Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Violência contra a imprensa

Nota do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro:

Atos fascistas contra a imprensa exigem uma resposta da sociedade

A liberdade de imprensa corre perigo. A situação está cada vez mais grave para os jornalistas que cobrem, ou melhor, que tentam cobrir as manifestações de rua, no Rio de Janeiro. Um pequeno grupo de manifestantes, no melhor estilo de milícias fascistas, passou a intimidar rotineiramente as equipes de jornalismo. Nos protestos de segunda-feira 12/8 em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, várias equipes foram acuadas e impedidas de trabalhar. Um repórter cinematográfico da TV Bandeirantes chegou a levar um soco nas costas. Não foi para isso que lutamos contra a ditadura que durante 21 anos perseguiu a imprensa, prendeu, torturou e assassinou tantos brasileiros. Entre eles, jornalistas.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro tem condenado, com veemência, esse grupo de manifestantes que decidiu que é o dono da verdade. E que com atos de violência acaba afastando dos protestos – legítimos, é importante dizer — boa parte da população que teme esse comportamento e não concorda com ele.

Os jornalistas têm o direito e o dever de trabalhar. Tentar impedir isso, sob qualquer pretexto, é acima de tudo uma estupidez. Sem a imprensa presente, o público não toma conhecimento do que se passa nas ruas, inclusive de eventuais atos de truculência de policiais contra manifestantes. Agredir jornalistas, queimar carros de reportagem são atos que nos fazem lembrar tempos sombrios, e não apenas em nosso país.

A sociedade, de um modo geral, deve estar atenta a esse perigoso caminho que está sendo trilhado por grupelhos fascistas. É preciso que outras vozes se levantem contra tamanho absurdo, antes que algo ainda mais grave aconteça. (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

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NOTA PÚBLICA

Diretoria eleita do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro

Não podemos admitir que jornalistas atuantes na cobertura das manifestações populares por direitos se tornem alvo de qualquer grau de violência ou do cerceamento ao seu trabalho. Nem por agentes do Estado, nem por manifestantes. Mas não podemos admitir que, no afã de defender a nossa categoria, caiamos na armadilha de criminalizar os movimentos de protesto organizados por diferentes setores da população. Assim como os manifestantes não podem criminalizar jornalistas no intuito de lutar pela democratização da comunicação e contra o monopólio da mídia por alguns poucos grupos políticos e empresariais.

Assim como sem jornalismo ético e responsável não existe democracia, também não existe democracia sem a garantia do direito à livre manifestação política da população. Um direito não pode se tornar antagônico em relação ao outro. Pelo contrário, defendemos, inclusive, a união de todos na luta pela democratização da comunicação.

Por isso, consideramos que qualquer solução para esse impasse não pode passar pelo irresponsável acirramento de ânimos em torno desse falso antagonismo. Nesse sentido, reivindicamos a realização de um debate mais profundo sobre o problema. Propomos à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal a realização de uma audiência pública sobre o tema da Liberdade de Imprensa, com a participação das entidades representativas dos jornalistas, porta-vozes dos manifestantes, OAB-RJ, Ministério Público e Segurança Pública. 

A liberdade de imprensa, junto da liberdade de expressão, é pilar da democracia. E o papel de mediadores sociais dos jornalistas na sociedade é fundamental para a garantia do Estado Democrático de Direito. Sob essa premissa, mesmo antes da posse, programada para 26/8, como diretoria recém-eleita do Sindicato dos Jornalistas, a nossa intervenção é exigida n este momento em defesa da nossa categoria e da própria democracia. Dada a insatisfação com o tratamento dispensado pela atual gestão sindical que se encerra por agora, resta-nos agir diante de uma situação que consideramos emergencial e perigosa para todos. (Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2013)