Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Governo mantém abertura a jornalistas estrangeiros

O governo chinês anunciou, no fim da semana passada, que o afrouxamento das restrições ao trabalho de jornalistas estrangeiros no país será mantido. As regras que permitiam que repórteres circulassem livremente pelo território chinês e não precisassem de autorização governamental para entrevistas com cidadãos chineses, estabelecidas para as Olimpíadas de Pequim, em agosto, perderiam a validade na sexta-feira passada (17/10).


Segundo Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, assinou o decreto – que passou a valer imediatamente – ainda na sexta-feira. ‘Este não é apenas um grande passo de abertura da China para o mundo, mas é também um grande passo para tornar mais fácil o trabalho de jornalistas estrangeiros’, afirmou Jianchao.


A China havia aceitado afrouxar o antigo controle sobre a atuação da imprensa estrangeira no país para aumentar suas chances de sediar as Olimpíadas, e as novas regras passaram a ser aplicadas no início de 2007. Ainda assim, alguns jornalistas e observadores da mídia chegaram a reclamar de ameaças e casos de prisões de repórteres nos meses anteriores aos Jogos. Durante o campeonato, foram registrados pelo menos 30 casos de interferência na cobertura jornalística.


As regras novas substituem normas rígidas estabelecidas em 1990, após as manifestações pró-democracia na Praça da Paz Celestial, em Pequim – assunto que até hoje é tabu no país. O afrouxamento, entretanto, não foi completo: repórteres estrangeiros ainda não poderão viajar ao Tibete e a outras áreas restritas sem permissão especial de autoridades chinesas.


Além disso, o pulso firme do Partido Comunista sobre a imprensa nacional continua inalterado, com todos os veículos estatais sob o controle do governo. Cidadãos chineses também não podem trabalhar como jornalistas para organizações de mídia estrangeiras.


Reformas


Segundo Jianchao, os líderes chineses devem implementar reformas em diversas áreas, entre elas a imprensa. ‘É uma política básica da China se reformar e se abrir. Por que deveríamos continuar a abertura? Porque precisamos ter um maior entendimento, um entendimento mútuo, do mundo. E uma parte importante disso é a imprensa’, afirma. ‘Acredito que no último ano e meio a China melhorou muito neste sentido, e creio que irá fazer um trabalho ainda melhor no futuro’.


Sobre os temores de que as novas regras de abertura à imprensa estrangeira não sejam respeitadas, o porta-voz assegurou que elas serão explicadas claramente aos governos regionais e às agências de segurança pública; haverá ainda treinamentos e workshops. ‘Estou confiante de que esta nova regulação será implantada e respeitada integralmente. Ainda assim, há um processo [de adaptação], e nós precisamos da cooperação [dos jornalistas] para que ela seja bem executada’. Informações de Tini Tran [Associated Press, 17/10/08].