Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Chamados de ‘pizzaiolos’, senadores querem voto de censura

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 17 de julho de 2009


 


POLÍTICA
Eugênia Lopes


Senado avalia voto de censura a Lula


‘Um dia após derrotarem o governo na indicação de um diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), os senadores voltaram a retaliar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou a oposição pela criação da CPI da Petrobrás e os chamou de ‘bons pizzaiolos’. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou requerimento de voto de censura contra Lula.


Pelo menos 11 senadores assinaram o requerimento que, agora, será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de ser levado a plenário. ‘Esse voto de censura visa à história. Daqui a 50 anos, os historiadores vão ver essas declarações que Lula deu’, disse Cristovam. ‘Existem aqueles que podem ser pizzaiolos e ele sabe quais são. Em geral, são os que estão mais próximos a ele hoje. E existem aqueles que não são. Ele generalizou e ofendeu toda a nossa instituição.’


Indignados, os senadores fizeram questão de observar que Lula chamou de ‘pizzaiolos’ os parlamentares que são da base aliada. Na CPI da Petrobrás, a maioria governista é expressiva, são oito votos do governo contra apenas três da oposição.


‘Na medida em que o Lula diz que vai dar pizza, está criticando os próprios companheiros de governo. Só vai dar pizza se a maioria quiser e a maioria está com ele’, disse o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).


Às vésperas do recesso parlamentar e com o plenário praticamente vazio, Cristovam conseguiu assinaturas de parlamentares não só de oposição. Membros do PTB, do PDT e do PMDB apoiaram o voto de censura, além do DEM e do PSDB.


‘Esse requerimento mostra a nossa indignação’, comentou o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). ‘Normalmente se censura um filho, uma pessoa subalterna. Aqui, como somos iguais, são poderes iguais. Estamos censurando o chefe do Executivo, porque realmente não soube se comportar como tal.’


O único a defender Lula foi o líder do PTB, Gim Argello (DF). ‘O negócio é que o presidente fala a linguagem popular, mas ele não teve intenção de ofender os senadores’, afirmou.’


 


 


Tutty Vasques


Reage, pizzaiolo!


‘Falta aos milhares de brasileiros especializados no preparo de pizzas uma associação profissional que zele pela imagem da categoria. Como já fazem, aliás, entidades de classe como a das enfermeiras e a das secretárias, também. Mexe com elas só pra ver: qualquer insinuação de vida fácil no ambiente de trabalho rende boas indenizações ao orgulho corporativo ferido dessa gente. Da maneira como os pizzaiolos se deixam maltratar na mídia, francamente, nem as louras apanham caladas desse jeito.


A gritaria dos senadores de oposição chamados por Lula de ‘bons pizzaiolos’ é o cúmulo da humilhação. Nenhum burro fica chateado quando a torcida lembra dele para xingar o técnico do seu time, mas pizzaiolo é gente, caramba, precisa ver se não se importa de servir de palavrão, ‘uma expressão italiana para dizer que esta casa não vale nada’, na tradução polida de Cristovam Buarque. Teve senador que reagiu um tom acima: ‘Pizzaiolo é a mãe!’ Imagina a situação de quem ganha a vida honestamente fazendo pizza.’


 


 


Eugênia Lopes


Presidente de conselho desdenha opinião pública


‘O novo presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque (PMDB-RJ), disse que não está preocupado com o que a opinião pública possa pensar dele, um aliado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Caberá a Duque presidir as sessões de julgamento do presidente da Casa, alvo de uma denúncia por quebra de decoro e de quatro representações.


‘Não estou preocupado com isso. A opinião pública é muito volúvel. Ela flutua’, afirmou ontem. ‘Não temo ser cobrado por nada. Quem faz a opinião pública são os jornais, tanto que eles estão acabando..’ Duque observou ainda que ‘nomeações políticas sempre existiram desde que o Brasil é República, desde que o Brasil foi descoberto’.


Na quarta-feira, logo depois de ter sido eleito presidente do Conselho de Ética, numa manobra feita pelos aliados de Sarney e de Renan, Duque admitiu as ligações políticas. ‘Não existe independência total na política. Isso existe em todo o Congresso Nacional, em todo lugar e aqui também.’


Ele acrescentou ainda que o Senado cassou até hoje apenas um parlamentar – Luiz Estevão (PMDB-DF), no ano 2000, por supostamente ter desviado R$ 169 milhões das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo.


Como presidente do Conselho de Ética, Duque tem poderes para mandar arquivar sumariamente as denúncias e a representação do PSOL que pedem a cassação do mandato do presidente do Senado. A oposição já avisou, no entanto, que vai recorrer, caso o presidente do conselho barre as investigações ainda no início. Ao ser indagado sobre o que fará com a representação, Duque enfatizou que ‘vai fazer o que o regimento manda’.


No dia 25 de junho, Duque recebeu a missão do PMDB para ler nota divulgada por Sarney sobre reportagem do Estado referente à ligação de um neto do presidente da Casa, José Adriano Cordeiro Sarney, na venda de empréstimos consignados para servidores, por meio da empresa Sarcris. Duque leu ainda a resposta do neto.


Paulo Duque é o segundo suplente de Sérgio Cabral (PMDB), que no fim de 2006 renunciou à vaga para assumir o governo do Rio de Janeiro. O primeiro suplente, Régis Fichtner, deixou a vaga para Duque por ter assumido a chefia da Casa Civil do governo de Cabral.


Esta não é a primeira vez que um parlamentar diz não se importar com a opinião pública. Em maio, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), primeiro relator do processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG), conhecido como ‘o deputado do castelo’, declarou estar ‘se lixando para a opinião pública’, ao assumir que opinaria pela absolvição do parlamentar.


Edmar respondeu a processo por quebra de decoro por ser suspeito de ter beneficiado as próprias empresas com o uso de dinheiro da Câmara. Acabou absolvido, mas Sérgio Moraes foi afastado do caso.’


 


 


TV PÚBLICA
Wilson Tosta


TV Brasil vai contratar serviços por concurso


‘A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal que opera a TV Brasil, mudou de estratégia para superar alguns obstáculos legais que atrasavam e tornavam lenta a contratação de produtores independentes para seus programas. A instituição anunciou ontem seu primeiro edital para contratar uma produção por concurso, uma das quatro alternativas estabelecidas pela Lei 8.666/93 (Lei de Licitações) para compra de produtos e serviços por entes públicos.


Com a iniciativa, para comprar 36 programas de 36 minutos sob o tema ‘Meio Ambiente e Sustentabilidade’, a estatal espera ganhar agilidade. Segundo a presidente da EBC, Tereza Cruvinel, outro tipo de licitação, por técnica e preço, para escolher quem faria o programa Revista África, demorou nove meses. ‘Levamos muito tempo cumprindo rituais da Lei 8.666’, disse. ‘Por técnica e preço, se tornou inviável.’


A saída da EBC para evitar problemas semelhantes, segundo Tereza, foi utilizar o chamado ‘pitching’, forma internacionalmente reconhecida de escolha de produtores audiovisuais independentes. O edital, cuja publicação no Diário Oficial da União está prevista para hoje, estabelece escolha em duas etapas. Na primeira, serão selecionados dez finalistas; na segunda, em sessão pública e aberta, será escolhido o vencedor. O valor é R$ 1.080.000,00, a ser pago em nove parcelas de R$ 120 mil. As inscrições começam hoje e irão até 2 de setembro. O resultado sairá em outubro.


‘A lei que criou a EBC prevê que a produção independente faça aporte complementar de conteúdos para a TV pública’, disse Tereza. O diretor de Conteúdo da EBC, Roberto Faustino, disse que o programa será exibido em 2010, das 22 horas às 22h40, provavelmente às quintas-feiras, da terceira semana de março à segunda semana de dezembro.’


 


 


VENEZUELA
AP, AFP e Efe


Opositor é proibido de sair da Venezuela


‘A Justiça venezuelana proibiu o presidente da TV Globovisión, Guillermo Zuloaga, de deixar o país e o convocou a se apresentar periodicamente perante um tribunal por causa de um processo por ‘sonegação de mercadoria’. A Globovisión é a única emissora crítica ao presidente Hugo Chávez que ainda transmite em canal aberto – embora só para as três principais cidades do país.


Segundo o governo venezuelano, ela pode perder ‘50% de sua concessão’, embora as autoridades não tenham explicado como isso pode afetar suas operações. ‘Isso é um terrorismo judicial’, disse Zuloaga. ‘Eles presumem que eu poderia fugir do país ou obstruir a Justiça. Não vou fugir.’


Zuloaga, foi indiciado pelo delito de ‘usura’ por armazenar ilegalmente 24 carros novos. Ele também é dono de uma concessionária e os veículos foram encontrados em maio, após uma busca em uma de suas casas, em Caracas.


Segundo a oposição, o processo contra o empresário faz parte de uma estratégia para intimidar a imprensa. Chávez já ameaçou cassar a licença da Globovisión várias vezes.


‘Isso é o fim do mundo. A Justiça emite uma ordem para que um cidadão não deixe o país para que possa responder a um processo por armazenar veículos ilegalmente e eles se defendem dizendo se tratar de um ataque à liberdade de expressão’, reclamou Diosdado Cabello, ministro de Obras Públicas, que também está à frente da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel). Cabello explicou que o Estado pode recuperar 50% da concessão da Globovisión porque a licença foi entregue 14 anos atrás para duas pessoas, e uma delas morreu.


Horas antes das declarações de Cabello, um promotor convocou dez trabalhadores da Globovisión para testemunhar sobre transmissões do canal. Em um programa de outubro, um convidado disse que Chávez terminaria como Benito Mussolini, ‘pendurado de cabeça para baixo’.


Cabello também anunciou que hoje se iniciam os procedimentos administrativos contra rádios que transmitem sem concessão. Segundo o governo, 240 emissoras serão tiradas do ar por não terem entregado documentos requeridos em um processo de recadastramento. Em maio de 2007, Chávez se recusou a renovar a concessão da RCTV, emissora de oposição e TV aberta de maior audiência do país. Agora, a Conatel vem tentando aumentar o controle sobre as redes que transmitem por cabo – o que afetaria novamente a RCTV.


CURIEPE


A calma voltou ontem a Curiepe, no Estado de Miranda, onde, na véspera, manifestantes enfrentaram soldados da Guarda Nacional depois de terem tentado invadir uma delegacia de polícia. Seis pessoas ficaram feridas no choque.’


 


 


AP e Efe


TV é alvo de multas e processos


‘Uma série de processos jurídicos e administrativos foi aberta contra a Globovisión nos últimos meses. Em junho, a TV foi multada em US$ 3,1 milhões por sonegar impostos sobre mensagens institucionais entre 2002 e 2003. A Globovisión lançou uma campanha para arrecadar nas ruas o dinheiro para pagar o que devia e a multa foi aumentada para US$ 4 milhões. Em abril, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, acusou a Globovisión de ‘terrorismo midiático’ por ter divulgado a intensidade de um terremoto em Caracas com base em informações do Serviço Geológico dos EUA e não de autoridades venezuelanas. Segundo a Comissão Nacional de Telecomunicações, por causa disso, a TV pode ser tirada do ar por 72 horas ou até definitivamente.’


 


 


CORÉIA DO NORTE
Chang Jae-soon, Associated Press


Filme sobre Kim pode ser mau sinal para ele


‘A Coreia do Norte começou a produzir seu primeiro documentário sobre a vida de Kim Jong-il, enquanto persistem as especulações sobre a saúde do líder de 67 anos e seu sucessor.


A retrospectiva constituiria um raro reconhecimento de que Kim está envelhecendo. O jornal Chosun Ilbo, da Coreia do Sul, comentou ontem que o regime começou a produzir um filme sobre o pai de Kim, Kim Il-sung, fundador da República Democrática Popular, em 1993 – um ano antes de sua morte por problemas cardíacos.


Kim-filho é o personagem de um intenso culto à personalidade herdado do pai. Falar de sua saúde é considerado tabu no país totalitário e as autoridades norte-coreanas desmentem energicamente as notícias de que o líder teria sofrido um derrame.


O analista Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk de Seul, disse que o objetivo da iniciativa é, aparentemente, preparar o terreno para a nomeação de um dos filhos de Kim como seu sucessor.


‘Um documentário sobre Kim Jong-il estaria estreitamente relacionado a Kim Il-sung’, disse o professor. ‘E poderia ser usado para demonstrar o fato inevitável de um filho (de Kim Jong-il) assumir o governo de modo que o povo norte-coreano aceite a sucessão como uma questão de tradição.’ Desde o início do ano, tem sido amplamente noticiado que o caçula de Kim, Kim Jong-un, de 26 anos, está sendo preparado para sucedê-lo, mas o regime não comenta o fato.


Desde 1994, Kim governa a nação comunista com autoridade absoluta, o que provoca o temor de que sua morte possa desencadear uma luta pelo poder se ele não nomear um sucessor.


Uma TV sul-coreana disse recentemente que Kim – que teria sofrido um derrame em agosto do ano passado – também tem câncer no pâncreas e não deve viver mais de cinco anos.


Entretanto, alguns analistas questionaram a reportagem, afirmando que as constantes aparições públicas de Kim este ano tornam improvável que ele tenha câncer.


A imprensa norte-coreana divulgou, na terça-feira, novas imagens de Kim visitando uma fábrica, em que ele está bastante magro, mas não parece pior do que em outras fotos recentes.’


 


 


IRÃ
The Guardian


Nokia sofre boicote por ‘apoio’


‘Consumidores iranianos decidiram boicotar os produtos da finlandesa Nokia, maior fabricante de celulares do mundo, por sua suposta colaboração à repressão dos protestos após as eleições presidenciais no Irã. A Nokia-Siemens vendeu sistemas de monitoramento de comunicações ao governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad durante a crise. De acordo com comerciantes em Teerã, as vendas de produtos da empresa caíram pela metade depois que o boicote começou. Manifestantes estão até evitando enviar mensagens de texto em protesto contra a cumplicidade das telefônicas com o governo.’


 


 


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Google tem receita e lucro maiores


‘O lucro e a receita do Google aumentaram no segundo trimestre, apesar das condições difíceis no mercado publicitário. A companhia anunciou ontem receita trimestral de US$ 5,52 bilhões, ante US$ 5,37 bilhões no mesmo período de 2008. O lucro líquido foi de US$ 1,48 bilhão, frente a US$ 1,25 bilhão, no mesmo período de 2008. A companhia teve lucro de US$ 5,36 por ação, acima dos US$ 5,08 por ação esperados pelos analistas de Wall Street.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


TV quer crescer 8%


‘Os pessimistas esperam 5%. Para os otimistas, a TV deve crescer cerca de 8% em faturamento no segundo semestre do ano. As apostas para essa driblada na crise são muitas: na Record, os patrocínios de A Fazenda e os da Olimpíada de Inverno prometem engordar o cofre da emissora.


‘Prevemos aqui um crescimento de 15% em faturamento no segundo semestre’, aposta o vice-presidente Comercial da Record, Walter Zagari.


Willy Haas, superintende Comercial da Globo, acredita que a TV voltará a aumentar sua participação no bolo publicitário. ‘A TV deve apresentar um excelente desempenho, com crescimento entre 5 e 6%.’ . Na Globo, o segundo semestre ganha reforço das vendas das cotas do BBB.


No SBT, o crescimento esperado é de 15%, enquanto a Rede TV! calcula que deve faturar 20% a mais que no mesmo período do ano anterior.


‘Prevíamos crescer 8% no ano todo, mas chegamos a 9,8% só no primeiro semestre. Esperamos mais 12% para o segundo’, fala Marcelo Mainardi, diretor Comercial da Band, que assim como a Globo, já conta com a venda antecipada de patrocínios para a Copa de 2010.’


 


 


Efe


30 Rock recebe 22 indicações para o Emmy


‘A série 30 Rock conseguiu 22 indicações para o prêmio Emmy, o maior número obtido por uma comédia na história da premiação, segundo anúncio feito na sede da Academia de Artes e Ciências da Televisão, em Hollywood. Entre as indicações, estão a de melhor série de comédia – categoria em que já venceu no ano passado -, melhor atriz de comédia (Tina Fey) e melhor ator de comédia (Alec Baldwin). A série que venceu no ano passado como melhor drama, Mad Men, obteve 16 indicações, entre elas novamente a de melhor série de drama, melhor ator de drama (Jon Hamm) e melhor atriz de drama (Elizabeth Moss).’


 


 


MICHAEL JACKSON
Jotabê Medeiros


Programa de funeral traz raridades


‘A boquirrota irmã La Toya despediu-se de Michael Jackson lembrando a faceta megalomaníaca do irmãozinho: ‘Michael, me lembro de você sentado numa cadeira em seu quarto vendo na TV os prêmios Grammy de 1980, chorando porque só tinha ganho um Grammy e dizendo: ?Preste atenção, La Toya, meu próximo disco vai vender mais e ganhar mais Grammys que qualquer outro na história da música… Eu vou ser o maior e o melhor entertainer de todos os tempos.?’


O irmão de Michael, Tito, lembra de como o irmão pop star desenvolveu um sapato que mostrava resistência à gravidade. A irmã Rebbie cita a Bíblia e diz que vai chegar o tempo em que Jackson andará de novo sobre a Terra, quando o mundo ‘será um Paraíso, um lugar livre da pobreza e da corrupção’.


Todos esses depoimentos da família de Michael estão no Programa Oficial do funeral do cantor, distribuído a apenas 18 mil pessoas na cerimônia do Staples Center, em Los Angeles, no dia 7 de julho. Tornado raridade, o programa do Michael Jackson Memorial Service já está sendo vendido por até US$ 1 mil (R$ 2 mil) no eBay, site de vendas online.


O documento traz, além das mensagens da família, fotos raras do artista – Michael aparece com seus amigos Diana Ross e Liz Taylor, com personalidades como Nelson Mandela, Bill e Hillary Clinton, Ronald Reagan e o mímico Marcel Marceau. Há uma raríssima foto da família inteira no documento, sem data, mostrando Michael ao centro (devidamente ‘uniformizado’ como Rei do Pop), cercado pelos filhos.


A babá de Michael, Grace Rwaramba, aquela mesma que apareceu nos tabloides falando de como ajudou a desintoxicá-lo, conta de como passou 17 anos cuidando do astro. O filho de Marlon Brando, Miko, lamenta que sua filha tenha perdido o padrinho. Todos os sobrinhos assinam: Jermajesty, Austin, Royal, Brandi, Stacy, Yashi, Jaimy, entre outra dezena.


O mercado funerário de Michael alimenta todo tipo de comércio na internet – vendem-se também as pulseiras utilizadas e os ingressos oficiais. Mas é preciso atenção nesse comércio: o maior funeral do show biz na História também tem diversas cópias piratas sendo vendidas, só que por preços mais baratos (entre US$ 16 e US$ 26). Essas cópias fajutas já eram vendidas no dia do velório-monstro por camelôs na frente do Staples Center.


Na contracapa do programa, aparece a primeira foto de Jackson como artista, uma reprodução de um recorte de jornal de Gary, Indiana, que mostra o cantor e seus irmãos após vencerem um concurso de talentos no Gilroy Stadium. Michael aparece à frente do prêmio, um troféu como os de futebol.


Memorabilia sempre foi um bom negócio, mas no caso Jackson atinge dimensões inesperadas. Em Londres, os ingressos para os shows que o cantor faria estão valendo mais do que o próprio show – o tíquete tem um holograma em que ele aparece dançando, e está virando coqueluche. O catálogo do funeral-show vale muito, mas os fãs também parecem dispostos a comprar tudo que apareça a partir de agora.


Ontem, a empresa Nielsen SoundScan informou que a venda de discos de Michael Jackson continua crescendo assombrosamente desde sua morte. Já são 9 milhões de cópias vendidas desde 25 de junho. Foram 1,1 milhão de cópias apenas na última semana – nos Estados Unidos, foram 2,3 milhões de discos nas três semanas posteriores à morte.


A Sony Music, que controla o catálogo dos discos-solo de Michael, não comentou os números, mas Michael Jackson já está no topo das vendas em países como França, Alemanha, Austrália e no Reino Unido nas últimas três semanas, segundo o jornal Los Angeles Times.


Gary Arnold, executivo americano da cadeia de lojas Best Buy, disse que fãs e consumidores estão buscando coisas que possam conectá-los com o passado de Jackson, para tentar compreender melhor a tragédia de sua morte. Segundo Arnold, a busca não é só pelo material mais consagrado do artista, como o disco Thriller, mas tudo de sua carreira.


Um porta-voz da Amazon.com, Andrew Herdener, disse que o site tem recebido mais encomendas de CDs e MP3 de Michael Jackson nessas últimas 24 horas do que nos últimos 11 anos.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 17 de julho de 2009


 


CENSURA
Folha de S. Paulo


Juiz proíbe que Simão fale de Juliana Paes


‘O juiz João Paulo Capanema de Souza, do 24º Juizado Especial Cível do Rio de Janeiro, determinou que o colunista José Simão, da Folha, se abstenha de fazer referências à atriz Juliana Paes, confundindo-a com a personagem ‘Maya’, da novela ‘Caminho das Índias’, da Rede Globo, sob pena de multa de R$ 10 mil por nota veiculada nos meios de comunicação..


A atriz moveu duas ações de indenização, uma contra o jornal e outra contra o colunista. Ela alega que Simão ‘vem publicando reiteradamente nos meios de comunicação em que atua, sobretudo eletrônicos (internet), textos que têm ultrapassado os limites da ficção experimentada pela personagem e repercutido sobre a honra e moral da atriz e mulher e sua família’.


Anteriormente, a atriz havia ajuizado ação só contra a Folha na 4ª Vara Cível do Rio de Janeiro, mas não obteve a medida liminar. No último dia 6, o juiz Carlos Alfredo Flores da Cunha indeferiu o pedido.


Segundo Flores da Cunha, ‘atriz famosa, a autora será alvo de comentários e críticas, isto é inevitável. E não é possível, de antemão distinguir o que é mera informação, crítica jornalística, comentário irrelevante, ofensa etc. Tratando-se, portanto, de matéria controvertida, desacolho o pleito de antecipação de tutela’.


Ao conceder a antecipação de tutela, o juiz Capanema de Souza disse não ver ‘ofensa ou aspecto pejorativo’ nas considerações do colunista ‘sobre a ‘poupança’ da atriz ou sobre o fato de sua bunda ser grande’, já que ‘sua imagem esteve e está à disposição de quem quisesse e ainda queira ver’, e qualificá-la ‘nos limites do tolerável’.


Mas considerou que o colunista ofendeu ‘a moral da mulher Juliana Couto Paes, seu marido, sua família’, ao ‘jogar com a palavra ‘casta’ e dizer que Juliana ‘não é nada casta’..’


José Simão diz que tomou conhecimento das ações ao ler a coluna do jornalista Ancelmo Gois, na edição desta quinta-feira no jornal ‘O Globo’.


‘É censura. A pessoa não pode determinar quando e o que falar dela. Isso tolhe totalmente a liberdade de expressão’, afirmou. ‘Na hora em que estava escrevendo, achava que estava elogiando a atriz. Não quero me retratar’, disse Simão.


Segundo o colunista, ‘a imagem que Juliana Paes passa para o Brasil é que ela é a ‘gostosa’, e que todo homem fica ‘babando’. Não vejo por que o termo ‘casta’ ofende uma mulher moderna, liberada, atriz da Globo. Para mim, casta é pudica, e eu não admiro pessoas castas. É coisa medieval’, afirmou.


As advogadas Taís Gasparian e Mônica Galvão, que representam a Folha, consideram que a decisão do juiz Capanema de Souza ‘trata o humor como ilícito e, no fim das contas, é a mesma coisa que censura’.’


 


 


TECNOLOGIA
José Sarney


Guerra virtual


‘EU PASSEI pelo lápis, pelo tinteiro, pela caneta-tinteiro, pela esferográfica, pela máquina de escrever manual e elétrica e desembarquei no computador. Não é que agora estou mergulhado nesse mundo da rede, que não tem um centro gerador e que cresce como uma teia de aranha, sempre que se fia mais.


Agora, eis-me acompanhando a guerra de titãs que vejo nos jornais entre Windows e Google e sou envolvido nas disputas pelos chips menores, os aplicativos mais vastos e que eu nunca saberei todos porque são tantos que os anos não aguentam mais.


Chrome ou Windows 7? Esta é a nova disputa no mercado, até agora dominado amplamente pela Microsoft, que com versões de Windows equipa 90% dos computadores do mundo. Agora a Google, a segunda gigante dos softwares, anuncia que está preparando sistema operacional aberto, que pode ser manuseado e modificado por todo mundo, sem infringir patentes e desafiar segredos -que será distribuído gratuitamente.


A resposta da Microsoft é lançar uma versão mais simples do seu sistema operacional, com o acréscimo de um processador de textos e de uma planilha rudimentares, emuladores dos clássicos do Office, o Word e o Excel. Aqui para mim já melhora.


A Microsoft ameaça vender um sistema operacional -com preço de cerca de R$ 400- que terá um concorrente de grande porte gratuito. O Chrome OS vai chegar com toda a força e será um sucesso garantido. A dúvida é se vai ou não ganhar a guerra com o novo sistema Windows. A Google não tem entrado no mercado para perder, e sua aposta em serviços de rede, como o YouTube, o Gmail, o Orkut, e de desktop, como o Google Earth, mostram sua capacidade de inovar e ganhar as apostas.


O Google Earth, por exemplo, é para mim um milagre, com sua capacidade de mostrar na tela a casa de todo mundo no mundo, inclusive a minha.


Nesta batalha, o mundo da alta tecnologia vai tendo seus sucessos paralelos, como os telefones que fazem tudo, o iPhone da Apple, que se tornou a moda que cada dia avança mais sobre os telefones celulares convencionais, forçando a criação de outros telefones que fazem também uma porção de outras coisas, a começar por dominar o correio eletrônico.


Os novos computadores da Apple, anunciados como mais fáceis de operar, estão sendo vendidos por US$ 1.500 nos Estados Unidos. Agora estou com medo dos livros.


Querem que eles saiam do papel para a telinha. Estão surgindo para ler livros e jornais aparelhos como o Kindle, da Amazon, a maior livraria do mundo. Mas eu ainda continuarei com os meus velhos amigos, aprendendo sobre tudo isso nos jornais e nos livros de papel. E, aos vencedores, as batatas.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Lavar as mãos


‘Fim de tarde na Globo e o ministro José Gomes Temporão informa sobre a ‘evidência de que o vírus circula no território nacional’. E ‘trata-se de paciente do Estado de São Paulo’. Destaque no alto do portal G1, da Globo, ‘São Paulo: a vítima tinha 21 anos e fazia cursinho’. Logo abaixo, ‘Saiba como lavar as mãos para se proteger’.


Os três canais de notícias e os portais mostraram ao vivo o alerta do ministro da Saúde. Por todo lado, nas manchetes de sites e outros, a primeira transmissão ‘em território nacional’.


Na manchete da Folha Online, depois, os números gerais, ‘Brasil já registra 11 mortes por gripe suína; Rio Grande do Sul tem sete’.


‘TORTURA’


Na home page do portal Terra, a manifestação de professores contra a governadora do Rio Grande do Sul, pouco antes de violenta repressão mostrada na Record


PÉS-FRIOS


Só na home page da ‘Veja’, ‘Pés frios na finalíssima’, mais o breve relato de que ‘Aécio Neves e José Serra testemunharam juntos no Mineirão a derrota do Cruzeiro para os argentinos’.


Em seu Twitter, o governador paulista postou, no início da madrugada: ‘Cheguei há pouco de BH, onde fui torcer para o Cruzeiro, a convite do Aécio. Para resumir, achei o resultado injusto’.


Logo depois, postou sobre a queda na mortalidade infantil em SP.


Aproveitando a oportunidade no ‘Estado de Minas’, Aécio avisou que passa a twitar, ele também, como Serra, na próxima segunda.


O MANIFESTO


No alto do UOL, ontem ao longo da tarde e entrando pela noite, estudantes em ato num corredor do Senado (dir.).


Mas o que ecoou ontem, na despedida do Senado, foi a reação de um sindicato, que, como adiantou Daniel Bergamasco ao meio-dia na Folha Online, ‘inclui os padeiros’ e se declarou ‘ofendido’ pela frase de Lula sobre os senadores da oposição, dizendo que ‘todos eles são bons pizzaiolos’.


A nota saiu depois assinada pela própria confederação de trabalhadores do setor, reclamando que a comparação do presidente da República foi ‘pejorativa e depreciativa’. Para os pizzaiolos.


PONTO CEGO


A nova ‘Economist’ traz na capa ‘O que deu errado com a economia’, disciplina cuja ‘reputação’ se dissolveu. Admite um ‘ponto cego: seus modelos assumiam que o mercado de capitais funcionava perfeitamente’


O FIM DO APOCALIPSE


A ‘Economist’ elogia Nouriel Roubini como um dos poucos que ‘avisaram do perigo’.


Mas o economista já estava às voltas ontem com outro oráculo. Reuters e até o ‘Financial Times’ noticiaram que ele previu o fim da recessão americana no fim do ano, num evento em Nova York, e que seu otimismo ergueu Wall Street.


Segundo a Bloomberg, também a Bovespa. Roubini correu no fim do dia e postou, em seu site RGE Monitor, um ‘comunicado’ dizendo que, ao contrário do que noticiaram, ele não ‘melhorou’ seu prognóstico, que não é diferente de meses atrás.


Ou seja, sim, a recessão termina no fim do ano, nos EUA.


BRASILEIROS E A ÚLTIMA MODA


Espalham-se no exterior enunciados como ‘Reis do Twitter: Brasil é o número 1’ ou ‘líder mundial de participação no Twitter’. Segundo o Nielsen Online, 15% dos internautas brasileiros visitaram o serviço em junho, mais que a proporção de americanos etc..’


 


 


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Presidente de emissora é proibido de sair do país


‘A Justiça da Venezuela proibiu anteontem o presidente do canal de TV oposicionista Globovisión, Guillermo Zuloaga, de deixar o país enquanto estiver respondendo a processo criminal por promover especulação de preços. Multado e repreendido reiteradas vezes pelo governo Chávez, que chama a Globovisión de ‘golpista’ e ameaça fechar a emissora, Zuloaga se diz perseguido e afirmou que a medida é ‘terrorismo legal’ contra a liberdade de expressão.’


 


 


DIREITOS HUMANOS
Folha de S. Paulo


Morte de ativista tchetchena motiva crítica a governo russo


‘O assassinato da ativista de direitos humanos Natalia Estemirova provocou ontem fortes condenações ao ‘ambiente de impunidade’ que, segundo críticos, assola a Rússia. Estemirova denunciava abusos contra separatistas na república-membro da Tchetchênia, no Cáucaso.


O corpo da ativista tchetchena foi encontrado anteontem à tarde em um mato à beira de estrada na república-membro vizinha da Inguchétia com marcas de tiros na cabeça e no corpo. Segundo relatos, ela fora sequestrada pela manhã em local próximo à sua casa, na capital da Tchetchênia, Grozni.


Na procissão com cerca de cem pessoas que levou o corpo de Estemirova de volta a Grozni, um cartaz perguntava ontem ‘quem será o próximo?’, em referência à série de assassinatos de ativistas russos nos últimos anos -como o da jornalista Anna Politkovskaia, em 2006, que colaborava com Estemirova.


Oleg Orlov, presidente da organização em que a ativista trabalhava, acusou o presidente tchetcheno, ligado ao Kremlin, pela morte. ‘Eu tenho certeza de quem é culpado pelo assassinato, seu nome é Ramzan Kadirov.’


Diretores de ONGs de direitos humanos cobraram do governo russo uma investigação independente e o fim da impunidade na Rússia.


A alta comissária para Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, exortou o presidente russo, Dmitri Medvedev, a ‘fazer o possível para levar os autores à Justiça’.


Na Alemanha, ao lado da chanceler (premiê) Angela Merkel, Medvedev condenou o crime e elogiou o trabalho da ativista. ‘É claro que isso está relacionado à sua atividade profissional.’ Merkel cobrou investigação.


A república-membro russa da Tchetchênia, de maioria muçulmana, foi palco de duas guerras entre separatistas e Moscou em 15 anos.’


 


 


TECNOLOGIA
Folha de S. Paulo


Ganhos do Google crescem 19% no 2º tri


‘A empresa teve lucro de US$ 1,48 bilhão entre abril e junho, US$ 230 milhões mais que no mesmo período de 2008. A receita cresceu 3%, para US$ 5,52 bilhões. ‘O Google teve um trimestre muito bom’, disse Eric Schmidt, presidente-executivo.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Banhos de ‘A Fazenda’ dão mais ibope do que barracos


‘O frio que tem feito em Itu (SP) tem sido um grande inimigo para ‘A Fazenda’. Na internet, os vídeos em que as mulheres do reality show trocam de roupa, tomam banho ou nadam são campeões de audiência. Dão uma surra nos vídeos em que participantes discutem ou quase se agridem.


Dos dez vídeos do programa mais vistos na web em junho, nove tinham algum conteúdo sensual. Só um era barraco.


A internet tem sido uma ferramenta importante na divulgação de ‘A Fazenda’, hoje o programa mais visto da Record -marcou 19 pontos anteontem. A web também tem sido a forma de a Record driblar a falta de ‘pay-per-view’ -canal de TV paga que mostraria o programa ao vivo, o tempo todo.


Todos os dias, a emissora tem publicado no site oficial do programa uma média de 30 vídeos com conteúdo inédito. Outros dois vídeos são distribuídos para sites de celebridades.


O ranking dos vídeos indicam alta popularidade para Danielle Souza, a Mulher Samambaia, Mirella Santos e Carlos Alberto da Silva, o Mendigo.


O vídeo mais visto em junho foi um em que Samambaia tomava banho com Mendigo. Teve 322.404 espectadores diferentes, audiência da novela das oito da Globo na internet. O segundo mais acessado tinha Danielle e Mirella nadando de lingerie, seguido por Mirella tomando banho e Mirella dançando em cima da cama. Só então, em quinto, apareceu o barraco em que Theo Becker quase agrediu Jonathan Haagensen.


Em julho, até agora, o vídeo mais visto tem Samambaia e Danni Carlos trocando roupas.


GLOBOCÓPIA 1


Estrelas de ‘Ger@l.com’, seriado adolescente que a Globo exibe na semana que vem, Luke e Xande Werneck, que com três primos formam a banda WWW, já foram coadjuvantes na Record. Sua família participou do quarto episódio da primeira temporada de ‘Troca de Família’, exibido pela Record em outubro de 2006.


GLOBOCÓPIA 2


No episódio, a mãe dos garotos, ‘a extrovertida e casual’ Laila Werneck, trocava de lugar com uma ‘discreta mãe paulistana, fã de música clássica’. O programa explorava os contrastes entre uma família de surfistas e roqueiros cariocas com uma metódica família de São Paulo. A mãe paulista detestou a música dos WWW.


FALHOU


No capítulo de anteontem de ‘Caminho das Índias’, a personagem de Maria Maya apareceu numa cena em estúdio com o rosto carregado de maquiagem. Na seguinte, uma externa, estava com a cara limpa.


ATAQUE


Diretora do novo programa de Eliana no SBT, Leonor Corrêa esclarece que fez convites a profissionais da produção de ‘O Melhor do Brasil’, da Record (e não do ‘Tudo É Possível’). Seu ataque foi bem-sucedido: de 13, levou 10.


ESPORTE RADICAL


No ar há apenas duas semanas, o ‘Esporte Fantástico’, da Record, vai mudar de horário. Passa a entrar às 8h30 -e não mais por volta das 12h.’


 


 


Folha de S. Paulo


Animação é surpresa na disputa pelo Emmy


‘A comédia bateu o drama e reuniu as surpresas das indicações ao 61º Emmy, considerado o Oscar da televisão norte-americana. A lista foi anunciada ontem pela manhã por Chandra Wilson e Jim Parsons.


Ambos receberam indicações, num gesto ensaiado da Academy of Television Arts & Sciences. Ele compete entre os atores de comédia com ‘The Big Bang Theory’; ela, pela minissérie ‘Accidental Friendship’ e como coadjuvante de ‘Grey’s Anatomy’.


‘Uma Família da Pesada’ (‘Family Guy’, no original) e ‘Flight of the Conchords’ roubaram a cena ao disputar em séries cômicas, ao lado de ‘30 Rock’, ‘The Office’ e ‘Entourage’. Antes do seriado de Seth MacFarlane, só a animação ‘Os Flintstones’, em 1961, tinha entrado nessa lista. ‘30 Rock’ liderou o número de indicações, com 22 no total.


Jemaine Clement, de ‘Flight of the Conchords’, estreia no evento ao lado de nomes consagrados, como Charlie Sheen e Steve Carell. Toni Collette e sua ‘United States of Tara’ têm alguma chance numa categoria mais homogênea, que traz Christina Applegate, Tina Fey e Mary-Louise Parker.


A Academia repetiu o passo do Oscar, que expandiu o prêmio de melhor filme para dez competidores. Aqui, a lista aumentou para seis indicados, mas empates de votos fizeram sete seriados entrarem tanto em comédia quanto em drama.


Em drama, a concorrência está forte com ‘House’, ‘Lost’, ‘Mad Men’ e ‘Damages’ (veja principais categorias ao lado). ‘Mad Men’, vencedora no ano passado, tem 16 indicações.


Michael C. Hall (‘Dexter’) é azarão num páreo que conta com os ótimos Gabriel Byrne (‘Em Terapia’), Hugh Laurie (‘House’) e Jon Hamm (‘Mad Men’). Bryan Cranston (‘Breaking Bad’), que levou o prêmio em 2008, também concorre.


Entre as atrizes, Elisabeth Moss (‘Mad Men’) vai ter trabalho com as veteranas Glenn Close (‘Damages’) e Sally Field (‘Brothers and Sisters’).


A cerimônia do Emmy acontece em Los Angeles no dia 20 de setembro e será apresentada por Neil Patrick Harris.’


 


 


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TV paga exibe maior parte dos indicados


‘Os três destaques entre os indicados ao Emmy são exibidos por canais pagos brasileiros. É o caso da animação ‘Family Guy’, que vai ao ar pela Fox com o nome ‘Uma Família da Pesada’, e das séries ‘Mad Men’ e ‘30 Rock’, líderes de indicações e exibidas, respectivamente, pela HBO e pela Sony.’


 


 


CINEMA
Ana Paula Sousa


Conselho fantasma


‘Ele nasceu com pinta de todo-poderoso e teve seus dias de glória. Mas, apesar de ser definido no site do MinC (Ministério da Cultura) como ‘o órgão máximo de formulação das políticas públicas do cinema e do audiovisual’, ‘indispensável para o país’, o Conselho Superior de Cinema praticamente deixou de existir. E por uma simples razão: ele não se reúne.


Desconfortáveis com a situação, sete dos nove conselheiros enviaram, nesta semana, uma carta ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, e à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, a quem caberia a convocação do grupo. Em setembro, completa-se um ano sem que haja reuniões. ‘A expectativa era de que acontecessem de três em três meses’, diz Ícaro Martins, presidente da Apaci (Associação Paulista de Cineastas), um dos conselheiros.


‘O conselho é meramente decorativo’, diz outro de seus integrantes, Jorge Peregrino, vice-presidente da Paramount. ‘Decorativo seria se nos reuníssemos e não decidíssemos nada. Ele é inexistente’, completa André Sturm, distribuidor, diretor e sócio do HSBC Belas Artes. Ao ligar para a Casa Civil, a reportagem da Folha constatou esse estado de fantasmagoria. ‘Olha, isso não é aqui. É no MinC’, disse uma funcionária do gabinete. À insistência, seguiu-se outra resposta: ‘É melhor você ligar para a Ancine. Quer o telefone?’.


Instituído em 2001, por medida provisória, o Conselho foi pensado com peça-chave da estrutura do cinema. À Ancine (Agência Nacional de Cinema), criada na mesma MP, caberia regular e fiscalizar o setor. Ao Conselho, formular as suas políticas. E como cinema é, além de arte, indústria, julgou-se por bem, em 2003, incorporar ao grupo, composto por figuras representativas da atividade, nove ministros de Estado.


Entre 2003 e 2004, o Conselho ganhou fama ao assumir a responsabilidade pela aprovação do projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual). Composto por defensores e detratores da ideia, esteve no meio de um fogo cruzado. ‘Houve um desgaste muito grande e, no momento em que o presidente Lula desistiu da Ancinav, o Conselho, por tudo isso, deixou de se reunir’, diz a produtora Mariza Leão, integrante à época. ‘Mas aquilo foi uma guerra e a guerra acabou. É importante que não se confunda este momento com aquele.’


De fato, nem da parte do governo nem da parte do setor, parece haver uma ação maquinada para esvaziar o conselho. Ele, simplesmente, foi deixado de lado. Este novo grupo, nomeado no final de 2007 pelo presidente Lula, surgiu quando os estilhaços da Ancinav já tinham sido recolhidos. Indicados pelos próprios pares, os conselheiros foram anunciados com alarde e achavam que teriam muitas missões pela frente -de definições sobre publicidade na tela a questões mercadológicas, como preço de ingresso e fuga do público das salas. No fim, reuniram-se apenas para discutir um projeto de lei que regulamenta a TV por assinatura e para aprovar o Fundo Setorial do Audiovisual.


‘Toda a política para o setor está sendo feita pela Ancine. Mesmo as reuniões que tivemos foram pró-forma’, diz Peregrino. ‘A Ancine dita regras, aumenta a burocracia e cria mecanismos de financiamento sem que isso seja avaliado pelo conselho. Será que todos os atos praticados pela Ancine são legais? Não deveriam ter passado pelo conselho?’, completa.


‘Os atos são legais. O que não tem havido é uma política coordenada e plenamente democrática’, responde Martins, outro conselheiro. ‘Temos uma política manca e a Ancine age com total autonomia.’ Sturm também descarta a possível ilegalidade, mas observa: ‘Como as políticas não são estabelecidas, a Ancine tem uma sobreposição de funções’.


Manoel Rangel, diretor-presidente da agência, admite que o conselho faz falta, mas pondera que não é um órgão executivo, nem deliberativo. ‘Claro que quando o conselho não se reúne perde-se a possibilidade de se reunir a inteligência dos ministros e dos representantes do setor. Mas, à parte isso, seguimos diretrizes estabelecidas pelo governo e pelo próprio conselho, em reuniões anteriores.’ Rangel diz ainda que, em 26 de junho, solicitou à Casa Civil a convocação do grupo.


A Casa Civil, por sua vez, informou, por meio da assessoria de imprensa, que deve ser ‘demandada’ para convocar reuniões e que ninguém poderia dar entrevistas ‘porque a agenda do pessoal está apertada’.. O MinC não se pronunciou.


Para o conselheiro Paulo Boccato, a dificuldade para realizar as reuniões ‘vem da própria importância que foi dada ao grupo. É difícil que os ministros tenham disponibilidade.’ Ou, como diz o conselheiro Ícaro Martins, no Brasil não há tradição de se governar com a participação da sociedade. Por isso, ‘é mais cômodo não convocar o conselho’.’


 


 


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Enquanto grupo se apaga, agência cresce em tamanho e influência


”A mesma medida provisória que, em setembro de 2001, criou o Conselho Superior de Cinema, hoje no limbo, criou a Ancine. Fruto de uma série de discussões entre o governo e o setor cinematográfico, o conjunto de medidas tinha o objetivo de reorganizar o cinema nacional, levado à bancarrota com o fim da Embrafilme, no governo Collor.


No corpo da lei, ambas as instituições aparecem, hierarquicamente, na mesma posição. Mas, como se vê, tiveram destinos distintos. Enquanto o conselho não se reúne, a agência cresce em tamanho e influência. Para se ter uma ideia, a instituição conta com 430 funcionários. Saem de suas salas, no Rio, boa parte dos programas e apoios voltados ao cinema.


‘Como o conselho não se reúne, a política não é formulada e, com isso, os papeis ficam embaralhados. Um órgão invade as atribuições do outro. A Ancine ocupa o vazio que o conselho deixou e, neste momento, tem um gigantismo desproporcional à atividade’, diz o produtor Luiz Carlos Barreto, decano da política cinematográfica brasileira.


‘Você pode ter uma agência que é fomentadora e reguladora? É certo distribuir recursos públicos e, ao mesmo tempo, regular o setor?’, pergunta Jorge Peregrino, da Paramount.


Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine, observa, porém, que a MP define esses papeis: fomento, regulação e fiscalização. ‘A agência atua dentro da competência da lei e é supervisionada pelo MinC.’


Sobre o excesso de poder em suas mãos, Rangel diz: ‘Não percebo isso como opinião do mercado, mas sim de um ou outro agente econômico que, eventualmente, se sente prejudicado por algumas das ações da agência’. Cabe observar que tais queixas surgem no momento em que os R$ 37 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, gerido pela Ancine, começam a ser partilhados.


Outra reclamação frequente diz respeito ao que, no meio, vem sendo chamado de ‘liturgia kafkiana’. ‘A burocracia é um mal que atinge o Estado brasileiro’, admite Rangel. ‘Lutamos para eliminar os excessos burocráticos, mas isso não pode se transformar em permissividade e desatenção com os recursos públicos.’’


 


 


Alcino Leite Neto


Brüno, o avesso de Bündchen


‘Novo filme do humorista de ‘Borat’ satiriza o circuito da moda e das celebridades com personagem fashionista


Os dois são personalidades do mundo da moda, têm nomes com trema e carregam títulos em comum: Gisele Bündchen, a übermodel e Brüno, o überfamoso fashionista austríaco.


O fashionista em questão, um personagem encarnado pelo humorista Sacha Baron Cohen, é a estrela do filme ‘Brüno’, que já estreou nos EUA e chega ao Brasil em agosto. Cohen é o criador do hilário repórter que ganhou fama no documentário fake ‘Borat’ (2006).


Em ‘Brüno’, Cohen repete o formato, agora numa sátira ao sistema da moda e das celebridades- embora as religiões e as instituições americanas também estejam no alvo.


O nome Brüno, segundo boatos e uma série de coincidências, teria ligação com o sobrenome Bündchen. A brincadeira faz todo sentido porque, em muitos aspectos, Brüno é o avesso do que o fenômeno Gisele representa para a moda.


A top é descrita por fotógrafos, executivos e estilistas como uma mulher competente, linda, inteligente, saudável e boa praça. Bündchen e sua simpatia rendem milhões e fazem o mercado da moda parecer um paraíso de glamour e alto-astral.


Por outro lado, Brüno, um fashionista gay que apresenta um programa de moda, chafurda no pior do universo fashion. Consumista, preconceituoso e alienado, numa das primeiras cenas do filme ele anuncia em seu show de TV o que está ‘in’ ou ‘aus’ (fora) de moda. O grande hit do momento, segundo ele, é o autismo.


Cenas como a da modelo dizendo que ‘andar para a frente’ na passarela é a parte mais difícil de seu trabalho, a comparação entre o estilista Karl Lagerfeld e Jesus Cristo e, no desfecho do filme, Brüno sendo chamado de ‘o Obama branco’, desdobram a ideia de ‘autismo fashion’ proposta por Cohen.


A sequência da modelo é interessante, porque, além de a entrevista ser real, trata-se de um bordão repetido por tops em todos os cantos.


Apesar dos péssimos salários das novatas, dos casos de transtornos alimentares, das drogas, do afastamento da escola e da família, dos crescentes casos de depressão e distúrbios compulsivos ligados ao consumo, parece que a maior preocupação das modelos é não tropeçar.


A ‘catequese’ das agências explica em grande parte a repetição dessa ladainha, feita sob medida para evitar qualquer assunto espinhoso nas entrevistas. Mas o fato de Cohen ter escolhido essa piada entre tantas outras revela que ele está sacando bem os segredos ‘podres’ dos bastidores da moda.


Na trama, Brüno invade o desfile de Agatha Ruiz de la Prada, numa intervenção real, na Semana de Moda de Milão.


Depois disso, o personagem perde seu programa na TV e se joga no mundo atrás do estrelato. Não há mais referências específicas ao circuito fashion, o que não quer dizer que ‘Brüno’ pare por aí com a moda.


O fascínio exagerado do personagem fashionista pela pornografia, por exemplo, encontra ecos na indústria da moda. Os fotógrafos David La Chapelle e Terry Richardson, queridinhos dos editoriais modernosos, adoram seios gigantes, nus frontais e pênis em close.


‘Brüno’ também joga com os estereótipos dos uniformes. Durante um treinamento militar, ele usa um lenço e um cinto Dolce & Gabbana, transformando o traje do exército em fantasia gay. O elemento homoerótico aplicado a imagens tradicionalmente heterossexuais, como grupos de policiais, jogadores de futebol, tem sido uma das grandes armas da D&G em suas campanhas.


Os fashionistas podem torcer o bico, mas Brüno é um bom contraponto ao ‘lado Bündchen’ da moda. E como diria o personagem, com seu sotaque germânico do além: ‘Brüno ist in, hello!’ (Brüno é ‘in’, alô!).


com VIVIAN WHITEMAN, editora interina’


 


 


 


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