Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Freelancers e conflito de interesses

Em sua coluna de domingo [3/1/10], o ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, comentou casos recentes de conflito de interesses no jornal envolvendo freelancers. Mary Tripsas, professora da Harvard Business School, escrevia mensalmente uma coluna sobre inovação corporativa, sua especialidade acadêmica. Há duas semanas, ela deu destaque ao centro de inovação da 3M, em St. Paul, em Minnesota. Neste domingo, uma nota do editor explicava que, se o NYTimes tivesse tomado conhecimento de que as despesas de Mary foram pagas pela 3M, a coluna não teria sido publicada como foi. A professora violou a política de não aceitar viagens ou algo de valor que faça parte do tema da cobertura. Por isso, não escreverá mais para o NYTimes.

Na semana passada, o jornal tomou conhecimento de que o também freelancer Joshua Robinson dizia ser repórter do NYTimes para ganhar passagens aéreas de revistas de bordo para um projeto independente de fotografia. Recentemente, outro freelancer, Mike Albo, deixou de assinar uma coluna do jornal depois de ter aceito viagens de diversas empresas para um trabalho fora do diário.

Normas

Estes casos ilustram o quão difícil é garantir que freelancers, que contribuem com uma parte substancial do conteúdo do NYTimes, respeitem as normas éticas que editores acreditam ser evidentes e essenciais para a credibilidade do jornal. Alguns destes profissionais, no entanto, não leem as normas com cuidado e, mesmo sendo encorajados a contar para os editores sobre possíveis conflitos de interesse, não o fazem.

As transgressões são duramente criticadas na web e não são boas para a reputação do jornal. O caso de Mary foi revelado por um site dedicado a criticar o NYTimes, o Nytpicker. Já o de Albo foi revelado por Jeff Bercovici, colunista de mídia do site DailyFinance. No caso de Robinson, foi a própria empresa aérea que contou ao diário. O editor de padrões do NYTimes, Philip Corbett, afirmou que se reunirá com editores para discutir como ampliar o cumprimento das regras – que estão em um livro de 54 páginas – pelos colaboradores do diário.