Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Zina, humorista?

Desde que foi detido por porte ilegal de arma, Zina, do Pânico na TV, tem sido apresentado pela imprensa como ‘humorista’ ou ‘comediante’.


Marcos da Silva Herédia, nome verdadeiro do homem que disseminou pelo Brasil o bordão Ronaldo, foi descoberto pelo programa Pânico na TV durante um jogo do Corinthians. Ao responder uma pergunta da produção, disse apenas o nome do jogador e ficou olhando fixamente para a câmera. A situação inusitada rendeu a inserção desse fragmento na edição do programa e a repercussão foi instantânea.


Famoso de uma hora para outra, Zina passou a ser reconhecido nas ruas e voltou a ser alvo da produção do Pânico em outros quadros. Seu jeito diferente e suas falas nada convencionais geraram muitos risos nos telespectadores e no próprio elenco do Pânico.


Contratado pela Rede TV!, Zina parece não compreender muito bem o que acontece ao seu entorno. Nas edições do Pânico, fica evidente que nem sempre ele segue o roteiro estabelecido – o que, no caso do Pânico, se transforma numa situação engraçada.


O que importa


Um comediante ou humorista é capaz de improvisar e não seguir um roteiro prévio a fim de estabelecer uma comunicação com o público. Contudo, ao que parece, Zina age dessa forma não por improviso consciente, mas pela dificuldade em se enquadrar numa forma cômica determinada, ou seja, Zina não é um personagem, tampouco um profissional do humor.


O recente episódio em que foi detido por posse ilegal de arma, dando tiros para o ar perto de sua residência, aponta para uma questão preocupante. A súbita exposição pública mudou a vida de Zina, o que naturalmente pode também alterar as suas relações pessoais, econômicas, sociais. Estará ele preparado para lidar com tantas mudanças?


Aos telespectadores importa o riso; ao Pânico, a audiência; à Rede TV!, o faturamento. E com o Zina, quem se importa? Ronaldo?

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Jornalista, doutor em Comunicação