Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Um conceito multidimensional

O conceito de indústria cultural é criação de Theodor Adorno e tem exatos 60 anos. A indústria cultural está diretamente ligada ao capitalismo e tem como essência o seu polo dominante: o da produção e difusão de material imposto à sociedade. Obra de grandes empresas que visam à expansão destes mesmos materiais e sua associação direta com o mundo em que vivemos, a indústria cultural está presente em todos os cantos, podendo ser analisada e exemplificada partindo de vertentes óbvias. Como as novelas, por exemplo.

Há um grande envolvimento (se não total) da indústria cultural e sua relação e influência com a cultura de massa. Nós somos o que consumimos, e consumimos o tempo inteiro, mesmo sem perceber, blocos de informações e anúncios, mesmo que discretos.

Diante deste contexto, podemos perceber que a cultura sofre um dano diante da indústria capitalista de produção de conteúdos simbólicos espalhados por todo o mundo. Se formos analisar por esta vertente, poderíamos trazer um fato muito presente no nosso dia a dia: a utilização de produtos “americanizados”, como diversas marcas de roupas, gadgets etc. Ainda dentro deste aspecto, por que não citar a indústria cinematográfica? Esta está completamente inserida em nossa sociedade e, como um todo, consumimos (muito mais do que deveríamos) culturas que não são provenientes de nosso país, estado ou região.

Até que ponto a indústria cultural afeta nossas vidas?

Esta influência, segundo Adorno, “imprime um padrão” sobre a nossa sociedade, onde, inconscientemente, compramos e adotamos certos aspectos como estilos de vida. O que Guy Debord chama de “sociedade do espetáculo”, quando, ao assistir a uma simples novela, onde a tudo gira em torno da família rica, que mora no bairro mais nobre do Rio de Janeiro e se atém a este estilo de vida, nos remete à vontade interiorizada de sermos iguais; termos os mesmos carros e casas; usarmos as mesmas roupas dos personagens, etc. Não há duvidas de que não só este, como vários outros exemplos, são fruto da indústria cultural. O ter se torna mais importante que o ser. E o ter nem sempre faz parte da grande sociedade brasileira.

Em suma, não se trata de algo terminantemente abominável. Apenas é um aspecto social muito discutido e analisado, devido a sua dimensão global. Somos todos consumidores conscientes ou inconscientes da indústria cultural. A questão que fica é: será que isso faz mal à sociedade e nos tira nossa identidade nata? Até que ponto a indústria cultural afeta nossas vidas? Bom, de fato não saberíamos responder a estas questões tão abrangentes. O que nos resta é usar de nosso senso critico e nossos valores para, então, chegar a uma ideia plausível.

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Natália Rodrigues é estudante, Alto Araguaia, MT