Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A ciência precisa ser abordada na mídia como um direito

(Foto: Diculgação RedeComCiência)

Desde 1948, foram reconhecidos os direitos humanos à saúde, educação, trabalho, informação, moradia, entre outros. No entanto, um desses direitos tornou-se invisível: é o direito à ciência. No artigo 27, a Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma: “Toda pessoa tem o direito de (…) participar do progresso científico e dos benefícios que resultam disso. Toda pessoa têm direito à proteção dos interesses morais e materiais que correspondam por causa das produções científicas.”

A consideração do direito à ciência foi ratificada e reforçada no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (artigo 15º) e, a nível interamericano, na Declaração Americana de Direitos e Deveres Humanos (artigo 13º) e no Protocolo de San Salvador sobre Direitos Econômicos Sociais e Culturais – DESC (artigo 14º), que também incluem o progresso científico para desfrutar do progresso tecnológico.

Apesar de seu reconhecimento oficial, os cidadãos devem estar mais cientes da existência do direito à ciência. Entre outros aspectos, é fundamental que conheçam e entendam quais atividades científicas e tecnológicas podem contribuir para o bem-estar e a saúde tanto da sua comunidade quanto do seu meio ambiente. Nesse sentido, estou convencida de que jornalismo pode fazer a diferença. Por isso, no último dia 28 de agosto, criamos Bio, um espaço de jornalismo pelo direito à ciência no jornal Rio Negro, na Argentina. Este meio de comunicação foi fundado em 1912, e está comprometido com a inovação e a diversidade.

Há muitos temas em que se pode fazer a cobertura sob a perspectiva pelo direito à ciência. Na Argentina, há muitas instituições científicas e tecnológicas que trazem conhecimento e têm impacto nos problemas globais e regionais. Mas os cidadãos ainda não acessam sistematicamente o conhecimento gerado por essas instituições regionais ou locais. Cada região do país, como a Patagônia (onde o jornal Rio Negro foi fundado) tem problemas de saúde, sociais e ambientais com características próprias que devem ser abordadas na sua complexidade e na base de evidências científicas.

Através do Bio, que inclui conversas ao vivo no Facebook e YouTube e os domingos na versão impressa do jornal Rio Negro, busca-se uma abordagem que visa compartilhar informações e análises com a comunidade, e convida a participação cidadã. Se informa dos últimos desenvolvimentos em ciência, meio ambiente e saúde relacionados a problemas globais e regionais que são de interesse humano para a cidadania. Se desenvolve também uma metodologia de trabalho para a produção sustentada de notícias com verificação de informações, e a perspectiva de gênero é incluída ao longo da cobertura de notícias de ciência, ambiente e de saúde.

Com entusiasmo e como equipe, buscamos construir um espaço jornalístico para que o acesso ao direito à ciência seja uma realidade.

***

Valeria Román é jornalista científica criadora e coordenadora de Bio – Periodismo por el derecho a la ciencia no jornal Río Negro da Argentina. Escreveu esta coluna a convite da RedeComCiência.