Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Pelo menos 60 jornalistas mortos em 2014

Pelo menos 60 jornalistas foram mortos em 2014 por conta de seu trabalho, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. A organização com sede em Nova York chamou atenção para o alto índice de jornalistas internacionais na lista dos profissionais mortos – cerca de um quarto do total, o que classificou como incomum.

Segundo o relatório divulgado em 23/12, o total de jornalistas mortos em 2014 foi menor do que o de 2013, que terminou com 70, mas os últimos três anos foram os mais letais desde que o CPJ começou a registrar a contagem, em 1992. A organização ainda investiga outras 18 mortes para determinar se tiveram ligação com o trabalho jornalístico.

Pelo mundo

** A Síria – que entra em seu quarto ano de conflito – foi o país com o maior número de profissionais mortos: 17 no total. Desde 2011, 79 jornalistas foram assassinados no país.

** O conflito na Ucrânia entre o novo governo e os separatistas russos deixou cinco jornalistas e dois assistentes de mídia mortos – é a primeira vez desde 2001 que o CPJ registra no país a morte de um jornalista por ligação com seu trabalho.

** No Iraque, o número de jornalistas mortos também chegou a cinco – três deles cobriam confrontos entre o governo iraquiano e seus aliados contra o Estado Islâmico.

** Pelo menos quatro jornalistas e três assistentes de mídia morreram na cobertura dos 50 dias de conflito entre Israel e os territórios palestinos ocupados, entre julho e agosto. Os confrontos deixaram mais de dois mil mortos – a maioria civis – do lado palestino e 73 do lado israelense.

** Na Guiné, um radialista e dois assistentes de mídia foram encontrados mortos em uma tubulação de esgoto em um vilarejo onde haviam ido cobrir o surto do ebola.

** No Paraguai, pelo menos três jornalistas foram mortos em 2014 – na primeira vez, em sete anos, que o CPJ confirma uma morte ligada ao trabalho jornalístico no país. Um dos profissionais, o radialista Edgar Pantaleón Fernández Fleitas, foi morto a tiros logo após apresentar um programa em que acusava juízes, advogados e autoridades locais de corrupção.

Brasil teve duas mortes confirmadas

** Pedro Palma, dono de um jornal semanal em Miguel Pereira, no Rio de Janeiro, foi assassinado a tiros por dois homens de moto em fevereiro. Seu jornal, Panorama Regional, costumava denunciar casos de corrupção no governo local.

** O cinegrafista Santiago Andrade, que trabalhava para a Bandeirantes, morreu quando filmava um confronto entre policiais e manifestantes no centro do Rio de Janeiro, também em fevereiro. Santiago foi atingido por um rojão na cabeça.

Números que assustam

** De acordo com a pesquisa do CPJ, 31% dos jornalistas mortos em 2014 haviam sofrido ameaças de morte.

** Oito dos 21 países que tiveram jornalistas mortos fazem parte do Índice de Impunidade da organização, que lista países com alto índice de assassinatos de jornalistas e onde normalmente os assassinos não são punidos.

** 68% dos profissionais mortos em 2014 cobriam política, 60% cobriam guerras e 55%, direitos humanos.