Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas presos em repressão ao movimento de Fethullah Gulen

Em uma nova onda de repressão a seguidores do clérigo Fethullah Gulen, crítico ao presidente Recep Tayyip Erdogan, autoridades turcas prenderam, no domingo [14/12], 24 pessoas, entre jornalistas, produtores de TV e policiais.

De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, um tribunal emitiu 32 mandados de prisão para pessoas ligadas ao movimento do clérigo muçulmano moderado, que vive em autoexílio nos EUA. As prisões foram executadas em buscas em Istambul e em outras cidades turcas.

Entre os presos está o editor-chefe do jornal Zaman, Ekrem Dumanli, que foi levado da redação. O Zaman é o jornal de maior circulação do país. Centenas de pessoas se reuniram do lado de fora da redação à espera da polícia – uma fonte anônima que se identifica como “Fuatavni” havia informado sobre as ações policiais pelo Twitter. Os manifestantes gritavam frases como “A imprensa livre não pode ser silenciada”.

Fethullah Gulen, que vive na Pensilvânia, é acusado pelo governo turco de orquestrar um suposto plano para derrubar o presidente. O governo argumenta que os seguidores do movimento liderado pelo clérigo estariam por trás de alegações de corrupção que, em 2013, teriam forçado quatro ministros a pedir demissão.

Mídia crítica

Gulen, que já foi aliado ao presidente, nega as acusações. Há 50 anos, o clérigo fundou um movimento chamado Hizmet, que defende o serviço altruísta para o bem comum. Apesar de não ter estrutura formal, o movimento possui milhões de seguidores na Turquia – muitos deles em posições influentes no judiciário, mídia e indústria – e em mais de 150 países. Hoje, Gulen e Erdogan discordam sobre os caminhos que a Turquia deve seguir, e por isso o presidente acusa o clérigo de tentar minar seu governo.

Em discurso um dia antes das prisões, Erdogan prometeu “derrubar a rede de traição e fazê-la pagar”. As pessoas detidas são suspeitas, segundo a agência estatal Anadolu, de “fazer uso de intimidação e ameaças” para tentar tirar o poder do Estado.

Tanto o jornal Zaman quanto a emissora Samanyolu são afiliados ao movimento. Além do editor-chefe do jornal, também foi emitido um mandado de prisão para o executivo-chefe da emissora e para produtores de dois de seus programas. Associações de jornalismo da Turquia criticaram as buscas contra profissionais de imprensa, e a organização internacional Human Rights Watch declarou que as detenções pareciam “mais uma tentativa de reprimir a mídia crítica”.

Além dos jornalistas, policiais que seriam ligados ao movimento também foram presos.