MÍDIA EM CRISE
“Perdas da Net crescem 275,6%”, copyright Folha de S. Paulo, 16/08/02
“A Net, nova denominação da Globo Cabo, teve um prejuízo de R$ 312,7 milhões no segundo trimestre de 2002, um aumento de 275,6% em relação às perdas de R$ 83,3 milhões registradas no primeiro trimestre.
A receita da operadora de TV por assinatura e de serviços de banda larga para internet registrou uma queda de 2,1% no segundo trimestre. Somou R$ 280,7 milhões, contra R$ 286,7 milhões acumulados entre janeiro e março.
O número de assinantes pagantes da TV por assinatura também baixou de 1,398 milhão para 1,366 milhão entre março e junho, queda de 2,3%.
A dívida em dólar da companhia contribuiu para o desempenho negativo. Os débitos da empresa passaram de R$ 1,554 bilhão para R$ 1,668 bilhão.
Pacotes mais baratos
Leonardo Pereira, diretor de finanças e relações com o mercado da companhia, afirmou ontem que a perda de clientes da TV por assinatura já era esperada.
?Reduzimos muito o gasto com marketing e publicidade da Net nos últimos meses, período de reestruturação da empresa?, afirmou o executivo.
Segundo Pereira, clientes da classe C deixaram de assinar os serviços da companhia. ?Agora estamos preparando os novos passos da Net com cautela. Ela passará a oferecer pacotes mais baratos, como aqueles que incluirão principalmente canais voltados para esportes ou de desenhos animados?.
A Net sofreu perdas também nos serviços de programas contratados por período limitado (?pay per view?). A receita baixou de R$ 14,9 milhões no primeiro trimestre para R$ 6,7 milhões no segundo. ?É normal uma queda nessa receita entre abril e junho?, disse Pereira.
O valor da ação da Net registrou desvalorização de 90% nos últimos dois meses.
Ontem, o preço do papel fechou em R$ 0,37, uma retração de 5,12% em relação aos R$ 0,39 de anteontem.
A Net encerra hoje o período de captação de recursos no mercado para a capitalização da empresa. A companhia obteve R$ 147 milhões de investidores, que se somarão ao R$ 1,047 bilhão já obtido de acionistas como a Globopar e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).”
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“Embratel e Net estudam operação conjunta”, copyright Folha de S. Paulo, 17/08/02
“A Embratel iniciou entendimentos com a Net, nova denominação da Globo Cabo, para usar a rede de cabos dessa operadora de TV por assinatura para telefonia local. O projeto faz parte da decisão da Embratel de iniciar em outubro seus serviços de telefonia local.
A Embratel e a Net vêm registrando nos últimos meses fortes prejuízos nos seus balanços. Uma aliança entre elas permitiria que a Embratel pagasse menos para oferecer serviços de telefonia (a operadora reclama, há meses, dos custos de uso das redes de empresas como Telefônica e Telemar para ligações de longa distância).
A Net ganharia com o acordo porque cobraria aluguel pelo uso dos seus 35 mil quilômetros de cabos que estão hoje subutilizados.
Ações sobem
O diretor de finanças da empresa, Leonardo Pereira, afirmou ontem que as duas companhias têm negociado um acordo para o uso da infra-estrutura da Net.
O mercado de ações reagiu bem às perspectivas desse entendimento. Os papéis da Embratel subiram 18,42% ontem, e os da Net, 10,81%. Foi uma reversão da tendência registrada desde o início do ano. De janeiro até o último dia 14 as ações da Embratel tinham caído 83,9%, e as da Net, 95,2%.
Um analista de telecomunicações considerou, no entanto, muito cedo para que os cenários negativos das duas empresas possam ser considerados agora mais positivos. Segundo ele, caso o acordo efetivamente seja fechado entre a Net e a Embratel, os resultados positivos só viriam a médio prazo.
A Embratel, que atua hoje em ligações de longa distância nacionais e internacionais, recebeu no dia 8 autorização da Agência Nacional de Telecomunicações para realizar ligações locais. A Net garantiu que seus cabos de TV por assinatura têm condições de intermediar esses serviços.”
“Contabilidade da AOL terá devassa ampliada”, copyright Folha de S. Paulo, 16/08/02
“O governo norte-americano vai ampliar a devassa nos balanços da AOL Time Warner, o maior grupo de mídia do planeta. A companhia, que já estava sendo investigada por autoridades federais em razão de possíveis fraudes, admitiu que encontrou irregularidades em três outras transações, no valor de US$ 49 milhões, e disse que mais contas estão sob suspeita.
Um dia depois do prazo final para que as maiores companhias dos EUA atestassem a lisura de suas contas, poucos problemas vieram à tona, tranquilizando por ora os investidores de Wall Street. Além da AOL, apenas o laboratório farmacêutico Bristol-Myers Squibb revelou possíveis irregularidades contábeis.
A SEC (Securities and Exchange Commission, órgão federal que fiscaliza o mercado financeiro) havia ordenado que os presidentes e os diretores financeiros das 942 maiores empresas de capital aberto enviassem declarações em que se responsabilizam pelos balanços apresentados. Com a exigência, os reguladores norte-americanos tentam coibir a ocorrência de novas fraudes, ao personalizar os responsáveis.
Restrição
A grande maioria das empresas atendeu à exigência. Alguns executivos, em vez de atestar a lisura de suas companhias, preferiram salientar nas declarações que não tinham pleno conhecimento de como foram feitos os balanços. A idéia é evitar uma auto-incriminação, caso surja alguma denúncia no futuro.
Entre os executivos que foram mais reticentes em suas declarações aparecem vários do setor de energia. Não à toa. O setor é o mais problemático no que diz respeito a práticas contábeis suspeitas. A gigante Enron, por exemplo, detonou a onda de escândalos depois de ter entrado em concordata no ano passado.”
“Ações da Vivendi caem mais 12%”, copyright Folha de S. Paulo, 17/08/02
“As ações da empresa franco-americana Vivendi Universal, o segundo maior grupo de mídia do planeta, caíram mais 12% ontem, depois de ter seus papéis rebaixados pelos bancos Deutsche Bank e UBS Warburg. De acordo com o Deutsche, a Vivendi pode ficar insolvente ?dentro de dois meses?.
Desde o começo do ano, a companhia já perdeu cerca de dois terços de seu valor de mercado.
Com dificuldades para levantar novos empréstimos e rolar suas dívidas, a Vivendi planeja vender 10 bilhões em ativos nos próximos meses, incluindo editoras e revistas.
Só neste semestre vencem 5,6 bilhões em débitos. No primeiro semestre, a empresa amargou um prejuízo de 13,6 bilhões.”