviam no Rio de Janeiro: o centro e o bairro.’


Para o crítico, a genialidade do texto machadiano está no tom dissimulado com que apresenta a verdadeira face da sociedade da época, patriarcal e conservadora. ‘É por isso que Capitu, a mulher acusada de ter traído o marido, Bentinho, com seu melhor amigo, Escobar, ter um destino trágico’, disse Schwarz. ‘Ela, apesar de vir da classe mais humilde, é uma mulher dotada de razão, o que entra em confronto com Bentinho, representante da classe patriarcal que não aceita tal insulto.’


Segundo Schwarz, a obra foi, durante anos, analisada de forma a proteger a figura de Bentinho, ‘uma alma boa e cândida’, em detrimento de Capitu, ‘que tinha a perfídia nos olhos’. ‘Tal análise é típica de uma época em que a mulher não podia duvidar do que dizia o marido’, afirmou o crítico, que utilizou uma régua para ler seu ensaio. ‘Foi apenas nos anos 60 que uma americana, Helen Caldwell, apontou a falta de confiabilidade do narrador Bentinho, reforçando sua posição patriarcal.’


Também o Golpe de 64 , que preservou a propriedade privada, reforçou idéias esquerdistas que apontavam para o conservadorismo de Bentinho. A partir daí, a obra de Machado ganhou novas leituras, culminando com a de John Gladson, que lembrou a origem de dominadora da família de Bentinho, justificando seu ponto de vista. Ao final da palestra, Schwarz foi aplaudido de pé.’


 


 


 


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