Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jovens leem notícias todos os dias

É comum ouvir dizer que jovens adultos estão cada vez mais aliados das notícias. Mas uma pesquisa, feita pelo The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research e pelo American Press Institute, mostra que aparelhos móveis, como smartphones e tablets, e as redes sociais estão deixando os jovens cada vez mais engajados com o que acontece no mundo do que se pensava.

Eles querem acessar notícias, mas não buscam por elas. Mas quando algo aparece no perfil de um amigo na rede, por exemplo, eles não hesitam em ler. E querem informação diariamente. A pesquisa, com americanos entre 18 e 34 anos, concluiu que dois terços acessam notícias on-line diariamente, geralmente via redes sociais. Desses, 40% o fazem várias vezes ao dia.

É uma tendência que vem crescendo: cada vez mais jovens se atualizam embora não leiam de fato um jornal ou assistam ao noticiário da noite na TV. Os resultados serão apresentados na segunda-feira na convenção anual da Newspaper Association of America. “Acho que as pessoas não imaginam que a gente sabe o que sabe”, afirma a universitária Erica Quinn, de 24 anos.

Entre outras coisas, os entrevistados disseram que o consumo de notícias e informações em vários dispositivos foi na maioria das vezes provocada por um interesse em questões cívicas, por razões sociais, incluindo a discutir um tema com os amigos, ou porque simplesmente encontrá-lo agradável.

Na maioria das vezes, os entrevistados afirmam que o consumo de notícias e informações no geral através de dispositivos variados foi provocado pelo interesse em questões civis e sociais, incluindo temas que pudessem ser discutidos com amigos. De acordo com a pesquisa, os jovens tendem a ver notícias sobre estilo de vida através do Facebook, mas buscam os sites mais tradicionais quando querer ler notícias mais quentes.

Consumo passivo

Se quando Marilu Rodriguez, de 29 anos, era criança assistia ao noticiário com a família depois da novela, agora seu smartphone é seu portal para o mundo, onde ela acessa as redes sociais e os sites de notícias enquanto viaja de trem até o trabalho. Como muitos que participaram da pesquisa, muito do que ela lê vem de seus diferentes amigos através das redes sociais. Considerando-se uma pessoa que busca notícias ativamente, ela ainda assiste a telejornais, mas acredita que a cobertura é muitas vezes enviesada e há uma carência de histórias de cunho mais sério.

Ainda assim, apenas 39% dos entrevistados dizem ser como Marilu, que procura notícias, em face a 60% que geralmente acaba dando de cara com o conteúdo conforme navega pelo Facebook e outros, funcionando como consumidores passivos.

Por outro lado, observa o diretor executivo da American Press Institute Tom Rosenstiel, muitos desses participantes passivos acabam comentando em uma notícia compartilhada por um amigo ou mesmo procura por mais informações por não se ver convencido pelo que leu. “Há um nível de atividade ou participação que não era nem possível em antigamente”, lembra Rosenstiel, que observa que 70% dos jovens pesquisados afirmam que seus feeds de notícias têm uma diversidade grande de pontos de vista, o que aumenta as chances de uma leitura com uma maior variedade de conteúdo.

No geral, a pesquisa constatou que o jovem adulto médio usa regularmente três ou mais plataformas de rede social, entre elas Twitter, YouTube e, por vezes, Tumblr e Reddit, enquanto os adultos mais jovens costumam usar quatro redes sociais.

Embora seja positivo que as pessoas estejam envolvidas com os assuntos diários, o professor de educação no Mills College Joseph Kahne, defende que é preciso ter cuidado com a credibilidade dos sites, já que há cada vez mais fontes desconhecidas. “Isso também significa que precisamos nos tornar cada vez mais sofisticados, fazendo julgamentos quanto à credibilidade que antes eram feitos pelos editores de notícias”, considera Kahne.

O levantamento foi feito com 1.046 jovens adultos, do dia 5 de janeiro até 2 fevereiro deste ano pelo Insight Media Project, uma parceria entre o Centro de AP-NORC e o American Press Institute, que financiou o estudo.