Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Mara Gama

‘No dia 1º de janeiro, leitores escreveram à ombudsman questionando a falta de espaço para comentários em vídeo que reproduzia críticas em off feitas pelo âncora do Jornal da Band, Boris Casoy, à uma inserção de ano novo com cumprimentos de dois garis, sem que o jornalista soubesse que o som vazava para o telespectador. O vídeo foi ao ar no jornal que ele apresenta na TV Bandeirantes e foi reproduzido em vários sites. O UOL dedicou chamada na home page. Os comentários de Casoy foram considerados preconceituosos por alguns leitores que se manifestaram para a ombudsman:

‘Tentei enviar um comentário sobre vídeo UOL – ‘Veja gafe do Jornal da Band’ – cometida pelo âncora Boris Casoy. No vídeo não consta comentário algum, certamente porque ninguém conseguiu enviar. Está o UOL sendo corporativo e protegendo alguém que foi no mínimo preconceituoso com dois trabalhadores? Deixemos que quem errou pague pelos seus erros, sendo criticado pelas pessoas e que perca sua popularidade. Quanto ao fato de os senhores bloquearem os comentários só tenho que plagiar a frase: ‘ISSO É UMA VERGONHA’’, enviou José Luiz.

‘Hoje vi, no UOL e em vários outros sites, o vídeo sobre a gafe que Boris Casoy cometeu contra dois garis no Jornal da Band de ontem. Como havia link para comentários, e pelo fato de ficar indignada com a gafe, resolvi comentar. Tentei enviar e aí pediram meu e-mail e a senha de assinante. Depois de atender ao pedido (inclusive copiar ao lado os números que apareciam), apareceu a mensagem de que meu comentário estaria sendo enviado. Em seguida apareceu: tente novamente. Tentei por várias vezes e acabei desistindo. Engraçado é que na frente de comentários aparecia: 0. Consegui comentar no site Terra, mesmo sem ser assinante. Percebi que a matéria teve centenas de comentários nos vários sites e blogs. No UOL, o assinante, também, está sendo censurado? Nos dias de hoje, isso, é dar um tiro no pé’, opinou Isabel.

O leitor Castorino questionou também a chamada feita pelo UOL: ‘A palavra ‘gafe’ é corporativista, já que se tratou de uma ofensa a dois cidadãos brasileiros. A ‘gafe’ é do UOL.’

Informei a Redação sobre as reclamações, e sugeri que caso houvesse algum problema técnico, o vídeo poderia ser republicado em interface que não solicita comentários. Fui informada de que o vídeo fora postado pela Folha Online, equipe independente da Redação do UOL.

Ontem, 7 de janeiro, recebi a resposta do editor Ricardo Feltrin sobre o assunto:

‘Chegamos a abrir comentários para o vídeo, mas dado o baixíssimo nível de boa parte das postagens, algumas muito mais infelizes do que as declarações (deploráveis) do âncora, optamos em eliminar o recurso. Por causa de seu erro, alguns leitores chegaram a atacar o jornalista com anti-semitismo, orientação sexual e outras ofensas. Lembro que essa prerrogativa, de tirar ou não um comentário, é da Redação da Folha Online.’

O UOL ao publicar e destacar o vídeo, seja lá de que parceiro de conteúdo for, deve no mínimo acompanhar o assunto e verificar que tipo de reação este conteúdo está em curso. Neste caso, poderia ter republicado o vídeo em outro tipo de página que não chamasse à participação, que não tivesse espaço para comentários, caso não pudesse mediá-los. Ou publicar em espaço interativo e mediar. E, em todos os casos, interligar os vídeos sobre o caso: o original e a repercussão.

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Reportagem em São Luiz do Paraitinga (4/1/10)

Boa a iniciativa da Redação de enviar equipe de vídeorreportagem a São Luiz do Paraitinga (SP) para acompanhar a vistoria dos moradores em algumas áreas destruídas, neste dia 5 de janeiro.

Embora com pouquíssimo movimento de câmera, as imagens dos vídeos são eloquentes e mostram a dimensão do problema.

Sobre os vídeos que já estão disponíveis – ‘São Luiz (SP): chuva faz geladeira ficar presa em poste’ e ‘Moradores começam a ter acesso ao que restou das casas’ -, o texto precisa avançar e mostrar a que veio.

A descrição das imagens que o leitor pode ver com seus próprios olhos não basta.

É enriquecedor e insubstituível o relato do repórter como testemunha e se espera que ele possa garimpar e apresentar dados, histórias e informações novas sobre o que poderá ser feito na cidade, para além das constatações e da repetição do que já se vê nos telejornais da TV aberta.’