Os dois jornalistas da Al Jazeera condenadosno Egito por disseminar notícias falsas e ajudar um grupo terrorista enfrentarão novo julgamento. A primeira audiência está marcada para quinta-feira [12/2]. A notícia, anunciada de forma inesperada pelos oficiais egípcios, pode ser considerada uma ducha de água fria nas esperanças de que o egípcio-canadense Mohamed Fahmy fosse deportado, assim como ocorreucom o jornalista australiano Peter Greste.
Greste foi entregue à Austrália no início de fevereiro, depois de passar 400 dias na prisão. Junto com Mohamed Fahmy e Baher Mohamed, ele havia sido julgado e condenado por, supostamente, dar apoio à Irmandade Muçulmana – facção ligada ao presidente deposto em 2013 – com suas reportagens. O julgamento dos três foi considerado falho e o governo e judiciário egípcios receberam duras críticas internacionais, acusados de usar motivação política para cercear a liberdade de imprensa.
Após a deportação de Peter Greste para a Austrália, onde foi recebido como herói, familiares de Mohamed Fahmy esperavam que, por conta de sua dupla cidadania, ele fosse o próximo a sair da cadeia. O ministro das Relações Exteriores do Canadá chegou a afirmar que sua deportação era iminente. Porém, o anúncio de um novo julgamento aparentemente acabou com as esperanças de que isso ocorra.
Agora, tanto Fahmy como o egípcio Baher Mohamed, que, por não ter nenhuma outra nacionalidade, não tinha chances de deportação, terão que enfrentar novamente o judiciário egípcio.
Família de canadense critica anúncio
De acordo com parentes de Fahmy, as autoridades egípcias chegaram a fazer um acordo com ele para que renunciasse a sua nacionalidade egípcia em troca da liberdade. Porém, mesmo com a renúncia, ele não foi libertado. “O procurador-geral está complicando a questão, mesmo após o presidente e o primeiro-ministro terem expressado o desejo de que ele seja libertado o mais rápido possível. Sim, nós estamos preocupados e estamos decepcionados pela posição conservadora do governo canadense nesse caso”, declarou a família do jornalista.
Se para Mohamed Fahmy o anúncio do novo julgamento foi considerado uma má notícia, para o egípcio Baher Mohamed ele foi visto como uma nova esperança de ver sua situação resolvida nos tribunais.