Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ex-redator é condenado por escutas ilegais

O antigo redator-chefe do extinto jornal britânico News of the World Ian Edmondson foi condenado nesta sexta-feira, 7, a oito meses de prisão pela atuação nos escândalos das escutas telefônicas.

Edmondson, de 45 anos, tinha admitido perante a corte penal londrina de Old Bailey que praticou escutas ilegais durante a trajetória no jornal do magnata Rupert Murdoch. De acordo com a confissão, entre 2005 e 2010 o redator-chefe colaborou com o investigador particular Glenn Mulcaire para acessar as caixas do correio de voz de estrelas do esporte, atores e políticos.

Edmondson relatou perante o juiz que em razão do escândalo perdeu sua casa, atravessa uma depressão e é dependente de álcool. O antigo responsável do jornal esteve sentado entre os acusados desde as primeiras jornadas de um processo no qual seu antigo chefe, Andy Coulson, ex-diretor do News of the World, foi condenado a 18 meses de prisão em julho.

Edmondson era acusado de ter encarregado a Mulcaire pelo menos 334 escutas, entre elas a do músico Paul McCartney, dos atores Jude Law e Sienna Miller e da ex-ministra de Cultura Tessa Jowell.

A promotoria relatou no julgamento que Edmondson chegou a escutar os telefones dos próprios chefes. “Havia uma cultura muito agressiva para captar notícias. Parece que os fins justificavam os meios para conseguir histórias em um mercado extremamente competitivo”, disse o promotor Mark Bryan-Heron.

A advogada de Edmondson, Sallie Bennett-Jenkins, afirmou que o cliente tinha instruções diretas dos superiores para “utilizar Mulcaire”.

Em sua sentença, o magistrado John Saunders disse que o ex-redator-chefe só pode “culpar a si mesmo” pela situação que vive. “Estou satisfeito que esteja sofrendo uma depressão e outros problemas médicos. O senhor Edmondson foi demitido de seu trabalho no News of the World e perdeu sua reputação como jornalista”, disse o juiz.

“Na lista de vítimas do ‘hacking’ no qual Edmondson esteve envolvido constam celebridades, políticos e uma pessoa que era famosa por seus vínculos com a família real”, continuou. Para Saunders, “os fatos somados representam uma invasão da privacidade substancial que provocou mal-estar para muitas pessoas.”