Sunday, 06 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

Sérgio Dávila

THE WALL STREET JOURNAL

"?Wall Street Journal? muda e ganha cor", copyright Folha de S. Paulo, 9/04/02

"Na briga por mais leitores para sua edição nacional e por mais anúncios, o diário nova-iorquino ?The Wall Street Journal?, o mais tradicional e influente jornal econômico do mundo, muda hoje pela primeira vez em 58 anos.

A principal diferença é o uso de cor na primeira página e nas páginas internas. O ?WSJ? era um dos únicos grandes jornais do mundo a evitar a novidade, mantendo sua capa em preto-e-branco.

?A idéia é poder oferecer às agências a possibilidade de vender anúncios coloridos não necessariamente de página inteira?, disse o assessor Steven Goldstein, da Dow Jones, empresa que edita o ?WSJ?. Das 96 páginas diárias, até 24 poderão ser coloridas.

Outra novidade é que o ?WSJ? passa a dar mais corriqueiramente manchete em mais de uma coluna, o que ocorreu só duas vezes nas últimas seis décadas, no bombardeio de Pearl Harbor, em 1941, e no ataque de 11 de setembro.

Ganha ainda uma reformulação gráfica, comandada pela dupla Joanne Lipman e Joe Dizney, que criou com sucesso o ?Weekend Journal? em 1998, e supervisionada pelo renomado escritório Garcia-Media. É a principal desde a fundação do ?WSJ?, em 1889.

Duas características, porém, serão mantidas: a coluna de notas ?What?s News? (O que É Notícia), na primeira página do jornal desde 1942, e a ausência de fotos nos cadernos principais, que seguem publicando apenas reprodução de imagem em bico-de-pena.

Para anunciar as mudanças, que custaram US$ 232 milhões, o diário faz uma engraçada campanha publicitária, que mostra três supostas propostas ?rejeitadas? de primeira página. Uma imita um tablóide sensacionalista. Há ainda uma no estilo revista feminina e outra de quadrinhos.

Numa primeira reação, o diário ?The New York Times? estreou na última sexta um novo caderno semanal, ?Escapes? (escapadas, em inglês), com reportagens, dicas e roteiros de viagens breves.

Os dois jornais brigam pela vice-liderança do mercado nacional dos EUA, capitaneado pelo diário ?USA Today?, com 2,24 milhões de leitores por dia. O ?WSJ? vem atrás, com 1,78 milhão, seguido pelo ?NYT?, com 1,11 milhão.

Os dois títulos tiveram um primeiro critério de desempate ontem. Ao anunciar seus vencedores, o Prêmio Pulitzer, o mais prestigioso dos EUA, privilegiou o ?NYT?. O diário da rua 43 levou sete dos 14 possíveis, entre eles os de noticiário internacional e comentarista (para o colunista Thomas Friedman), enquanto o concorrente econômico ficou com um, mas o mais cobiçado, de noticiário, por sua cobertura do ataque terrorista de 11 de setembro.

Longe da disputa dos dois gigantes, um nanico volta a circular na cidade na terça-feira que vem. Trata-se do conservador ?The New York Sun?, que existiu de 1833 até 1950.

O título foi comprado pelo empresário canadense de comunicações Conrad Black. Sua idéia é atingir o leitor que acha o ?New York Times? liberal demais, mas considera o conservador ?New York Post? muito escandaloso."

 

RIOTUR vs. SIMPSONS

"Polêmica sobre ?Os Simpsons? no Rio vira notícia internacional", copyright O Estado de S. Paulo, 11/04/02

"A decisão de processar por perdas e danos a Fox Cable International por causa do episódio Blame it on Lisa (Culpem a Lisa) do seriado Os Simpsons anunciada pelo secretário de turismo do Rio e presidente da Riotur, José Eduardo Guinle, correu o mundo. Alguns dos principais jornais e redes de televisão do mundo noticiaram a polêmica em torno do desenho que mostra os personagens passeando por ruas infestadas de ratos, assaltados por trombadinhas, atacados por macacos, seqüestrados e devorados por sucuris.

Tudo isso ao som de música caribenha. O episódio foi exibido no dia 31 de março nos Estados Unidos.

Ontem foi a vez do jornal italiano Corriere della Sera. ?Um episódio do famoso desenho incomodou até o presidente Cardoso?, diz o jornal, que completa afirmando que o presidente Fernando Henrique Cardoso considerou ter o desenho ?dado uma imagem distorcida da realidade brasileira?.

O jornal informou que 11 milhões de norte-americanos assistiram ao episódio.

Além do Corriere, a agência de notícia francesa AFP, a inglesa Reuters e a espanhola EFE falaram do assunto. Além delas, os sites da televisão inglesa BBC e da rede americana CNN, o jornal inglês The Guardian e o americano Houston Chronicle noticiaram o caso.

O jornal The Guardian brincou com o título do episídio Rio blames it on The Simpsons (Rio culpa os Simpsons). O jornal relata as queixas da Riotur, que afirma serem raros os ataques aos turistas na cidade. Além disso, informa que, segundo o órgão responsável pelo turismo no Rio, ?jamais alguém foi atacado por macacos em Copacabana?. A Riotur gastou US$ 18 milhões na divulgação da imagem da cidade no exterior. Esse trabalho estaria ameaçado pelo episódio da série. Aqui, o canal Fox informou que o episódio sobre o Rio só deve ir ao ar em outubro.

Estereótipos – Entre outras cenas, Homer e seu filho Bart tomam um táxi ?não autorizado? e o Homer é seqüestrado. Ele é levado para a Amazônia e o resgate é pago no bonde do Pão de Açúcar. O teleférico cai e Bart é devorado por uma cobra sucuri.

Os Simpsons vêm ao Brasil procurar o menino Ronaldo, um garoto órfão, que Lisa, a filha mais consciente da família, havia decidido ajudar. Em um vídeo, Ronaldo havia contado à sua protetora que com sua doação havia comprado um sapato para dançar samba e uma porta para proteger sua casa de ataques de macacos.

Segundo o Corriere della Sera, não foram só os abusos dos estereótipos que irritaram a Riotur, mas também diversos erros, como o fato de os Simpsons, para retornar ao hotel, pegarem um conga, que não é meio de transporte, mas uma dança caribenha. O jornal continua dizendo que tudo isso foi demais para a Riotur. Para a entidade, o episódio terá ?conseqüências dramáticas para o turismo?."