Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Governo planeja reestruturação do cenário midiático

As ações das empresas jornalísticas chinesas deram um salto na terça-feira [26/8], depois que o presidente Xi Jinping anunciou planos de criar novos grupos de mídia. A declaração, com poucos detalhes, pareceu sugerir uma reestruturação no panorama midiático chinês, que foi abalado nos últimos meses pelo expurgo de algumas figuras importantes da emissora estatal CCTV. O governo também pressionou empresas de internet no ano passado, num esforço para controlar a opinião pública.

Os novos grupos de mídia devem ser “fortes, influentes e ter credibilidade”, disse o presidente numa reunião na segunda-feira [25/8] com autoridades. Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, Xi Jinping convocou o Estado a “integrar as mídias tradicionais e as novas para diversificar o sistema de comunicações”.

De acordo com informações da BBC News, esta foi a primeira vez que o presidente falou sobre a integração dos veículos tradicionais e das novas mídias – fato que foi observado pelos jornais chineses. “É muito significativo que o presidente tenha exortado autoridades do setor publicitário a intensificar sua ‘maneira de pensar a internet’. Essa observação sugere que os principais líderes políticos estão plenamente conscientes das novas tendências da indústria jornalística”, declarou ao China Daily Chen Lidan, professor de Jornalismo da Universidade de Renmin.

“As atuais lideranças fortaleceram sua supervisão das mídias tradicionais. Por outro lado, vêm perseguindo veículos ilegais da internet e até criaram novas normas para controlar ferramentas de mídia como o serviço de mensagens WeChat. Portanto, não é difícil compreender a intenção dos principais líderes”, diz um artigo no Shanghai Securities Times.

Normas  mais rigorosas

Song Jiangwu, diretor da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Política e Direito da China, diz que as observações de Xi Jinping parecem indicar uma nova maneira de pensar das lideranças chinesas sobre as mensagens públicas. “As observações são um sinal de que as principais autoridades no Partido Comunista estão preocupadas com o futuro”, avalia. “Estão preocupadas com a influência das formas tradicionais de mídia e sua capacidade de comunicar.”

Os principais beneficiários do anúncio, pelo menos avaliando pelos preços de ações, foram o People.cn, o site mantido pelo Diário do Povo, a Shanghai Xinhua Media Co. e o grupo do Diário de Zhejiang. Os planos do presidente vêm na esteira de grandes mudanças, tanto nas novas quanto nas mídias tradicionais. Desde junho, a principal empresa estatal de televisão, a CCTV, sofreu um abalo depois que cerca de uma dúzia de editores e jornalistas foram detidos pelas autoridades como parte de uma investigação sobre corrupção. O episódio abalou a reputação da CCTV, mas pouca gente acredita que ela perca seu papel privilegiado.

Durante esse período, as redes sociais e os sites de chats sofreram uma repressão. Em agosto, foram anunciadas medidas que tornam mais rigorosas as regras para aplicativos de mensagens instantâneas, impedindo os blogueiros de divulgar “notícias” sem permissão especial. As redes sociais e sites do tipo Twitter, como o Sina Weibo, que se tornaram uma alterativa aos noticiários de última hora, sofreram uma repressão no ano passado sob a acusação de disseminar boatos.