Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Daniela Nogueira

A cobertura de um evento internacional, como é a Copa do Mundo, a ser realizada neste ano no País, exige um planejamento a longo prazo. Como é costume, a multiplicação de pautas é acelerada a partir da aproximação do evento. Estamos a menos de três meses para o Mundial que tem estado na agenda da imprensa, mas

O POVO ainda não apresentou o projeto que desenvolverá. Pode-se contra-argumentar que falta muito tempo para a Copa. Será mesmo? Creio que não se levarmos em conta que o jornal concorrente local já esboça sinais da padronização da cobertura.

No início de março, a 100 dias para o começo do Mundial no Brasil, prédios em Fortaleza (e no País inteiro) ganharam iluminação nas cores verde e amarelo. Começara a contagem regressiva. Toda a imprensa foi pautada pelo acontecimento – conforme os veículos normalmente fazem. Como a data era a Terça-Feira de Carnaval, quando o jornal não circula, abordamos o assunto na edição do dia seguinte.

99 dias para a Copa

Em uma página, a editoria de Esportes aproveitou a factualidade do amistoso entre as seleções da África do Sul e do Brasil para abordar, então, os 99 dias para a Copa. Em outras três matérias coordenadas na mesma página, foram mencionadas questões relativas à preparação de outras seleções e estrutura para o evento. Nada de excepcional. A maior parte dos textos foi material recebido de agência. Ou seja, não houve uma cobertura especial, um esforço com planejamento estratégico, a partir da atualização dos assuntos que envolvem o Mundial nem detalhamento dos temas.

No dia 12, quarta-feira passada, publicamos uma matéria sobre o tema. Faltavam três meses para o Mundial no Brasil, que tem início em 12 de junho. O mote foi: Fortaleza ainda não vive a Copa. Matéria interna no caderno, também sem uma cobertura de muito esforço.

Sem projeto de cobertura

Pelo que percebemos, até agora, a cobertura da Copa no O POVO tem ocorrido, mas não tem sido unificada nem há pautas diferenciadas. Não temos um selo ainda que padronize a cobertura. Não temos edições especiais no impresso neste ano. Não há um nome que identifique o projeto. Nem a contagem regressiva, dia após dia, tem sido feita nas nossas páginas. Estamos nos pautando pela factualidade rotineira.

O que diz a Redação

A editora de Esportes do jornal, a jornalista Ana Flávia Gomes, comenta a situação: “A contagem regressiva para a Copa do Mundo, na verdade, vem sendo feita pelo O POVO desde setembro de 2013, quando faltavam 9 meses para a Copa do Mundo. Já abordamos seleção brasileira, prazo de obras, concorrentes ao título e potenciais craques do Mundial, entre outros temas. E assim será feito em todo dia 12 até junho”.

Acrescenta: “Como não circulamos na terça-feira de Carnaval, data exata dos 100 dias, trouxemos conteúdo sobre Copa a 99 dias do evento (focado especialmente no futebol, na formatação das seleções) e temos publicado conteúdo sobre Copa diariamente. Os demais passos do projeto para a Copa no O POVO serão divulgados e implementados no momento adequado, seguindo nosso planejamento.”

Por mais qualidade

É importante ressaltar que assuntos referentes à Copa do Mundo estão não apenas no Esportes (nem devem estar só lá), mas perpassam todas as editoriais do jornal. Seja quando se informa sobre as obras no aeroporto, seja quando se aborda a mudança no orçamento para as obras, por exemplo. Não sugiro que comecemos a insuflar o ufanismo desmedido em nossas páginas. No entanto, não podemos perder tempo e adiarmos muito o início de uma programação estratégica.

Já está em tempo de executar o que O POVO faz bem – mostrar uma cobertura com mais qualidade, impor-se como um veículo de pautas criativas e informativas, de espírito inventivo, que dá voz aos discursos heterogêneos, que aponta benefícios e desvantagens, que finca sua marca aos leitores. Em suma: em termos de Copa, ainda esperamos O POVO mais inovador.

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Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo