Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Brasileiro executado na Indonésia teve extrema-unção negada

Um brasileiro que foi executado por fuzilamento na Indonésia no mês passado foi arrastado gritando e chorando de sua cela e, conforme foi dito, teve negado o acesso a um padre para seus últimos sacramentos.

Na mais recente revelação prejudicial à diplomacia entre os dois países, o homem que supostamente daria conforto a Marco Archer Cardoso Moreira foi impedido de fazê-lo no último minuto. Em vez disso, o condenado traficante de drogas foi deixado chorando “até seus minutos finais”, de acordo com um horrível relato do incidente dado à mídia australiana [ver aqui] pelo padre Charles Burrows.

Moreira foi morto por um pelotão de fuzilamento, em 18 de janeiro, na ilha de Nusakambangan e, como católico, era esperado que fosse permitida a presença de um padre para administrar os últimos sacramentos e oferecer consolo. O padre Burrows, porém, não foi autorizado a ir até a ilha, após uma aparente confusão administrativa, e disse que a embaixada brasileira ficou “muito aborrecida” com o que ocorreu. “Ninguém consolou Marco”, disse. “Ele teve de ser arrastado de sua cela, chorando e dizendo ‘me ajude’.” Padre Burrows disse que Moreira teve de ser lavado com jatos d’água pelos guardas, depois de ter “defecado nas calças”.

A notícia chegou ao mesmo tempo em que a Indonésia chamou de volta o seu embaixador no Brasil por causa de um imbróglio ainda em curso sobre as suas credenciais diplomáticas.

O embaixador Toto Riyanto foi recebido pela própria presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em uma cerimônia em Brasília, na sexta-feira, mas retornou à Indonésia após ela protelar a aprovação de suas credenciais. Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Indonésia disse que era uma afronta inaceitável protelar a aprovação, sendo que o embaixador designado já estava no palácio.

Sabe-se que o Brasil está profundamente aborrecido com a determinação da Indonésia de executar outro de seus cidadãos, Rodrigo Gularte, juntamente com sete outros estrangeiros, incluindo Lindsay Sandiford, uma senhora britânica. Gularte, de 42 anos, foi condenado por traficar cocaína para a Indonésia e está no corredor da morte desde 2004, mas seus advogados dizem que ele sofre de esquizofrenia paranoide e que, portanto, deveria ser poupado da execução, de acordo com a lei indonésia.

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Adam Withnall, do Independent