Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Radialista demitido por uso de gíria racista

O apresentador americano Dave Lenihan, da KTRS Radio, no Missouri, pediu desculpas no ar e até tentou explicar o nó na língua, mas uma ofensa racista à secretária de Estado dos EUA não poderia passar despercebida e ele acabou demitido, como informa Oliver Burkeman [The Guardian, 24/3/06].


Lenihan discutia no ao o fato de Condoleezza Rice se tornar a próxima comissária da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL, sigla em inglês), quando teve a infelicidade de usar o termo ‘coon’ para descrevê-la. ‘Coon’ é uma abreviação de ‘raccoon’, animal semelhante ao guaxinim, e gíria de teor racista que data do tempo da escravidão nos EUA. ‘Ela tem o currículo de alguém com muita experiência. Ela adora futebol americano, ela é afrodescendente, o que seria como um grande ‘coon’’, afirmou Lenihan, para imediatamente emendar, ‘Ai, meu Deus – eu peço mil desculpas por isso, não quis dizer isso’.


Palavra errada


Em entrevista a um canal de televisão local, o radialista esclareceu que queria ter dito a palavra ‘coup’, que significa sucesso notável e brilhante. Lenihan alegou estar distraído e afirmou que tem grande admiração por Rice. Em outra ocasião, ele teria dito no ar que, se ela fosse se candidatar à presidência, ele a apoiaria na campanha. ‘Era o emprego dos meus sonhos’, lamentou ele, que estava trabalhando na rádio há apenas duas semanas.


‘Pedimos desculpas à Condoleezza Rice e aos nossos ouvintes por terem escutado um comentário deste tipo. Não há desculpas pelo que Dave Lenihan disse. Nós não vamos incitar o ódio racial’, afirmou Tim Dorsey, gerente da estação. A divisão local da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP, sigla em inglês), uma das mais importantes e ativas organizações em defesa dos direitos dos negros dos EUA, elogiou a decisão da rádio em demitir o apresentador.


Condoleezza afirmou diversas vezes que gostaria de ser presidente da NFL, mas recusou na semana passada a oferta de assumir o cargo após a aposentadoria de Paul Tagliabu, que foi presidente da entidade durante 17 anos.