Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornal crítico a Correa fecha

O jornal equatoriano “Hoy”, crítico ao presidente Rafael Correa, deixará de circular em todos os formatos, impresso e digital, a partir do próximo fim de semana. O impresso, que já havia deixado de circular diariamente em junho depois de 32 anos, culpou a “lei da mordaça” do governo. Um órgão público interveio na empresa citando “problemas financeiros”.

Em junho passado, a Superintendência de Empresas do Equador anunciou que dissolveria cerca de 700 empresas que reincidiram durante dois anos perdas de 50% ou mais do capital social e que não apresentaram medidas para inverter a situação.

A intervenção no jornal veio após a empresa anunciar em 29 de junho sua última edição impressa diária para mudar para um formato digital e uma publicação impressa somente nos fins de semana. Na ocasião, o “Hoy” culpou as supostas barreiras impostas pela Lei da Comunicação e os desafios da imprensa moderna.

“A perda gradual das liberdades e a limitação das garantias constitucionais sofridas no Equador”, assim como a “autocensura imposta pela força da Lei da Comunicação” foram razões citadas pelo jornal para colocar fim à sua edição impressa. A emopresa também citou o aparente “boicote publicitário ao Hoy”, o cancelamento de contratos de impressão e outras limitações para financiar as operações.

A versão do jornal foi imediatamente refutada pelo presidente do Conselho de Regulação da Comunicação do Estado (Cordicom), Patricio Barriga, que avaliou o fechamento como uma má administração da empresa.

O anúncio da eliminação da edição impressa coincidiu com o primeiro aniversário da entrada em vigor da Lei da Comunicação, descrita como “mordaça” por vários sindicatos de jornalistas e grupos de oposição.

Em meados deste mês, o jornal “Meridiano”, da cidade de Guayaquil, seguiu os passos do “Hoy” e interrompeu sua edição em papel, passando para uma versão online.

Correa, um dos principais impulsionadores da lei, considera que no país devem coexistir meios públicos, privados e comunitários, mas sujeitos à regulamentação para evitar o que ele chama de excessos da “imprensa corrupta”.