Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Inquéritos por vazamentos restringem a liberdade de imprensa

A agressiva guerra do governo Obama contra os vazamentos de informações e outros esforços para controlar as informações não têm precedentes, de acordo com 30 experientes jornalistas de Washington entrevistados para um novo relatóriodivulgado hoje pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). O relatório concluiu que, apesar da promessa de Obama de chefiar o governo mais aberto da história norte-americana, as políticas da Casa Branca inibem a troca de informações entre jornalistas e suas fontes.

O relatório “O governo Obama e a imprensa: Investigações sobre os vazamentos e a vigilância pós-11/9 nos Estados Unidos“, que é escrito por Leonard Downie Jr., ex-editor-executivo do Washington Post e atual professor da cátedra de jornalismo Família Weil na Faculdade de Jornalismo e Comunicação de Massa Walter Cronkite da Universidade Estadual do Arizona, apurou que o processo judicial movido pelo governo contra suspeitos de vazamentos de informações, combinado com amplos programas de vigilância eletrônica, deixaram os funcionários do governo profundamente receosos de falar com a imprensa.

“O presidente Obama enfrenta muitos desafios durante seus últimos anos de mandato, cujo resultado vai ajudar a moldar seu legado. Entre eles está o cumprimento de sua primeira promessa, a de fazer de sua administração a mais transparente na história americana”, Downie escreve no relatório. “Se ele tiver sucesso pode ter um impacto duradouro sobre a prestação de contas do governo dos EUA e sobre a posição dos Estados Unidos como um exemplo internacional da liberdade de imprensa.”

Oâmbito e a natureza da NSA

O relatório descreve como o governo abriu mais do que o dobro de processos penais por supostos vazamentos de informações classificadas do que todos os governos anteriores juntos. Ele analisa o “Programa de Ameaças Internas”, que exige que os funcionários federais monitorem o comportamento de seus colegas, e também detalha o uso de intimações secretas para monitorar as comunicações eletrônicas dos jornalistas. Ele ressalta que a Casa Branca tem feito um esforço sem precedentes para controlar suas comunicações, incluindo o uso de manipulação dos meios de comunicação controlados pela administração para evitar o escrutínio por parte da imprensa.

Com base na determinação de que as atuais políticas do governo dos EUA “impedem um debate livre e aberto necessário para a democracia”, o CPJ faz uma série de recomendações que acompanham o relatório. O CPJ instou a administração Obama a “afirmar e garantir que os jornalistas não estarão em risco legal ou serão processados por receber informações confidenciais e/ou confidenciais” e a “ser mais explícita sobre o âmbito e a natureza da Agência de Segurança Nacional – NSA, por sua sigla em inglês, e outras atividades de vigilância que estão sendo aplicadas a jornalistas nacionais e internacionais”, entre outras. As recomendaçõesforam enviadas ao presidente Obama em uma cartaassinada pela presidente do conselho do CPJ, Sandra Mims Rowe, e pelo diretor-executivo Joel Simon.

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que trabalha pela liberdade de imprensa em todo o mundo