Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Diretor da SIP critica falta de transparência na AL


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 29 de setembro de 2010


 


TRANSPARÊNCIA


Roldão Arruda


‘A informação sobre atos públicos pertence ao povo’


Mesmo com o avanço das democracias na América Latina, muitos governantes ainda não se convenceram da necessidade de transparência nas administrações e da liberdade de imprensa. Um exemplo disso seria a recente tentativa de proibir o Estado e outros veículos de comunicação de divulgar informações sobre as investigações em torno de um suposto esquema de fraudes envolvendo o governador do Tocantins, Carlos Gaguim.


Essa é a opinião do diretor executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Julio Muñoz. Em entrevista ao Estado, ele observou que os governantes não são donos da informação nem do poder. ‘A informação sobre atos públicos pertence ao povo, à opinião pública’, defendeu o diretor executivo da SIP.


Como o senhor viu o recente episódio de tentativa de impor censura ao Estado e outros veículos de comunicação, que ficariam impedidos de divulgar informações sobre as investigações relativas a suposto esquema de corrupção que envolveria o governo do Estado do Tocantins?


Esse governador, que recorreu ao Judiciário para proibir a veiculação de informações sobre o caso, deveria saber que os governos têm obrigação de ser transparentes e que não se deve impedir nunca que as informações envolvendo governantes sejam tornadas públicas. A informação sobre atos públicos não pertence ao governante, ela pertence ao povo, à opinião pública. Parece que ainda não se compreendeu que o governante é eleito para conduzir a administração em nome do povo. Ele não é dono do poder, nem da informação. Para nós, da SIP, atitudes como essa do Tocantins atentam contra a liberdade de imprensa.


Esse episódio ocorre na sequência de uma série de críticas do presidente da República aos meios de comunicação.


O governo brasileiro também parece não compreender que não compete ao governo atacar a imprensa. Sua tarefa é, sim, proporcionar e facilitar o acesso às informações, para que o público fique informado.


Não é a primeira vez que se recorre à Justiça na tentativa de impor a censura à imprensa. Neste momento o Estado está impedido de divulgar informações sobre uma investigação que envolve a família do presidente do Senado, José Sarney.


Cada um dos três Poderes constituídos, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, deveria seguir o mesmo critério de não impedir que as informações de interesse público sejam postas à disposição do povo.


Esse tipo de atitude tem sido verificada em outros países da América Latina?


Isso ocorre sempre em países onde os Poderes do Estado não querem que o público se mantenha informado. É um esquema muito conhecido em lugares de governos totalitários, como Cuba, e em países onde ocorrem violências, de forma direta ou indireta, contra os meios de comunicação, como a Venezuela. No Equador o governo também tem confrontado os meios de comunicação, tentando impedir que cumpram sua função. Em outras palavras, esses esquemas são armados nos países menos democráticos, onde os governos ficam incomodados com a transparência e o livre fluxo de notícias.


Os críticos dos meios de comunicação dizem defender a liberdade de imprensa. O que estariam criticando seriam os exageros, a irresponsabilidade, a falta de fundamento nas acusações.


Cada meio de comunicação e cada jornalista tem sua própria ética, sua própria responsabilidade social. Generalizar é muito perigoso. Não podemos dizer que todos os jornalistas e meios de comunicação são irresponsáveis do ponto de vista social ou não têm ética. Mas, evidentemente, se existe algum meio ou jornalista que não age de forma ética ou responsável perante o governo o melhor caminho é recorrer à Justiça, a quem cabe decidir sobre essas questões. Não se deve ameaçar nem generalizar.


A América Latina viveu, nas décadas de 50 a 70, um período em que as ditaduras se generalizaram. Hoje atravessamos um período notavelmente democrático, mas a SIP continua batendo muito na tecla de ameaças à liberdade de imprensa. Por quê?


Porque as ameaças existem e são fortes. Nos anos das ditaduras, aos quais você se referiu, a censura era feita de forma direta. O Brasil foi um dos países que sofreram com o regime autoritário e a censura direta imposta pelos militares. O Chile também passou por isso. Outras formas de censura verificadas ao longo dos anos foram o controle da distribuição do papel de imprensa, como ocorreu na Argentina e no México, e a manipulação da distribuição das verbas de publicidade oficial.


A Declaração de Chapultepec, de 1994, um guia do jornalismo amplo, livre e responsável, assinalou que os governos não devem usar a publicidade, as licenças para funcionamento dos meios de comunicação audiovisual, nem a distribuição de insumos, nos negócios que envolvem o papel, para premiar ou castigar os meios de comunicação. Quando se recorre a um desses recursos contra um meio que está sendo crítico, isso é censura.


E hoje?


Em muitos países que se declaram democráticos ainda existem grandes ameaças à liberdade de imprensa, sobretudo sob a forma da violência. O crime organizado, o narcotráfico, a guerrilha, como ocorre no México e na Colômbia, e também, em certo sentido, as mortes de jornalistas no Brasil, constituem uma demonstração aberta contra a liberdade de imprensa e a favor da censura. Quando um jornalista é assassinado, vemos no fato um crime que vai além do assassinato, da tragédia pessoal, da tragédia individual. É também um crime contra a opinião pública, que fica impossibilitada de receber as informações que necessita.


Nossas democracias ainda seriam muito débeis?


Avançamos bastante. Hoje, com exceção de Cuba, todos os países são democráticos. Mas as democracias ainda não estão completas e permitem a censura dos meios de comunicação. Não mais de forma direta, como nos períodos da ditadura, mas de maneiras indiretas.


 


 


VENEZUELA


Roberto Lameirinhas


Presidente se irrita com pressão de jornalista


Uma pergunta da jornalista Andreina Flores, correspondente em Caracas da Rádio France-Internacional e da Rádio RCN, da Colômbia, irritou na segunda-feira à noite, o presidente Hugo Chávez. A repórter perguntou a Chávez como se explicava que, com votações parecidas, o partido governista tinha conquistado quase 60% das cadeiras do Legislativo e a oposição, apenas 40%. ‘Você conhece essa Constituição, Andreina?’, disse Chávez, acrescentando que a rádio francesa difundia ‘mentiras’ sobre a ‘revolução bolivariana’.


‘Essa era uma eleição proporcional, Andreina’, dizia Chávez, pronunciando o nome da jornalista entre os dentes. ‘Eu estou falando e você não está anotando… Se quiser um lápis, te empresto’, prosseguia. ‘Me preocupo que você continue ignorando as leis desse país, Andreina.’


A rádio francesa protestou contra o tratamento destinado à jornalista e negou que tenha divulgado informações falsas sobre o governo venezuelano.


Na mesma entrevista, Chávez anunciou um programa habitacional de US$ 1 bilhão e reiterou a intenção de dar início a um programa nuclear para fins de geração de energia elétrica.


 


 


NEGÓCIO


Karla Mendes


Fusão entre Oi e BrT terá restrição no Cade


O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai impor mais obrigações para a Oi como condição para dar seu aval para a compra da Brasil Telecom (BrT). Uma alta fonte do setor disse à Agência Estado que o ato de concentração da fusão estará na pauta do Cade da próxima semana e que a autarquia só aprovará a operação se a Oi assinar um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) com outros condicionantes, além dos já impostos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em dezembro de 2008, quando foi concedida a anuência prévia para a compra da BrT.


‘O Cade está negociando com a Oi um TCD cheio de restrições’, afirmou a fonte. Segundo ela, a Oi já foi convocada para tratar do assunto e os executivos da empresa foram surpreendidos com a decisão do Cade de ampliar o rol de condicionantes para a aprovação da operação. ‘Mas ela não tem opção’, ressaltou a fonte.


Uma das principais exigências diz respeito ao acesso à rede da ‘supertele’, única concessionária do País com extensão de infraestrutura de todo o território nacional, com exceção de São Paulo. Essa preocupação foi sinalizada pelo parecer do procurador-geral do Cade, Diogo Thomson de Andrade, a que a Agência Estado teve acesso.


No documento, o procurador afirma que ainda há dúvidas com relação à neutralidade da venda de capacidade de rede (denominada EILD, ou linha dedicada) pela concessionária para as empresas concorrentes. Isso porque, por ter redes em quase todo o País, a Oi é fornecedora de capacidade para outras empresas.


Controle. ‘Há espaço para uma medida específica que permita um novo controle por parte do cliente e concorrentes sobre o serviço’, defende Andrade em seu parecer, dirigido ao conselheiro relator, Vinícius Marques de Carvalho. O procurador também aponta a necessidade de ‘redução de assimetria de informação’ das operações, dando maior transparência e publicidade a todo o processo, para garantir a ‘neutralidade da rede’. Para resolver a questão, ele recomenda a assinatura de um TCD, no qual a Oi assumiria esses compromissos perante o Cade.


Uma fonte ligada à Oi confirmou que o ponto central da discussão com o Cade é, realmente, o EILD e que a empresa está ‘disposta a conversar’. Uma das soluções seria o envio de informações periódicas da prestação de contas sobre o fornecimento de capacidade de rede para outras empresas, caso o Cade julgue conveniente. A Oi já faz esse procedimento com a Anatel.


A fonte observou, porém, que os condicionamentos que porventura sejam determinados pelo Cade são concorrenciais e nada têm a ver com os impostos pela Anatel, que trataram da questão sob o ponto de vista regulatório. A empresa está confiante na aprovação do julgamento do ato de concentração.


Oficialmente, nem a Oi nem o Cade se pronunciaram. O Cade também não confirmou se o ato de concentração estará na pauta do conselho na próxima semana. Segundo o Cade, só será possível confirmar essa informação amanhã, quando será divulgada a pauta de julgamentos.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


SBT quer o Rei em especial de fim de ano


Roberto Carlos já tem especial de fim de ano garantido. Não, o da Globo ainda não está definido. A presença do Rei está sendo cobiçada em um especial no SBT, comandado por Hebe. A atração será fruto de gravações de dois shows de Hebe como cantora, em São Paulo, no dia 27 , e no Rio, 24 de novembro. No espetáculo, Hebe canta as músicas de seu novo CD ao lado de nomes como Fábio Jr., Daniel, Leonardo, Maria Rita, Chitãozinho e Xororó e Bruno e Marrone. Como Roberto Carlos gravou uma faixa no CD de Hebe, ele será convidado a participar – ao vivo ou em gravação – do espetáculo que, além de ser candidato a especial de fim de ano do SBT, dará origem a um DVD.


R$ 60 milhões é o preço de cada uma das cinco cotas de patrocínio da temporada 2011 da F1, oferecidas ao mercado pela Globo esta semana


‘Por causa da publicidade.’ Wagner Moura, no Roda Viva, da TV Cultura, explicando como consegue viver bem sem ter contrato fixo com a TV Globo.


Diretor de criação do Domingão do Faustão, Márcio Trigo está deixando a vaga para assumir outros projetos na Globo. Ulysses Cruz, que já foi Domingão, é o mais cotado para assumir o cargo.


A saída de Trigo do programa coincidiu com um problema de saúde enfrentado por ele, mas já estava decidida há tempos na Globo.


Como a coluna antecipou, a Globo abriu uma sexta cota – antes eram apenas cinco – de patrocínio para o seu pacote de futebol 2011, e vendeu todas. A sexta, para a Coca-cola.


Para bom entendedor: com contratos prestes a vencer, Adriane Galisteu já foi chamada para conversar com a Band em outubro. Daniella Cicarelli, ainda não.


A estreia de Hawaii Five-0 foi líder de audiência no dia 20 nos EUA. Por aqui, a série entra no ar no dia 20, no canal pago Liv.


Garantidos entre os especiais de fim de ano da Globo estão: uma atração de Chico Anysio, uma de Renato Aragão, uma de Xuxa, Vídeo Show Retrô, Show da Virada, Retrospectiva 2010, edições especiais de Casseta e A Grande Família.


A segunda temporada de Good Wife estreia em novembro, no Universal Channel.


No Dia da Criança, 12 de outubro, o Esquadrão da Moda do SBT vai mostrar que mau gosto para se vestir pode ser hereditário. Vai reformar o guarda-roupa de mãe e filha.


Operação de Risco bateu record anteontem na RedeTV!, registrando média de 7 pontos de ibope.


Enquanto o Mais Você faz doce – no pior sentido -, todo mundo tira uma casquinha de Palmirinha. Ontem ela esteve na RedeTV! para muito mais do que uma visita.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 29 de setembro de 2010


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Fernando Rodrigues


Censura não tem partido


Um sinal claro do atraso institucional do país é a onda de censura à imprensa por meio judicial. Não há coloração partidária nesse movimento regressivo. Forças aliadas ao PT e ao PSDB recorrem ao expediente.


Na semana passada, foi o candidato ao governo de Tocantins pelo PMDB, Carlos Gaguim. Ele foi à Justiça e conseguiu censurar previamente a imprensa de seu Estado. Impediu a divulgação de uma investigação criminal na qual seu nome aparecia dezenas de vezes.


A pressão foi grande. O próprio Gaguim recuou, e o TRE tocantinense cumpriu seu dever e eliminou o desrespeito à Constituição. Nunca é demais lembrar que o candidato do PMDB em Tocantins é apoiado por Lula e por sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff.


Agora, surgiu outro caso. Seria algum petista ameaçando a liberdade de expressão? Nada disso. Trata-se de Beto Richa, um jovem tucano aliado de José Serra e um dos que supostamente modernizará o PSDB a partir do ano que vem.


Candidato ao governo do Paraná, Richa pediu à Justiça na semana passada que censurasse a divulgação de uma pesquisa do Datafolha no Estado. Alegou que o instituto não informa suas ponderações estatísticas. A ausência desse cálculo bizantino levou o juiz auxiliar do TRE paranaense Nicolau Konkel Júnior a atender ao tucano.


Não satisfeito, Richa pediu novamente a censura de uma outra pesquisa que está sendo realizada nesta semana pelo Datafolha. Novamente, o juiz Konkel Júnior decidiu a favor do tucano.


Os pedidos de Richa coincidiram com um momento delicado em sua campanha. Há cerca de dez dias ele passou a perder pontos para Osmar Dias (PDT). O tucano não teve pudor. Partiu para a censura. Ajuda assim a ilustrar como é generalizado e sem ideologia partidária o atraso mental no meio político brasileiro quando se trata de conviver com as diferenças ou más notícias.


 


 


Flávio Ferreira


Liberdade de imprensa não tem que ser consentida


O advogado Hélio Bicudo, 89, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em agosto.


Mesmo ainda em recuperação, na última quarta-feira subiu no parlatório do largo São Francisco para ler um manifesto pela democracia e liberdade de imprensa.


O ato foi uma reação aos ataques contra a mídia feitos pelo presidente Lula e por setores do PT.


No dia seguinte, entidades de militância pró-governo, como centrais sindicais, ONGs, o MST e a UNE, fizeram uma manifestação contra o que intitularam ‘golpismo midiático’ de alguns veículos da imprensa.


Em entrevista à Folha, Bicudo, que foi um dos fundadores do PT, mas deixou a legenda em 2005, diz que Lula ataca, mas gosta de se portar como ‘vítima’. Para o advogado, o ato contra empresas de mídia foi feito ‘por encomenda do governo federal’.


Folha – Como o sr. avalia os ataques que o presidente Lula vem fazendo à imprensa?


Hélio Bicudo – Isso é um indício do que pode ser um governo autoritário. Pois ainda existe alguma resistência, não só, evidentemente, da imprensa, mas da sociedade civil em geral contra esse tipo de atuação do presidente Lula. Tudo o que se diz contrário à vontade dele é mentira, é para desestabilizar o governo dele, e por aí vai.


Qual sua opinião sobre as propostas de controle social da mídia defendidas por setores do PT?


Ou você tem liberdade de imprensa ou não tem. O controle é uma liberdade consentida. A liberdade de imprensa não tem que ser consentida, ela é a razão de ser de uma democracia.


Na sexta-feira, um desembargador do Tocantins proibiu a imprensa de informar sobre investigações contra o governador Carlos Gaguim. O colegiado do TRE derrubou a decisão. Na sua opinião, esse fato mostra que a liberdade de imprensa ainda está sob constante ameaça?


Acho que está. Sem liberdade de imprensa não há governo democrático, ainda mais na ausência da oposição. No país, não há oposição há oito anos ou mais.


A imprensa então exerce um papel de fiscalização que em grande parte caberia à oposição. Hoje esse papel está totalmente nas mãos da imprensa. Então o governo estranha essa posição: ‘Como? Eu consegui dominar a oposição, como é que a imprensa continua a fazer as investigações que está fazendo?’ A imprensa tem demonstrado até que ponto vai a violência e a corrupção no governo.


O sr. acha que a oposição está enfraquecida no atual governo?


Eu acho que completamente inexistente, não enfraquecida. Eu não vi oposição quando do mensalão, quando do caso da Caixa Econômica, quanto às obras do PAC, algumas delas violaram o meio ambiente. Também não vi a oposição reclamar quanto à violência com a qual a Marina Silva foi tratada após se opor a determinadas realizações do governo.


O presidente Lula afirmou recentemente que o DEM deveria ser extirpado da política brasileira. Como o sr. vê esse tipo de afirmação?


Isso não tem o menor sentido. Desde que a manifestação partidária é livre no país, o menor partido que exista representa alguma coisa dentro do conteúdo da população brasileira, e o DEM representa alguma coisa também. A ideia de extinguir um partido porque o partido é contra as suas posições é muito pouco democrática.


Uma semana após o lançamento do manifesto pela democracia e liberdade de imprensa, qual é sua avaliação sobre esse movimento?


Evidentemente é um movimento suprapartidário, não pertence e não foi buscado por nenhum partido político. Basta ver que a primeira assinatura do manifesto foi de dom Paulo Evaristo Arns [arcebispo emérito de São Paulo]. Há uma similitude entre este movimento e a ‘Carta aos Brasileiros’ lida por Goffredo da Silva Telles na ditadura militar. Lá se buscava a implantação da democracia, aqui se busca a manutenção do regime democrático.


Entidades de militância pró-governo federal, como centrais sindicais, ONGs, o MST e a UNE, realizaram um ato contra o que chamaram de ‘golpismo midiático’ e a cobertura de veículos de imprensa sobre as eleições e os escândalos no governo. Qual sua opinião sobre esse ato?


Acho que isso é encomenda do governo federal, porque o Lula sempre gosta de aparecer como vítima: vítima da mídia, vítima de uma traição, de um poder que quer se apoderar do que está nas mãos dele. Esses órgãos são todos cooptados pelo governo federal.


As críticas mais duras do presidente Lula à imprensa vieram depois da veiculação de denúncias sobre a quebra ilegal de sigilos na Receita Federal e de corrupção na Casa Civil. Como o sr. vê esse fato?


Essa questão da corrupção mostra que nunca existiu na Casa Civil a serenidade e a honestidade que deveria haver em um órgão governamental. A Casa Civil sempre foi um balcão de negócios e isso é corrupção. Essa corrupção atinge o próprio presidente da República, pois ele é o chefe da Casa Civil. Isso incomodou o presidente. Sempre se diz que a melhor defesa é o ataque, e ele passou a atacar exatamente a imprensa investigativa que trouxe à tona toda a corrupção que estava ocorrendo.


 


 


ELEIÇÕES


Maurício Simionato


Juiz apreende envelope de tribunal que transportava jornais ‘pró-governador’


O juiz eleitoral Océlio Nobre da Silva, de Itaguatins (TO), apreendeu envelope distribuído pelo Tribunal de Justiça do Tocantins, em papel timbrado e no malote do órgão, que continha exemplares de um jornal com, segundo ele, ‘propaganda manifestamente tendenciosa ao candidato a governador Carlos Gaguim’.


Gaguim (PMDB) é candidato à reeleição e recentemente teve seu nome envolvido em uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre uma suposta ‘organização criminosa’ especializada em fraudar licitações públicas.


Em ofício do último dia 22, o juiz informa que foram apreendidos quatro exemplares do jornal ‘Tocantins Agora’. Segundo ele, a apreensão do impresso foi feita para ‘evitar que a instituição [TJ] e os recursos públicos sejam utilizados em campanha eleitoral’.


O jornais apreendidos têm a data de 5 a 15 de setembro. Nas oito páginas do jornal, há 15 títulos de reportagens nas quais aparece o nome de Gaguim. A tiragem do jornal é de 8.000 exemplares.


Em nota, a presidência do TJ disse que ‘o Judiciário tem o dever de informar à sociedade todas as suas ações’.


O editor do jornal, Rubens Alves, negou que a publicação faça propaganda para Gaguim.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Pesquisas


No meio do dia, o ‘Wall Street Journal’ chegou a postar, em título, que as ações caíam no Brasil porque a ‘favorita escorrega’ no Datafolha e ‘os investidores começam a contemplar a possibilidade de a corrida durar mais do que o esperado’. Agências noticiaram, com um analista dizendo que a decisão vai depender do ‘foco da TV nos escândalos’ e outro apontando a ‘novidade Marina’. Fim do dia, a Bolsa subiu.


Pesquisas


O blog de Josias de Souza postou que, segundo ministro, Lula estaria ‘muito confiante’ em vitória ‘no domingo’. Já o Radar de Lauro Jardim postou que nas pesquisas internas petistas, com Vox Populi, ‘Dilma se elege no primeiro turno, mas a diferença’ caiu de 20 a 12 pontos em uma semana. Fim do dia no iG, ‘Tracking: Dilma tem 55% dos votos válidos’, mais uma entrevista com o diretor do Vox.


Pesquisas


E o blogueiro Ricardo Noblat tuitou que o Ibope a ser divulgado hoje ‘também mostrará redução na vantagem de Dilma’. Mas a diretora do instituto, Márcia Cavallari, avaliou ontem no Radar que o percentual de nulos, brancos e indecisos ‘está chegando ao patamar histórico’ e, portanto, será preciso ‘tirar votos diretamente de Dilma’. Ela afirma que é ‘difícil isso ocorrer, mas não impossível’.


DILMA VS. SERRA


O ‘New York Times’ publicou ontem o longo artigo ‘Uma mulher se levanta no Brasil’, em que Luisita Lopez Torregrosa, que foi editora no jornal, descreve uma eventual eleição de Dilma como ‘histórica’, dizendo que ‘ela comandaria um país com a oitava maior economia no mundo’.


Sob o título ‘Serra deve sair com lamúrias’, whimper no original, o correspondente da Reuters, Raymond Colitt, postado por ‘NYT’ e outros, escreve que na reta final o candidato ‘apela a ataques à China’ em entrevista à Globo e a ‘teorias conspiratórias’ sobre a falha no metrô.


PETROBRAS VS. SHELL


Na manchete do UOL à tarde, ‘Governo eleva fatia de controle na Petrobras’. Na submanchete, ‘Shell encontra indícios de petróleo na bacia de Santos’.


Na manchete do G1, ‘Governo amplia fatia na Petrobras para 64%’. E na manchete do Terra, ‘Shell encontra petróleo no pré-sal da bacia de Santos’.


No site do ‘WSJ’, só a boa notícia da Shell.


GUERRA CAMBIAL MUNDIAL


Na manchete de papel do ‘Financial Times’, ontem, ‘Brasil em alerta por guerra cambial mundial’. Além da reportagem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cinco textos abordaram o tema. A coluna Lex criticou os ‘desvalorizadores’ Japão, China, EUA, Reino Unido e Coreia do Sul.


No ‘WSJ’ foram quatro textos. A análise ‘Como terminam as guerras cambiais’ abriu dizendo que ‘nunca um político usou palavras tão sinceras quanto Guido Mantega’. E criticou os cinco países do ‘FT’, mais Colômbia, Tailândia, Cingapura, Taiwan.


Os dois jornais ouviram depois o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Londres. ‘Sem mencionar países’, ele pôs ‘mais combustível nas chamas da guerra cambial’, dizendo: ‘Nós não vamos pagar o preço por isso’.


O MITO


O colunista Gideon Rachman escreveu no ‘FT’ sobre ‘O mito em movimento de Lula’, creditando a ele, em parte, a ‘nova ordem global’


E TOME LULA


O francês ‘Libération’ deu capa ontem para ‘Lula, o Brasil reinventado’, chamando para um caderno com 16 páginas sobre o país, inclusive uma segunda capa com outra imagem de Lula. Abrindo os diversos perfis, ‘Lula, um destino brasileiro’. A edição inclui uma entrevista com seu ex-assessor Oded Grajew, sob o enunciado ‘Lula não me engana mais’


 


 


TECNOLOGIA


Noticiário de tecnologia é equilibrado, diz estudo


A visão sobre como a tecnologia afeta a sociedade é apresentada tanto de maneira positiva como negativa pelos meios de comunicação dos EUA, mostra estudo do Pew Research Center.


Foram examinadas 437 reportagens relacionadas a tecnologia divulgadas em 52 veículos em junho.


Perto de um terço delas apresenta otimismo em relação aos avanços tecnológicos -retratando como tornam a vida mais fácil e produtiva. Porém, mais de um quarto dos textos apresenta visão negativa, focando, principalmente, riscos da tecnologia à privacidade e às crianças.


O perigo de escrever SMS enquanto se dirige foi o tema mais abordado -9% das notícias. O assunto apareceu na mídia cinco vezes mais que o plano dos EUA para acesso à banda larga. O segundo mais destacado foi o lançamento do iPhone 4.


A Apple foi a empresa do setor com maior número de reportagens, 15,1% do total. A companhia foi descrita como inovadora e superior em 42% delas. Os temas positivos lideraram ainda a cobertura sobre o Google, mas em menor escala (20%).


Dos 10 temas mais publicados, 3 são de fora dos EUA: o papel do Twitter nos protestos de 2009 no Irã, o impacto da web na China e os supostos ataques feitos pela Coreia do Norte a sites da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.


 


 


‘New Yorker’ lança versão para o iPad com conteúdo extra


O grupo Condé Nast anunciou nesta semana o lançamento da versão da revista ‘New Yorker’ para o iPad. A publicação marca a quinta aposta da editora no mercado dos tablets -’GQ’, ‘Vanity Fair’, ‘Glamour’ e ‘Wired’ já foram adaptadas para a nova plataforma.


Os leitores que optarem pela versão para o aparelho eletrônico poderão acessar conteúdo adicional ao da publicação impressa, como vídeos e galeria de fotos.


Os exemplares serão vendidos separadamente por US$ 5 (R$ 8,50) cada.


 


 


TELEVISÃO


Laura Mattos


Associado à violência, Cartoon faz campanha contra bullying


Conhecido por desenhos associados à violência, o Cartoon fará campanha com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).


A fim de melhorar sua imagem, lançará o ‘Movimento Cartoon’, com comerciais de temas como preservação do ambiente e valorização de atividades físicas.


Duas das campanhas – uma contra bullying (violência nas escolas) e outra pelo consumo consciente da mídia- são paradoxais à própria imagem do canal.


À Folha, Barry Koch, vice-presidente sênior e diretor-geral do Cartoon Network na América Latina, afirma estar consciente das críticas ao canal e admite que a campanha visa um reposicionamento.


Ele também afirma que tem a intenção de ‘contaminar’ os responsáveis pela programação com as ideias do ‘Movimento Cartoon’. ‘A princípio, a campanha terá conteúdos na internet e em games, mas estamos vendo a possibilidade de mudar também a programação’, diz.


A parceria com o Unicef durará três anos, e os temas das campanhas foram definidos por meio de pesquisas com o público-alvo do canal, crianças de 6 a 12 anos.


SOU POBRE MAS TÔ NA MODA


É com mala de oncinha que Clô (Irene Ravache) deixa os Jardins para morar na quitinete de Berilo; no ar a partir de hoje, em ‘Passione’


Precoce Regina Duarte teve filho com 12 anos e Edson Celulari, com 11. Em ‘Araguaia’, novela das 18h da Globo que estreou anteontem, Celulari, 52, é filho de Duarte, 63, e pai de Murilo Rosa, 40.


Velho é a mãe Novela é novela, mas o envelhecimento da atriz não convenceu, mantendo sua pele jovem como nos tempos do baselight (programa de computador que a rejuvenescia em ‘Páginas da Vida’). E Celulari, cabelos grisalhos à parte, continua com o charme intacto do ‘tio Glauco’, de ‘América’, e não pode ser pai de um quarentão.


Pantanal Com cenas de tuiuiú, ‘Araguaia’ teve 26 de média, vista por 48% das TVs ligadas. Foi um bom capítulo, claro, sem ser didático.


Tiro certo Com imagens exclusivas da operação em Heliópolis na qual um policial se infiltrou como se fosse candidato a deputado para prender traficantes, o ‘Operação de Risco’, da Rede TV!, marcou anteontem 7 pontos, sua melhor média. Enquanto concorreu com o ‘CQC’, da Band, teve mais que o dobro (7 a 3). São dados prévios do Ibope da Grande SP, onde cada ponto equivale a 60 mil domicílios.


Comédia ‘Tudo Junto e Misturado’, humorístico que estreia nesta sexta-feira, tem o desafio de melhorar o desempenho da Globo após o ‘Globo Repórter’. ‘Separação’, que antes ocupava esse horário, chegou a registrar 19 pontos na estreia, terminou na semana passada, 24 episódios depois, com apenas 14.


 


 


Roberto de Oliveira


‘Araguaia’ perde trama em meio a belas imagens em HD


Ainda bem que, no meio do caminho, tem o Araguaia.


O rio, porque a novela não soube tirar proveito da estreia para fisgar o telespectador. E olha que tempo ela teve: só a primeira parte consumiu cerca de 20 minutos sem intervalos comerciais.


A tarefa de Walther Negrão não é fácil. No horário, o folhetim tenta seduzir tanto a dona de casa como a criançada. Na tentativa, cria-se uma miscelânea com maldição indígena, triângulos amorosos, política e traição.


Só que tudo pareceu perdido naquele ‘marzão’ no coração do Brasil. O capítulo não deixou nada relevante para o dia seguinte.


Lima Duarte chegou botando banca, mas o personagem que encanta é o rio, que dá munição para as câmeras de alta definição. As belas imagens prometem hipnotizar quem busca em ‘Araguaia’ um elixir contra o estresse dos grandes centros.


Quem sabe mãe e filho convencem papai a sair mais cedo do trabalho e embarcar em família para ‘Araguaia’?


Fique esperto, papai: Cleo Pires, bronzeadíssima, vai nadar no rio.


 


 


 


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