Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Jornais estudam forma de medir audiência em todas as plataformas

Os jornais brasileiros anunciaram na segunda-feira (18/8) que estão desenvolvendo novas métricas de audiência capazes de medir o alcance de seus produtos nas diferentes plataformas.

O anúncio foi feito durante a 10ª edição do Congresso Brasileiro de Jornais, que se encerra hoje (veja quadro).

O novo posicionamento é fruto de um trabalho desenvolvido no último ano com a agência Lew’LaraTBWA.

Enquanto nos outros meios o alcance é medido pela audiência, nos jornais o número usado é o de circulação, medido pelas empresas e auditado pelo IVC (Instituto Verificador de Audiência).

Ana Amélia Filizola, diretora da unidade de jornais do Grupo GRPCOM (PR), que publica a “Gazeta do Povo”, afirmou que, nos estudos, foi possível perceber que os jornais, além de prestigio, têm forte penetração.

“O alcance no digital é fantástico, maravilhoso, mas o papel também tem uma força incrível”, afirmou Filizola, ao anunciar os estudos.

Mais cedo, na abertura do congresso, o publicitário francês e presidente do conselho de administração do grupo TBWA, Jean-Marie Dru, afirmou que, embora não haja mais separação entre analógico e digital, os jornais não podem esquecer que o seu principal valor está no conteúdo, no editorial, na capacidade de contar histórias.

O objetivo é lançar a ferramenta no início de 2015.

Credibilidade

No mesmo painel, que tratou do reposicionamento dos jornais brasileiros no mercado, o diretor-superintendente do Grupo Folha –que edita a Folha–, Antonio Manuel Teixeira Mendes, ressaltou a importância da credibilidade na nova métrica. “Não podemos colocar em risco a credibilidade que temos com o IVC, que é muito respeitado no mercado publicitário.”

Outros países, como a Austrália, também estão adotando novas métricas para medir o alcance dos jornais além da circulação do impresso.

Dentre as medidas que fazem parte do novo posicionamento da indústria de jornais está também a criação de uma plataforma com informações comerciais de cada veículo, para auxiliar o trabalho de quem faz planejamento de mídia das agências.

Chamada de Digital Premium Jornal, a plataforma vai permitir aos anunciantes comprar em um só lugar espaços publicitários nos sites dos associados à ANJ.

A iniciativa já foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e deve ir ao ar em meados de setembro.

Conteúdo patrocinado

No mesmo evento, os jornais discutiram a chamada publicidade nativa (conteúdo patrocinado).

O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, apresentou os pré-requisitos do jornal para publicar esse tipo de conteúdo: transparência para o leitor (os textos devem ser claramente marcados como publicidade nativa) e o não envolvimento da Redação em sua produção.

O moderador do painel, Marcelo Rech, diretor-executivo de Jornalismo do Grupo RBS, avaliou que a nova forma de publicidade “vai acontecer, gostando-se ou não”, e que os veículos de comunicação buscarão caminhos para implantá-la sem perder independência e credibilidade.

A discussão foi aberta pelo jornalista holandês Ebele Wybenga, autor de “The Editorial Age” (2013, Adfo Groep), que avalia o atual cenário das empresas de mídia no mundo.

Segundo ele, os anunciantes “estão famintos” pela aproximação entre conteúdo editorial e publicitário.

O congresso também discutiu novos modelos de organização das Redações, em painel do qual participaram o diretor de Conteúdo do Grupo Estado (que edita “O Estado de S. Paulo”), Ricardo Gandour, o diretor de Redação e editor responsável do jornal “O Globo”, Ascânio Seleme, e a diretora de Redação da “Zero Hora” e jornais RS do Grupo RBS, Marta Gleich.