Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Google ameaça sair da China

O Google anunciou, nesta terça-feira (12/1), que não pretende continuar a cooperar com a censura na internet chinesa e considera encerrar suas operações no país por conta de um ciberataque sofrido na semana passada. Em declaração, a gigante americana se queixou das tentativas das autoridades de ‘limitar a liberdade de expressão na rede’. O Google chegou ao país em 2006 após fazer um acordo com o governo para que determinados tópicos de pesquisa online, considerados ‘sensíveis’, fossem barrados dos resultados. Por conta disso, a empresa enfrentou pesadas críticas internacionais, acusada de participar de um sistema que restringe o que é permitido ler e ver na internet.


O Google afirmou que tentaria negociar um novo acordo para fornecer aos 300 milhões de internautas chineses resultados sem censura. ‘Nós decidimos que não estamos mais dispostos a continuar censurando nossos resultados no Google.cn, e nas próximas semanas discutiremos com o governo chinês como poderemos operar uma ferramenta de busca sem filtros e dentro da lei’, declarou David Drummond, vice-presidente sênior para desenvolvimento corporativo e diretor do departamento jurídico do Google.


Se não obtiver sucesso, a companhia pode fechar seus escritórios na China, onde emprega cerca de 700 pessoas. A missão anunciada por Drummond soa quase impossível, já que o país tem um dos maiores filtros de controle sobre a rede, o governo chinês nega – oficialmente – que censure a internet e as autoridades estão acostumadas a ver grandes companhias estrangeiras se adaptar às regras chinesas.


Mas a empresa também atribuiu sua decisão a sofisticados ciberataques em seu sistema que, suspeita, tenham sido originados na China e teriam como objetivo atingir contas de ativistas de direitos humanos chineses no Gmail. Os ataques, ocorridos na semana passada, foram direcionados a mais de 30 companhias ou entidades, a maior parte delas no Vale do Silício, na Califórnia. O Google não entra em detalhes sobre a investigação, mas os hackers teriam conseguido se infiltrar em elaborados sistemas de computador para obter importantes dados corporativos e códigos de softwares. Informações de Andrew Jacobs e Miguel Helft [The New York Times, 13/1/10].