Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalistas condenados agiram sob ‘influência do diabo’, diz juiz

O juiz que liderou o julgamento dos jornalistas da al-Jazeera no Egito afirmou que eles foram “guiados pelo diabo”. Mohamed Fahmy, Peter Greste e Baher Mohamed foram condenados, em junho, de sete a dez anos de prisão, acusados de ter auxiliado terroristas e disseminado notícias falsas. Na ocasião, diplomatas e observadores de organizações de direitos humanos protestaram contra o julgamento e o veredicto.

Já para o juiz Mohamed Nagy Shehata, os jornalistas usaram o jornalismo para falsificar a verdade. “O diabo os guiou para que usassem o jornalismo na direção de atividades contra esta nação”, afirmou o juiz em uma declaração de 57 páginas onde explica o veredicto. Shehata escreveu que os jornalistas editavam gravações de áudio e vídeo para adulterar reportagens, e que o faziam para mostrar o Egito em uma situação de caos e revolta, apresentando-o como “um país perdido sofrendo com a discórdia e com brigas internas”. Tudo isso, segundo o juiz, era feito para ajudar a Irmandade Muçulmana, facção política e religiosa ligada ao presidente deposto Mohamed Morsi e que foi classificada como organização terrorista pelo novo governo.

Nenhuma das imagens apresentadas pela promotoria durante o julgamento confirmou as acusações de que os jornalistas teriam falsificado notícias para prejudicar o Egito. Algumas das gravações de áudio e vídeo chegaram a se tornar alvo de chacota, já que não tinham relação com a Al-Jazeera ou com os réus.