Friday, 01 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Circulação de jornal indiano cresce com redução de preço


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


************


Folha de S. Paulo


Terça-feira, 23 de novembro de 2010


 


MERCADO


Jornal indiano reduz preço, e circulação cresce 8% ao ano


Com uma tiragem de 4 milhões de exemplares e seis edições diárias diferentes, o ‘The Times of India’ é um dos melhores exemplos de como a realidade na indústria dos jornais é totalmente diferente entre os países emergentes e países desenvolvidos.


Enquanto nos EUA e na Europa as empresas jornalísticas investem no meio digital pensando no dia em que vão parar de imprimir jornais, nos países emergentes a circulação cresce. No ‘The Times of India’, a um ritmo de 8% anuais nos últimos dez anos.


Uma das explicações para o sucesso do diário indiano, segundo Aman Nayar, gerente de marca do jornal, é o preço. Os jornais custam o equivalente a R$ 0,10. Ou R$ 45 por uma assinatura anual.


‘Reduzimos o preço pela metade há alguns anos e a circulação disparou’, diz Nayar, que participou em São Paulo de seminário sobre o futuro dos jornais organizado pela INMA, associação internacional de marketing de jornais.


Mas o preço, diz Nayar, não explica tudo. ‘Oferecemos hoje mais reportagens e reportagens curtas, sempre com temas de interesse para o leitor’, afirma.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Chineses nos portões


O ‘China Daily’ publicou que ‘a esperada rodovia inter-oceânica da América do Sul será completada no mês que vem’. Liga a costa peruana ‘às estradas já existentes que servem o porto de Santos’. Em ‘projeto paralelo, através da Bolívia, o Brasil constrói estrada que vai de Santos ao porto chileno de Iquique’.


Na manchete, o jornal estatal noticiou um projeto de trem-bala ligando o Sul da China a Mianmar, Laos, Camboja e Tailândia. Um executivo chinês vê ‘boom mundial’ de trens de alta velocidade, Brasil inclusive. E o ‘Wall Street Journal’ destacou que as empresas chinesas ‘que já foram sócias de Siemens ou Alstom concorrem com elas no mercado internacional’ de trem-bala, hoje, ‘adaptando sua tecnologia’.


Por fim, o Global Post relata o entusiasmo com o ‘boom de investimento’ chinês no Brasil -e a reação de, entre outros, Sergio Amaral, ex-porta-voz de FHC e que hoje dirige grupo de comércio voltado à China. Alerta contra ‘propósitos estratégicos da China’.


‘El País’ vs. China O jornal espanhol deu a reportagem ‘China coloniza América Latina’, destacando que já é o segundo parceiro comercial da região, ‘atrás dos EUA e à frente da União Europeia’. Ouve do publicitário Nizan Guanaes que ‘já fomos colonizados uma vez’ e agora ‘queremos ser sócios’.


‘FT’ vs. China O inglês ‘Financial Times’ deu e o UOL traduziu e destacou na home que a ‘Economia da América Latina tropeça com a China’. O texto avalia que ‘a perspectiva de aumento dos juros chineses, combinada com as preocupações na zona do euro, fizeram cair as ações latino-americanas’.


No especial, ‘Brasil, que responde por metade da América Latina’


//MAIS UM


E o ‘Financial Times’ publicou ontem mais um caderno voltado ao Brasil, desta vez sobre negócios na América Latina, com 12 páginas em formato revista e patrocínio do HSBC. No texto de abertura, com foto de São Paulo (acima), ‘Não mais o cara com um bigode e um violão’. Aborda também o México, mas negativamente -e apontando como ‘Grande oportunidade’ o acordo de comércio em negociação com o Brasil.


Por outro lado, diz que o ‘sonho de uma América Latina unificada’ enfrenta diferenças ‘ideológicas’. Mas destaca o dado, do chanceler Celso Amorim, de que a Argentina está para passar os EUA como segundo parceiro comercial do Brasil. ‘O primeiro é a China.’


ANTIRREBELIÃO ‘New York Times’ e outros publicaram resenha do livro ‘Uprising’, rebelião, do economista George Magnus, do banco UBS, que questiona a ascensão dos emergentes. No título do ‘NYT’, ‘Espere um pouco para descartar o Ocidente’. No do ‘FT’, ‘Um mundo agitado, mas não exatamente abalado’


//EUA, AO RESGATE


Jim O’Neill, o economista do banco Goldman Sachs que cunhou a expressão Bric, deu entrevista ao ‘WSJ’ no fim da semana, afirmando que ‘as pessoas vão se surpreender positivamente com a sustentabilidade da recuperação econômica’ -a ser creditada sobretudo aos Brics, mas também aos EUA.


Ele está ‘otimista com a economia americana’ e prevê crescimento próximo de 3% no ano que vem. ‘Uma surpresa possível para 2011 é que a economia dos EUA pode se sair muito melhor do que estão esperando’, diz, prevendo até valorização do dólar.


//HILLARY VS. OBAMA


A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, deu entrevista domingo à Fox News e negou sair contra Barack Obama, daqui a dois anos. Mas a própria cobertura americana tratou de questionar, com enunciados como ‘Mais uma vez, Hillary rejeita, sem convencer, que vá se candidatar a presidente’. No dizer de Hillary, ‘estou feliz com o que estou fazendo’.


A entrevista foi precedida por um encontro reservado do investidor George Soros com outros financiadores das campanhas democratas, que vazou pelo Huffington Post e ecoou. Ele fez ‘críticas duras à administração Obama’ e chegou a ‘sugerir que os doadores democratas direcionem seu apoio para outro candidato que não o presidente’.


Nas palavras de Soros, ‘Se este presidente não pode fazer o que precisamos, é hora de começar a procurar em outros lugares’.


 


 


WIKILEAKS


Website prepara nova bateria de documentos


O WikiLeaks anunciou ontem que sua próxima publicação de documentos secretos será sete vezes maior que a relativa à guerra do Iraque, em meados do mês passado. O anúncio foi feito pelo site no Twitter e não detalha o conteúdo nem a data exata em que o material sairá.


Embora no ar há alguns anos, o WikilLeaks ganhou destaque internacional neste ano, ao levar a público 77 mil documentos da inteligência americana sobre o Iraque.


O site afirmou estar sob ‘intensa pressão’. Essa é uma possível referência ao recente pedido de prisão emitido contra seu fundador, Julian Assange, pela Justiça da Suécia.


 


 


INTERNET


Problema em sistema da Nielsen subestima audiência da internet


O instituto Nielsen anunciou que seu sistema de medição de audiência na internet está subestimando o número de visitantes dos sites em cerca de 5%.


A falha afetou principalmente páginas de jogos on-line em redes sociais.


Em nota, a companhia informou que não sabe quando começou o problema.


Na semana passada, a empresa já havia reportado erros na contagem de tempo de navegação dos internautas.


Nesse caso, os números verificados pelo instituto foram 22% menores do que o tempo efetivamente gasto na rede mundial de computadores.


Segundo a empresa, já foi testado um sistema para corrigir o problema. A previsão é que a implementação ocorra até o final deste mês.


A falha impede a medição em sites cujos endereços ultrapassem 2.000 caracteres. Esses endereços estão se tornando cada vez mais comuns devido a redes sociais, como o Facebook.


A Nielsen disse que os problemas na mensuração parecem estar altamente concentrados nos Estados Unidos e possivelmente não se espalharam para outros países.


Ainda não há informação sobre se a medição de audiência em sites hospedados no Brasil foi afetada e qual seria o possível desvio.


Executivos da companhia também disseram que ainda não sabem informar o quanto outras ferramentas foram afetadas.


Entretanto, existe a suspeita de que o VideoCensus, sistema que afere a audiência em vídeos colocados na web, também possa ter sido afetado.


 


 


News Corp. deve lançar no Natal jornal exclusivo para tablets


A News Corp. (grupo de mídia dono da Fox e do ‘Wall Street Journal’) deve lançar por volta do Natal a versão beta (teste) do seu jornal exclusivo para tablets, como o iPad, da Apple.


A empresa vem há três meses contratando jornalistas para formar a sua equipe, mas não havia nenhuma previsão de quando o projeto (chamado por Rupert Murdoch, dono da News Corp., de ‘o mais excitante de todos’) seria lançado.


De acordo com o site Women’s Wear Daily, o jornal, que tem o nome provisório de ‘The Daily’, deve ser lançado para o público no começo do ano que vem e não deve ficar restrito ao iPad -outros tablets também terão acesso ao conteúdo.


A expectativa é que a assinatura semanal custe US$ 0,99 (cerca de R$ 1,70).


O ‘Daily’ já recebeu investimento de US$ 30 milhões e tem uma equipe de aproximadamente cem profissionais. A ideia é que o jornal use conteúdo de outras empresas da News Corp. (como vídeos esportivos da Fox) e que os textos sejam bem-humorados e não muito longos.


A aposta de Murdoch é que, em poucos anos, os tablets serão tão comuns como celulares ou laptops e, portanto, mais baratos. A versão mais simples do iPad é vendida nos Estados Unidos por US$ 499 (cerca de R$ 858).


A News Corp., dona do ‘Wall Street Journal’, que é considerado, ao lado do jornal britânico ‘Financial Times’, o modelo mais bem-sucedido de cobrança por conteúdo on-line, vem apostando cada vez mais na internet para aumentar o seu faturamento.


Na metade do ano, ela fechou o conteúdo na internet dos britânicos ‘The Times’ e ‘The Sunday Times’ e deve fazer o mesmo com outras publicações, como ‘The Sun’ e ‘The New York Post’.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Ainda sem Pan, Globosat corre antes por Olimpíada


Sem o Pan de 2011 garantido, a Globosat corre para fisgar anunciantes, dois anos antes, para a Olimpíada de Londres (2012).


Com a Globo fora da transmissão, e tendo pago à Record (dona dos direitos de transmissão) pelo evento cerca de US$ 22 milhões (R$ 38 milhões), a Globosat já lançou no mercado o plano comercial dos próximos Jogos Olímpicos nos canais Sportv.


No pacote, com seis cotas de patrocínio, a R$ 35 milhões cada (preço de tabela), a programadora promete aos anunciantes iniciar a cobertura de Londres já em janeiro de 2011, exibindo 25 competições ligadas à Olimpíada em modalidades como atletismo, vôlei e basquete.


Os canais Sportv também terão especiais sobre as estrelas olímpicas, pílulas espalhadas pela programação, séries sobre a história da competição e matérias no ‘Sportv News’, ‘Tá Na Área’ e ‘Redação Sportv’.


Em 2012, de 27 de julho a 12 de agosto, período da Olimpíada, a Globosat contará com a transmissão do evento em cinco canais Sportv, um deles em HD.


A ideia da Globosat é contar com estrelas da Globo, como Galvão Bueno e Tiago Leifert na cobertura do Sportv. Tudo para tentar roubar audiência da Record, a única emissora aberta a transmitir a competição.


CARIMBO Em cena que vai ao ar hoje em ‘Passione’ (Globo), Myrna (Kate Lyra) descobre que Fred (Reynaldo Gianecchini) esteve na Suíça e tira cópia do passaporte


Ventilador O calor já começa a fazer estragos na audiência. O share total da TV aberta (participação entre TVs ligadas) de sexta-feira caiu de 58% (dia 12) para 53% (dia 19). Com isso, ‘Araguaia’ da Globo, caiu de 20 pontos para 17, ‘Ti Ti Ti’, de 28 pontos para 24. (Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP).


Turma J.J. Abrams vai reunir alguns atores de ‘Lost’ em sua próxima série, ‘Alcatraz’, já em produção na Fox.


Farpa O assunto na convenção da Record, anteontem, em Campinas: a ausência da rede no line up da Net HD. A Record diz ter, entre séries e produções próprias, 90 horas semanais em alta definição, 20h a mais que a Globo. Net e Globo não se pronunciaram.


Boazinha No site de ‘Passione’ (Globo), Clara (Mariana Ximenes) lidera com 80% dos votos enquete sobre quem deve ficar com Totó (Tony Ramos).


Meu Ainda na trama, alguém deve avisar a patricinha paulistana Lorena (Tammy Di Calafiori) que quem fica ‘bolado’ é carioca.


Pocket Com ‘Hey Jude’ cortado pela Globo e batizado no Twitter de ‘Roberto Carlos Especial’, por conta do paletó azul de Paul McCartney, o compacto do show do ex-Beatles, anteontem, rendeu 15 pontos de ibope, ante 16 pontos na Record.


Guinness Rita Guedes entrará pela quarta vez em ‘Malhação’ (Globo).


 


 


 


************


O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 23 de novembro de 2010


 


IMPRENSA E POLÍTICA


O que ela diz o PT não pensa


Espera-se que, com o tempo, arrefeça o interesse da imprensa pelo ‘lado humano’ da presidente eleita, Dilma Rousseff, e cresça, na mesma proporção, o interesse pela substância de seus atos e manifestações de ideias. A curiosidade em torno da sua figura é compreensível. Não só é a primeira mulher chefe de Estado nos 112 anos da República brasileira, como ainda era uma ilustre desconhecida, no sentido literal do termo, para a imensa maioria da população, antes de ser pinçada pelo presidente Lula para disputar a sucessão em seu nome.


Além disso, ela chegou ao proscênio portando uma imagem carrancuda e cercada de histórias de rispidez ou severidade, como se queira, no relacionamento com os seus interlocutores, primeiro no Ministério de Minas e Energia, depois na Casa Civil. O seu estilo cortante no trato com os jornalistas nas preliminares da campanha apenas deu motivo adicional para que a considerassem uma versão nativa da Dama de Ferro, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.


Daí por que uma tirada de humor ou um brotar de lágrimas em público chamam a atenção da mídia tanto ou mais do que as palavras da presidente eleita sobre as suas eventuais inclinações em matéria de conduta política. Foi o caso dos relatos de sua participação no primeiro encontro de congraçamento com o diretório nacional do PT depois das eleições, no último fim de semana.


Dela ficaram, sobretudo, a sua referência aos ‘três porquinhos’ – apelido dado aos coordenadores de sua campanha, o presidente da sigla, José Eduardo Dutra, o ex-ministro Antonio Palocci e o deputado José Eduardo Martins Cardozo – a quem Dilma elogiou como ‘companheiros de todas as horas’, e o seu choro ao mencionar a ‘imensa solidariedade’ dos militantes. A mesma emoção ela expressou na noite da vitória, ao saudar o seu patrono Lula.


Daquela vez, no que pareceu um condensado da Carta ao Povo Brasileiro do então candidato em 2002, Dilma reafirmou os seus compromissos com a estabilidade macroeconômica e o respeito aos contratos. Já diante da cúpula petista, reiterou a sua profissão de fé democrática, compondo os seus argumentos aos companheiros de forma tal a lhes dar um sabor de advertência ou, quem sabe, de chamada à ordem – o que não foi suficientemente destacado no noticiário.


Não foi, evidentemente, para afagar a audiência pela vitoriosa trajetória petista que ela comparou o passado da legenda com as circunstâncias do presente. A ‘oposição fazendo oposição com propostas às vezes imaturas, dada a inexperiência’, lembrou, ‘foi depurando progressivamente as propostas, aprendendo e sendo capaz de mudar’. Uma parte da alocução se destinou a consumo imediato – a partilha, em curso, do poder federal. Foi quando louvou o partido por perceber, presumivelmente, ‘que tinha que construir uma aliança para governar, tinha que se coligar e estabelecer regras de convivência política, de multiplicidade e diversidade’.


Nisso, a rigor, ela repetiu o que o seu mentor pregava no esboço do quadro eleitoral para 2010. Era imperioso, dizia, que o PT desistisse de sair com candidatos próprios nos Estados em que os de outras siglas, notadamente do PMDB, despontavam com chances reais de êxito, em nome do seu engajamento na candidatura Dilma. Agora, para um partido instalado em 17 dos 37 Ministérios – e que quer mais – a menção à convivência política e à diversidade se explica por si só. Numa coisa, pelo menos, ela não apenas se distinguiu de Lula, como ainda manifestou uma intenção flagrantemente oposta à sua retórica divisionista.


O presidente, de fato, não perdia ocasião de separar a população em ricos e pobres, nortistas e sulistas, ‘nós e eles’, pouco lhe importando se a prática fomentaria antagonismos entre os brasileiros. Já a presidente eleita declarou estar imbuída da compreensão de que ‘temos de governar para aqueles que nos apoiaram e que não apoiaram’. Mas o que Dilma diz não é propriamente o que pensam os seus companheiros. Depois que ela deixou o recinto, os hierarcas do PT aprovaram uma resolução que prega a ‘democratização da comunicação’ e um debate sobre ‘o conservadorismo que se incrustou em setores da sociedade’.


 


 


PREVISÃO


Marili Ribeiro


Futuro dos jornais passa pela convergência


Defensor da integração dos modelos impresso e online nos jornais, Earl Wilkinson, diretor executivo do INMA (sigla em inglês para Internacional Newspaper Marketing Association), defendeu em seminário em São Paulo que, por maior que seja a resistência das empresas jornalísticas em migrar para a internet, o futuro é usar a convergência de meios para distribuir notícias.


‘É difícil mudar um modelo de negócio que por séculos foi dominado pelo processo impresso para passar a operar em plataformas multimídias’, reconhece Wilkinson. ‘Hoje, os níveis de integração nas redações que visito são bem distintos. Mas, em algum nível, essa integração está sempre acontecendo.’


A questão essencial para os executivos da indústria jornalística ainda está em como equilibrar a equação, já que os gastos com a oferta do jornalismo online continuam sendo cobertos pela operação de jornalismo impresso. Wilkinson entende que o risco é de se canibalizar o negócio com uma migração muito rápida de impresso para a internet. Mas, para ele, a mudança será inevitável.


Para endossar sua análise, ele exibiu a projeção das verbas que serão aplicadas em publicidade nos Estados Unidos em 2012. Apenas 32% do total será investido nos meios tradicionais, como jornal. Os canais online e outros meios, como eventos e promoções nos pontos de venda, devem absorver a maior parte dessa verba. Há dois anos, os canais tradicionais ficavam com 47% dessas verbas nos EUA.


Ao abrir o seminário organizado pelo INMA, Marcelo Benez, diretor de publicidade da Folha de S. Paulo e vice-presidente da associação no Brasil, lembrou que ‘a internet é uma grande oportunidade para os jornais, desde que sem comprometer a rentabilidade do negócio’.


No Brasil, as empresas jornalísticas vivem um bom momento com o crescimento do consumo. No primeiro semestre, o meio jornal teve crescimento de investimento publicitário de 8,25% ante o mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 1,59 bilhão. A circulação dos jornais no País em 2009 foi de 8,193 milhões de exemplares/dia.


Essa realidade é realmente distinta da europeia e da americana, onde a leitura dos jornais impressos cai e a leitura de notícias online cresce. Embora a taxa de leitura no Brasil seja baixa, a perspectiva de curto prazo é de crescimento do mercado para os jornais. Apenas seis a cada 100 pessoas leem jornal atualmente no País. Para efeito de comparação, na Noruega essa relação é de 54 para 100, no Japão é de 46 para 100 e nos EUA, de 19 para 100.


Integração


Os maiores jornais brasileiros vivem, em algum nível, processos de integração das equipes que trabalham no online e no impresso. Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado, acredita que todas as novidades que estão entrando nesse mercado, como os tablets, são absorvidas por todos os participantes desse mercado no País mais ou menos ao mesmo tempo. ‘A questão que se coloca é como se integrar o online e o offline de maneira a rentabilizar o negócio e, ao mesmo tempo, permanecer fazendo um jornal de qualidade.’


Um dos pontos que Gandour levantou em sua apresentação no seminário é que há um tempo de maturação para se absorver as informações jornalísticas. ‘Existem diferenças entre a rapidez de se ler uma notícia na internet e depois lê-la com mais calma no jornal impresso.’


Sérgio Dávila, editor executivo da Folha de S. Paulo, vê esse momento de convergência e integração numa base ainda bem inicial. Ele acredita que há um longo caminho a percorrer, mas que, cada vez mais, os profissionais do meio jornalístico vão ter de se preparar para trabalhar em canais multimídia.


Já para Ascânio Seleme, da InfoGlobo Comunicações, dona do título carioca O Globo, o processo de integração das redações é recente, mas também tem proporcionado bons frutos. Um deles é a agilidade que foi dada com uma equipe que trabalha junta para produzir a versão impressa e definir a notícia que vai para a primeira página do online. Outra mudança prática, segundo ele, tem sido a mudança do fluxo de produção de notícias, já que, no online, o pico de leitura acontece entre 11 horas e 14 horas.


Ricardo Stefanelli, editor chefe do Zero Hora, o maior jornal da região Sul, contou que o online veio para complementar o jornal impresso, reforçando uma prestação de serviços e informações locais que, na prática, resultou em crescimento da circulação do impresso. ‘A experiência online fez a circulação subir’, disse. ‘Em setembro de 2007, quando começou a operação online, a Zero Hora tinha uma circulação diária de 176,4 mil exemplares. Hoje, essa circulação está em 186,5 mil.’


 


 


 


************