Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ilustrador deixa marca na literatura juvenil

Para quem pôde estudar só até os 11 anos, Jayme Leão superou qualquer expectativa ao se tornar, antes dos 30, diretor de arte da Denison, então uma das maiores agências de publicidade do país.

Mas, para ele, aquele não parecia o caminho certo. “Meu pai não suportava a ideia de ganhar mentindo”, diz a jornalista Lídice Leão, a primeira dos sete filhos do pernambucano criado no Rio e radicado em São Paulo.

Foi então, em 1974, em plena ditadura, que abandonou a promissora carreira publicitária para empregar seu talento na imprensa alternativa.

Ilustrador autodidata, atuou em jornais como “O Pasquim” e “Opinião”, foi preso várias vezes e precisou se exilar no Chile.

“Jayme era uma figura conhecida, com base técnica forte. Tinha um traço deslumbrante”, diz Laerte, cartunista da Folha.

O final dos anos 1970 marcou sua estreia na grande imprensa, com ilustrações para aFolha, o “Estado de S. Paulo” e a “Veja”, e também suas primeiras capas de livros.

São dessa fase seus trabalhos mais conhecidos: as várias capas de volumes da coleção Vagalume, sucesso nos anos 1970 e 1980, incluídas aí obras como “Um Cadáver Ouve Rádio” e “O Rapto do Garoto de Ouro”, de Marcos Rey.

Nos últimos anos, vítima do alcoolismo, já quase não produzia. Em janeiro, sofreu traumatismo craniano após uma queda em casa, no bairro paulistano de Mandaqui.

Leão se recuperava de uma cirurgia quando apresentou desidratação. Morreu anteontem, aos 68, por complicações decorrentes de insuficiência renal. Deixa sete filhos, sete netos e um bisneto.