Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Repórter americana viaja escondida à Síria

Uma repórter da emissora americana CBS News viajou escondida para a Síria para entrevistar ocidentais que lutam com grupos rebeldes contra os EUA. Clarissa Ward afirmou ter passado apenas algumas horas no país e ter se sentido “confortável e segura”. Ela já esteve na Síria 11 vezes desde o início da guerra civil, mas esta foi a primeira viagem desde a divulgação de vídeos com decapitações de jornalistas e ameaças a ocidentais pelo grupo terrorista ISIS. “Ainda que qualquer viagem à Síria, ao Iraque ou a Gaza tenha certo nível de risco, não senti que esta viagem foi mais arriscada do que muitas outras feitas por jornalistas”, disse.

Desde agosto, o ISIS divulgou vídeos mostrando a execução de dois jornalistas americanos e dois trabalhadores voluntários britânicos. Nas imagens, um membro do grupo, mascarado, critica os governos americano e britânico e sempre ameaça uma próxima vítima.

Conhecendo o inimigo

A CBS não forneceu detalhes sobre os procedimentos de segurança adotados nesta última viagem de Clarissa. A jornalista começou a apurar a matéria em junho, quando entrou em contato, pela internet, com um jihadista holandês conhecido como Yilmaz. Além de entrevistá-lo, ela também conversou com um militante americano enquanto esteve na Síria. Os dois jihadistas se opõem aos EUA, mas nenhum deles pertence ao ISIS – Clarissa afirmou que não viajaria ao país para se encontrar com membros do grupo.

Steve Capus, produtor-executivo do CBS Evening News, estava entre os executivos que aprovaram a ida da jornalista à Síria. Capus – que era presidente da NBC News quando o correspondente da emissora, Richard Engel, foi sequestrado na Síria em 2012, afirmou que a decisão foi difícil, mas que não teria sido certo derrubar a matéria por causa das decapitações. “Eu acredito que nosso público queira saber contra quem estamos lutando… e quais são suas motivações”, disse ele.