Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Yahoo! acusado de ajudar na prisão de internautas

Em artigo nesta quinta-feira [9/2/06], a organização Repórteres Sem Fronteiras acusa o Yahoo! de ajudar o governo chinês na condenação de ciberdissidentes locais. No ano passado, a companhia americana foi criticada por ajudar as autoridades na prisão do jornalista Shi Tao, que havia denunciado abusos de direitos humanos no país.


‘Nós estávamos certos de que o caso de Shi Tao, que foi condenado a 10 anos em abril com base em informações fornecidas pelo Yahoo!, não era o único. Agora sabemos que o Yahoo! trabalha regularmente e eficientemente para a polícia chinesa’, declarou a organização, completando ter descoberto que a empresa teria ajudado o governo também na condenação do ciberdissidente Li Zhi, em dezembro de 2003. ‘Quantos outros casos iremos encontrar?’, questiona a RSF.


O Yahoo! justifica que apenas responde às solicitações das autoridades por dados dos internautas, sem nunca saber para que serão usados. Ativistas em defesa da liberdade de expressão e do direito à privacidade na rede duvidam da veracidade deste argumento. ‘O Yahoo! certamente sabia que estava ajudando a prender dissidentes políticos e jornalistas, e não criminosos comuns’, afirma a organização.


Li Zhi foi condenado a oito anos de prisão sob a acusação de ‘incitar a subversão’. Ele já havia sido detido uma vez por criticar a corrupção do governo local de Dazhou em grupos de discussão online e artigos na internet. No começo do mês, o sítio de notícias Boxun – que funciona fora da China – publicou declaração do advogado de Zhi confirmando que seu cliente foi condenado com base em informações entregues pelo Yahoo! às autoridades chinesas. Fontes locais afirmam ainda que a cooperação da empresa americana com o governo da China foi mencionada no veredicto do ciberdissidente.


O Comitê de Relações Internacionais da Câmara dos Representantes dos EUA realizará, em 15/2, uma audiência para debater as responsabilidades éticas das empresas de internet. O Yahoo! foi convidado a participar.


Hoje, há 49 ciberdissidentes e 32 jornalistas presos na China por divulgarem artigos e criticarem o governo pela internet.