Wednesday, 17 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

O robô que apura e escreve sobre terremotos

No dia 17/3, às 6:25 da manhã, um terremoto atingiu a região de Los Angeles. Oito minutos depois, o Los Angeles Times era um dos primeiros veículos a dar a notícia. O texto, no entanto, havia sido escrito por um robô.

O jornalista digital Ken Schwencke, produtor de dados do jornal, recebeu a história pronta via email, mas quem apurou e escreveu a matéria foi um algoritmo chamado Quakebot, que recebe informação do Serviço Geológico Americano (USGS) sobre qualquer terremoto acima de 3.0 – o do dia 17 tinha magnitude 4.4 graus – , a transforma em uma história com texto, adiciona um mapa e prepara uma manchete.

O algoritmo criado por Schwencke envia a ele um email com a história pronta para ser publicada. A única coisa que jornalista precisa fazer é ler o email, checar a veracidade das informações e apertar o botão para publicar o texto.

Schwencke conta que criou a ferramenta após o terremoto que atingiu o Japão em 2011. “Ele alivia muito o trabalho duro que é reportar esses acontecimentos,” diz.

Enquanto a maioria dos posts do Quakebot passam despercebidos, quando um terremoto dessa magnitude atinge uma cidade como Los Angeles, a ferramenta ajuda as pessoas a descobrir o que aconteceu com rapidez. “Tem sido uma ferramenta muito útil para levantar algo o mais rápido possível e deixar que as pessoas foquem em descobrir o que está realmente acontecendo além da informação básica”, resume Schwencke. O robô também ajuda o jornal a impulsionar seu tráfego online. “Quando você tem uma situação como esta e consegue, em cinco minutos, ter algo lá para as pessoas irem ao Google e encontrar… Eu não chequei, mas imagino que esse tenha sido um post muitíssimo popular no nosso site”, diz o jornalista.

Os robô se baseia em uma premissa simples: pegar pequenos pedaços de informação que são o coração de qualquer texto jornalístico e automaticamente formatá-los em uma narrativa. “Você pode escrever um código que irá perguntar e responder as perguntas básicas que um repórter faria ao olhar para aquele mesmo conjunto de dados”, explica Ben Welsh, produtor do banco de dados do LA Times.

O programa de Schwencke não é o único a fazer este tipo de trabalho; é apenas um de vários robôs usados pelo jornal para a produção de matérias. O site também automatizou a primeira frase de seu “relatório de homicídio”, onde lista os homicídios do dia na região de Los Angeles, e conta com um programa que envia um email diário com as prisões feitas pela polícia local, alertando os jornalistas sobre prisões que possam ser notícia, como aquelas com fianças particularmente altas ou em que o detido seja famoso.

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