Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Grupo Sextante compra 50% da editora L&PM

Editora de autores best-sellers como Nicholas Sparks, Dan Brown, Ken Follett e Paulo Coelho, a carioca Sextante anunciou ontem a compra de 50% da gaúcha L&PM, uma das mais tradicionais do Brasil e também uma das responsáveis pela consolidação do livro de bolso no País. Trata-se de um movimento que tem se tornado comum no mercado editorial internacional e nacional e é visto como uma opção de sobrevivência para editoras de pequeno e médio portes, que fazem um bom trabalho editorial, mas não conseguem ser competitivas comercialmente.

Em março, o grupo Penguin Random House adquiriu a Santillana, um negócio com reflexo no Brasil: a fusão da Companhia das Letras, que 2012 vendeu 45% de seu controle para a Penguin, com a Objetiva, que em 2005 transferiu 75% de seu controle para a Santillana. Já o grupo Record comprou, em 2010, a Verus e, em 2012, a Paz e Terra – ambas foram transformadas em selos.

Com sede em Porto Alegre e no mercado há 40 anos, a L&PM tem cerca de 40 funcionários e um catálogo com dois mil títulos ativos – muitos dos quais são long-sellers e adotados em escolas e universidades. Entre seus autores, Shakespeare, Sigmund Freud, Jean-Paul Sartre, Charles Bukowski, Moacyr Scliar e Millôr Fernandes. A Sextante, por sua vez, investe em obras de interesse geral e está frequentemente nas listas de mais vendidos e raramente nos concorridos e rentáveis programas de compras governamentais.

Ivan Pinheiro Machado, um dos criadores da L&PM, conta que nos últimos 15 anos recebeu ofertas de grupos brasileiros e estrangeiros pela editora, e nunca quis ir adiante nas negociações. “Mas temos a percepção dos sinais dos tempos. Há uma movimentação de fusões no mercado editorial e sentimos que para que a editora continuasse competitiva ela deveria se fortalecer. A partir dessa união com a Sextante, vamos criar condições para que a L&PM tenha um upgrade comercial e uma maior presença nacional”, diz.

O editor continuará no comando ao lado de Paulo Lima, seu sócio. “A sabedoria é manter a identidade, e não transformar a editora em selo. A L&PM não está sendo absorvida; ela está apenas sendo reforçada. Agora, teremos capacidade econômica para realizar muitos projetos”, diz Machado.

“Mais agressividade”

A compra de parte da editora gaúcha não é o primeiro negócio da Sextante nesse sentido. Criada em 1998 pelos irmãos Marcos e Tomás Pereira, netos do editor José Olympio, e dedicada a publicar ficção comercial e autoajuda, ela é dona de 50% da Intrínseca e cuida do comercial da editora. Divide, ainda, o controle do selo Primeira Pessoa, de biografias, com Helio Sussekind. E recentemente comprou metade da portuguesa Luzes de Emergência.

“Começamos com a ideia de ter uma editora muito focada e agressiva nos lançamentos. A empresa foi crescendo, criamos um selo novo, o Arqueiro, nos associamos com a Intrínseca. A possibilidade de crescer organicamente começava a ficar mais difícil. Não vamos conseguir publicar 150 livros por ano mantendo a mesma filosofia. Então, a outra oportunidade de crescimento é por associação. Olhando para o mercado, a L&PM é uma oportunidade de ouro”, explica Marcos Pereira,

Para ele, o catálogo de mais de mil títulos no formato bolso e os três mil pontos de venda – entre os quais bancas de jornal – foram os principais atrativos. Pereira conta que neste primeiro momento nada muda. “No segundo momento, eu não sei. Nossa participação será de ajudá-los no processo avaliação e qualificação do ponto de venda e de organização da empresa para que ela volte a se posicionar com mais agressividade.” A injeção de dinheiro ajudará. “A editora tem um plano editorial agressivo que precisa de recursos e essa nova situação traz esse recurso”, completa.

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Maria Fernanda Rodrigues, do Estado de S.Paulo