Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Usuários da internet já são mais da metade da população do Brasil

Em 2013, os usuários de internet no país com 10 anos de idade ou mais ultrapassaram a metade da população brasileira pela primeira vez na História, alcançando o equivalente a 85,9 milhões de pessoas. Entre os fatores que puxaram esse crescimento estão o aumento do uso de celulares para a conexão com a rede e a multiplicação de equipamentos portáteis, como notebooks e tablets. É o que indica a nona edição da pesquisa TIC Domicílios, divulgada nesta quinta-feira pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) e que mede o uso das tecnologias nos lares brasileiros. No entanto, apesar do marco inédito, algumas disparidades sociais e regionais ainda permanecem como obstáculos à inclusão digital no país.

No ano passado, os brasileiros que acessaram a internet ao menos uma vez em três meses – frequência necessária para que alguém seja considerado usuário – passaram a representar 51% das pessoas com 10 anos de idade ou mais no país. O índice inédito segue a tendência do crescimento de internautas já observada nos anos anteriores: do levantamento de 2011 ao de 2012, ele pulou de 45% para 49% da população, ultrapassando então, pela primeira vez, o número de pessoas não conectadas.

Entre as pessoas que usam a internet, os jovens continuam a ser o perfil predominante: 75% das pessoas de 10 a 15 anos, 77% das de 16 a 24 anos, e 66% das de 25 a 34 anos são usuárias da rede. Já nos indivíduos na faixa etária entre 35 e 44 anos, 47% fazem uso da internet. E enquanto a parcela de internautas com idade acima de 45 continua a crescer, saltando de 39% do segmento em 2012 para 44% em 2013, a faixa etária ainda é a que mais tem brasileiros fora da rede – 45 milhões de pessoas.

Desigualdade entre áreas urbanas e rurais

O levantamento também mostra a contínua importância dos celulares na inclusão digital entre os brasileiros. Em 2013, 85% das pessoas com 10 anos ou mais usavam o aparelho regularmente, totalizando um total de 143 milhões de brasileiros – crescimento de apenas um ponto percentual em relação ao ano anterior. A grande novidade, no entanto, é que cada vez mais esses dispositivos estão sendo usados para acessar a internet: nos últimos dois anos, esse percentual mais que dobrou, passando de 15% dos donos de celular em 2011 para 31% no ano passado. Isso significa que, em números absolutos, o Brasil já tem 52,5 milhões de pessoas de internautas pelo telefone móvel.

Os computadores também continuam a ganhar os lares brasileiros: são 30,6 milhões de domicílios com as máquinas, o que representa 49% das residências do país – um crescimento de três pontos percentuais em relação a 2012. Mas se antes as máquinas desktop dominavam a preferência dos usuários domésticos, em 2013 os dispositivos portáteis (laptops e notebooks) tornaram-se mais presentes, alcançando 57% dos lares com computador.

Em uma tendência semelhante, os tablets também estão ganhando espaço entre a preferência dos brasileiros como um gadget complementar ao PC: em 2013, 12% das residências com computador já possuíam um tablet – um ano antes, o índice era de apenas 4%. Além disso, 10% dos brasileiros com 16 anos ou mais indicaram o desejo de adquirir um aparelho do tipo nos próximos 12 meses – o equivalente a 14,8 milhões de pessoas.

No entanto, apesar dos progressos em diversos indicadores observados na TIC Domicílios 2013, algumas disparidades ainda continuam a fazer parte da realidade brasileira quanto ao acesso às tecnologias de comunicação e informação. Enquanto na classe A a proporção de casas com acesso à internet é de 98%, e na classe B é de 80%, na classe C é de apenas 39%. Por último, apenas 8% dos domicílios da classe D e E tem acesso à rede. A desigualdade também é espacial: nas áreas urbanas, a proporção de lares conectados é de 48%, enquanto nas áreas rurais é de 15%.

A TIC Domicílios 2013 foi realizada entre setembro do ano passado e fevereiro desse ano, com entrevistas pessoais em 16.887 domicílios de 350 municípios brasileiros.

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Brasil está mais conectado, mas velocidade da internet piora

Sérgio Matsuura

A internet vem avançando de forma acelerada no país, mas a qualidade continua abaixo da média mundial, aponta o relatório “Estado da Internet”, divulgado nesta quinta-feira pela Akamai. O Brasil encerrou os três primeiros meses do ano com 41,3 milhões de endereços IP (Protocolo de Internet, na sigla em inglês), alta de 12% em relação ao período anterior e 50% na comparação ano a ano. Em número de conexões, o país superou Alemanha e Japão e está atrás apenas de EUA e China.

O endereço IP identifica cada conexão à internet, porém não é possível medir o número de internautas, pois as conexões podem ser partilhadas por diversas pessoas. Em uma casa, por exemplo, é comum o uso de roteadores para o uso familiar de apenas um ponto de acesso. “Se uma empresa coloca mais computadores na sua rede, não aumenta o número de IPs”, afirma o consultor em tecnologia Mário Jorge Passos. “Esse aumento é no consumidor final, nas conexões domésticas. Basta folhear o jornal ou assistir TV para perceber pela quantidade de propagandas que está se vendendo internet como nunca.”

Mas o aumento da quantidade de pessoas conectadas não vem acompanhado pela melhoria da qualidade dos serviços. Segundo o relatório, a velocidade média da rede brasileira foi de apenas 2,6 Mbps, 3,1% menos que no último trimestre de 2013. O resultado está bem abaixo da média mundial, de 3,9 Mbps, e coloca o país em 87º lugar na lista liderada pela Coreia do Sul, com 23,6 Mbps.

Na América Latina, o Brasil fica atrás de Uruguai, México, Equador, Chile, Argentina, Colômbia e Peru. Entre os países pesquisados, a rede brasileira supera apenas Panamá, Costa Rica, Venezuela, Paraguai e Bolívia. “É um problema de infraestrutura. Nós não temos ferrovias, não temos estradas e não temos fibras”, critica Passos.

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Thiago Jansen, do Globo