Domingo, 16 de março de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 2025 - nº 1329

Embaixador dos EUA acusa TV estatal de invasão de privacidade

O Departamento de Estado americano expressou formalmente preocupações com o governo da Rússia sobre a segurança de seu embaixador em Moscou, Michael A. McFaul, que acusou uma equipe da TV estatal NTV de invadir seus emails ou telefones para obter acesso a seus compromissos. McFaul foi abordado por uma repórter da NTV – emissora que divulgou matérias críticas aos EUA nos últimos meses – junto com um cinegrafista calçada de um local onde ele tinha um compromisso. Irritado, o embaixador afirmou que os jornalistas estavam agindo como se a Rússia fosse “um país selvagem”. Posteriormente, ele tentou se explicar no Twitter, alegando que queria ter dito que as ações da NTV eram selvagens. “Foi meu russo ruim. Eu respeito profundamente a Rússia”.

McFaul reclamou que equipes da emissora o perseguiam insistentemente e lhes perguntou como sabiam onde ele estaria naquele momento, pois sua agenda não havia sido divulgada. “Isto é contrário à Convenção de Genebra, se você obteve minhas informações do meu telefone ou do meu BlackBerry”, afirmou à repórter, quando Lev A. Ponomaryov, líder da oposição com quem teria uma reunião, tentava puxá-lo para dentro do prédio. Horas depois, via Twitter, o embaixador comentou: “Respeito o direito de imprensa de ir a qualquer lugar e perguntar qualquer questão. Mas eles têm o direito de ler meu email ou ouvir meu telefone?”.

McFaul, que chegou ao país em janeiro, recebeu um tratamento duro da TV russa logo no segundo dia de trabalho, quando um comentarista anunciou que ele havia sido enviado para “fomentar a revolução”. A NTV, que é de propriedade da gigante de energia Gazprom, controlada pelo governo, divulgou uma série de filmes insinuando que os EUA orquestraram manifestações antigoverno; o último provocou pedidos para que a emissora fosse boicotada.

Figura pública

Líderes da oposição parabenizaram a reação assertiva de McFaul. Mas Pavel Gusev, líder da comissão de mídia da Câmara Pública, grupo da sociedade civil patrocinado pelo Kremlin, afirmou que a equipe de TV não violou nenhuma lei. “Teria sido diferente se as tentativas fossem de investigar sua vida privada ou gravar suas conversas, o que é ilegal”, disse. “Jornalistas querem saber mais sobre uma figura pública – um embaixador, um político. É seu direito.”

A NTV é conhecida por revelar fatos comprometedores de inimigos do Kremlim. Mas a porta-voz da empresa, Maria Bezborodova, afirmou que “funcionários da NTV obviamente não invadem celulares ou leem emails de ninguém”. “A ubiquidade da NTV pode ser explicada pela rede ampla de informantes, que é bem conhecida por toda figura pública deste país”, disse. A emissora emitiu uma declaração em que diz que vem gravando imagens de McFaul para arquivo, sem nenhum objetivo particular. Informações de Ellen Barry [New York Times, 30/3/12].