Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O direito de ser esquecido

Este texto foi inspirado por um artigo de Millágros Pérez Oliva na versão eletrônica do jornal El País. O texto debatia o direito que as pessoas têm, principalmente as que não são personalidades públicas, de pedir que seja retirado texto que as relacione com fatos indesejados.

Oliva defendia não a retirada do material jornalístico do ar, mas a desativação da funcionalidade que permite que o texto seja encontrado por buscadores. Ele contou o caso de uma ginasta espanhola que foi tida como portadora de anorexia. Mais tarde, a atleta conseguiu provar que nunca sofreu do distúrbio, porém a notícia já tinha se espalhado por diversos sites na rede. A esportista conta que, anos depois da reportagem, viu seu nome em uma matéria de outra revista que falava sobre anorexia e a usava como exemplo.

Levantar casos na internet é um método corriqueiro que muitos repórteres usam para construir a pauta das reportagens. Faço um link do artigo com uma reportagem exibida pouco tempo atrás pelo Jornal da Globo, que mostrou quais pontos são mais observados nas análises de currículo. A matéria indicou que os selecionadores brasileiros são os que mais procuram referências dos candidatos na internet.

O mau uso da livre expressão

Aqui chego ao meu ponto. Atualmente, existem diversas plataformas que permitem que as pessoas se comuniquem de forma instantânea, o que muitas vezes é sinônimo de falar sem pensar. O problema é que, com o advento da web 2.0, os conteúdos passaram a ser compartilhados de forma extremamente veloz. Então, se uma pessoa diz alguma coisa comprometedora sem refletir, talvez não tenha chance de se arrepender e apagar a mensagem da internet.

Cria-se um registro negativo para a pessoa, que estará disponível para quem quiser por muito tempo e que pode ser extremamente danoso para a reputação do indivíduo. A internet mostrou que é possível efetivar o direito de livre expressão, mas também trouxe à tona os males do mau uso dele. Então, comunique-se com consciência!

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[Pedro Valadares é jornalista, Brasília, DF]