Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

A mutação do ser nas redes sociais

O mundo pop parece instigar os seres a se mostrarem cada vez mais sexy nas redes virtuais. As caras e bocas estampadas nas redes sempre têm uma robusta dose de sensualidade. Ser normal ou fazer gestos normais parece não ser aceito facilmente, já que a onda é ser provocante. Os mais empolgados vendem o corpo em liquidação. O “público”, escolhido na generalidade, vê o corpo com trajes de praia em dezenas, até centenas, de fotos ao ar livre ou em casas de massagens.

A onda também é de se espelhar como se vivesse em um vídeo clip de cantora pop, levam as pessoas ao cômico e, nas demais vezes, à completa “ridicularidade”. O exagero do comportamento nas redes e a falta de ética nas sociedades virtuais chegam a picos alarmantes, a ponto de vermos ações que saem do imaginário e acabam por nos chocar com tanta falta de bom senso.

A morte de uma celebridade ou pessoa pública gera milhares de cliques no item “curtir”. Por esse comportamento equivocado, demostra-se o completo desconhecimento da proposta do item ou até mesmo, logicamente, do significado da palavra. Disso também pode se propor a ideia que as correntes dos teclados, na qual as pessoas estão presas, retiram o foco do senso crítico e se envereda pelo modismo do “vai com as outras”.

Ostentação bate recorde de audiência

Ao que parece, os que vemos nas redes é o profundo desespero daqueles que almejaram, de alguma forma ou em algum grau, alcançar a fama, porém, meio que para satisfazer o ego, a forma mais sutil foi buscá-la na audiência livre do mundo virtual. Dessa necessidade surgem as enxurradas de cenas, forjadas ou não, que vão do grotesco ao dantesco.

Fazer parte de uma rede social hoje é sinônimo de ter audiência nas 24 horas do dia. Os navegantes querem compartilhar todos os seus momentos, por mais íntimos, com a coletividade a todo tempo. Pelo que vemos, todos os sentimentos e pensamentos são “compartilhados” e “curtidos” sem nenhum pudor. Os desejos mais comprometedores e ridículos são expostos ao grande público “amigo”, mesmo que desconhecido.

A febre das redes, do olhar, do se vê, causou mutação no ser. A pessoa virtual muitas vezes se mostra completamente diferente da real. Chamar esse ser de “avatar” seria a definição mais aproximada de uma realidade virtual, embora o real como um paradoxal desencanto, fique bem aquém do propagado pelas linhas e flash nas páginas das redes sociais. A ostentação bate recorde de audiência nos instagrafaces… Vida real se destorce em 140 caracteres.

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Francisco Júlio Xavier é estudante de Jornalismo