Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Comunique-se


JORNALISMO ECONÔMICO
Eleno Mendonça


Brasil Futebol Clube, 19/12/05


‘Ontem vários amigos ligaram para perguntar se torci pela vitória do São Paulo. Eu não sou sãopaulino, mas quando disse que sim, que torci, vários me recriminaram. Não se trata de admitir ares ufanistas como considerar que seja a pátria de chuteiras, nem que o time tal é o Brasil em determinada final de campeonato. Mas torcer contra, na minha avaliação, é demais. Mas muitos devem se perguntar por que diabos alguém que escreve uma coluna chamada Economês está falando de futebol. Primeiro porque, assim como a média dos brasileiros, me sinto um pouco técnico, depois porque minha intenção é usar esse exemplo para dizer que isso também ocorre, infelizmente, na economia.


Acho que a tal imparcialidade desejada a todo jornalista, sobretudo aos que escrevem artigos, é algo muito distante da realidade. O que tem de gente que torce contra e espera que o governo se esborrache para justificar suas teses é uma enormidade. Aqui mesmo, em muitos artigos que escrevi durante o ano, recebi duras críticas de pessoas que me rotulavam disso ou daquilo, como se eu estivesse nesse caminho da torcida contrária. De antemão, quero alertar que nunca farei isso. Torço pelo Brasil, para que as coisas caminhem bem, pelo pleno emprego, pela retomada do caminho do crescimento. Desta forma, quando escrevo contra determinados atos ou caminhos econômicos tento apenas mostrar um ponto de vista.


O que acontece, no entanto, é que essa imparcialidade não é muito seguida. Se é para elogiar, que problema tem nisso? Mas muitos jornalistas fazem a crítica pela crítica. Em economia, quando se trata de números, é possível fazer qualquer leitura, para o bem e para o mal. Há até jornais que vivem exclusivamente do chamado marketing do negativo, analisando e noticiando toda informação que lhe chega pelo pior lado.


O mais importante, nisso tudo, é evitar ser tendencioso. É algo muito difícil, pois vai exigir do profissional que mesmo ele detestando politicamente o governo A ou B precisa trabalhar de forma isenta, batendo em pontos que considere ruins e mal conduzidos e elogiando, por que não, situação nas quais há acertos.


A política de juro, de aperto fiscal, por exemplo, são erros que o governo Lula cometeu e que certamente lhe trarão problemas futuros, principalmente efeitos eleitorais. A falta de uma política social de resultados mais visíveis também. Mas é inegável que, não por ser Lula, há aspectos que melhoram o País, como a situação das exportações, a despeito da política cambial, e a tentativa de tentar desonerar empresas de impostos e outras burocracias. Ou seja, se não fosse a crise política, o mar de lamas, seria muito difícil tirar do presidente a reeleição, mesmo que houvesse uma enorme torcida contrária na arquibancada.’


FSP NO RIO
Milton Coelho da Graça


A Folha explica sua estratégia para o Rio, 15/12/-5


‘Marcelo Epstejn, diretor de Marketing e Circulação da Folha de São Paulo, gentilmente declara a esta coluna: ‘Não faz parte da estratégia da Folha de S. Paulo lançar uma edição exclusiva para o Rio de Janeiro’. Curto, direto, mas com um adjetivo perturbador: ‘exclusiva’. Cada um o interprete como quiser.


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Fecomercio ‘dinamita’ sua redação


A redação da revista SISTEMA – sete jornalistas – foi toda demitida pela direção da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, sem qualquer motivo explícito ou aparente, nem mesmo o tradicional ‘corte de custos’. Toda a operação foi estranhíssima, porque os jornalistas só começaram a saber que havia alguma coisa no ar por informações vindas de fora da instituição. E três dos demitidos já estavam trabalhando há mais de dois anos sem que a Fecomércio tivesse regularizado sua relação empregatícia.


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Vá ser largo assim no inferno


Fábio Gusmão levou merecidamente o Prêmio Esso de Reportagem 2005. E, ainda por cima, ganhou duas passagens aéreas Rio-Paris-Rio, depois que outros dois convidados da grande festa tiveram seus nomes sorteados (um deles foi o Eucimar Oliveira, diretor de O Dia), mas perderam suas viagens por não estarem presentes.


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Cada vez melhor a imprensa ‘menor’


O Prêmio Esso vem comprovando a cada ano o progresso da qualidade do jornalismo fora do eixo Rio-São Paulo. Muitas matérias que levaram prêmios regionais ou de categorias especiais tinham nível muito próximo das que levaram os prêmios maiores. E grande surpresa foi a de nenhuma matéria da Rede Globo ter se classificado entre as três melhores do ano: a Record (que acabou levando o Prêmio de Telejornalismo) carimbou duas e a terceira era da ESPN.


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Até onde cairá o Diário de São Paulo?


O IVC de outubro confirma que o AGORA continua ganhando sua guerra com o DIÁRIO DE SÃO PAULO (sexto entre os jornais paulistanos). E olhem só a invejável soma da circulação dos três principais jornais de Porto Alegre: quase 500 mil exemplares diários nos dias de semana.


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Guerra carioca favorece a Folha


O novo jornal MEIA HORA já comeu uns 20 mil exemplares da circulação do EXTRA. Com isso, a FOLHA retornou ao primeiro lugar do ranking de circulação dos jornais diários brasileiros. Abaixo um comparativo entre as médias de FOLHA, EXTRA e GLOBO em cada dia da semana, segundo o IVC de outubro:


Folha Extra Globo


Domingo 372.301 417.459 384.460


Segunda 288.620 244.671 253.246


Terça 285.242 255.145 249.988


Quarta 288.655 272.310 253.464


Quinta 287.890 254.086 253.203


Sexta 298.807 240.329 256.901


Sábado 312.207 261.798 290.580


As médias semanais de cada um dos três jornais: Folha, 2.133.722; Extra, 1.945.798; Globo, 1.941.942.’


allTV
José Paulo Lanyi


Espero que entendam, 15/12/05


‘Conheci a Internet em 97, quando, em Santos, fui fazer uma reportagem para a TV Mar, afiliada da Rede Manchete na época. O técnico me mostrou como a net funcionava. Explicou que se tratava de um banco de dados portentoso. Para demonstrar, digitou duas palavras: Ayrton Senna. Surpreso, vi centenas de referências em inglês. Fiquei surpreso e fascinado. Outro dia, a minha amiga Mariella Augusta, autora de ‘O Fio de Cloto’ (Editora Ícone), definiu o Google, com felicidade: ‘É a minha Biblioteca de Alexandria…’


Quando estudava na Cásper Líbero, não me imaginava na televisão, mas nos jornais. Internet? O que é isso? Não poderia conceber o que aconteceria hoje.


Tornei-me um ‘webjornalista’, como muitos de vocês. Hoje é como pegar o ônibus na esquina. Primeiro foi o Comunique-se. Depois, a allTV, antes mesmo de sua inauguração. E fiquei viciado nesse troço.


Na terça-feira, o jornalista Alberto Luchetti, diretor-geral da allTV, recebeu o Prêmio Esso concedido à emissora por sua ‘Melhor Contribuição ao Telejornalismo’. No estúdio, em São Paulo, ancorei uma transmissão de cinco horas, direto do Rio de Janeiro, ao lado do Fernando Lancha e de convidados do jornalismo paulista: o Audálio Dantas, o Antoninho Rossini, o Orlando Duarte, o Francisco Ornellas, o publicitário Toninho Rosa… A Ana Kalyne reforçou a equipe mais tarde. No Rio, a Lílian Coelho e a Adriana Blak entrevistavam ao vivo.


Bom, e daí?


E daí que foi épico. Nunca havíamos realizado uma transmissão tão longa. Sabíamos, ainda, da necessidade de que tudo desse certo. Por dever de ofício e pela ocasião. Não bastasse o compromisso público, estávamos no telão para os quatrocentos convidados da premiação. E a allTV seria homenageada. Não podia dar errado.


Então, foi tudo maravilhoso? Não, longe disso. Ainda estamos engatinhando. Às vezes, a imagem travava. No início da transmissão, sobretudo. Melhorou depois. ‘É porque a banda alargou’, explicou o expert Toninho Rosa, uma aula-viva de convergência de mídias. No chat, um internauta, morador da Suíça, dizia que lá se investia muito em tecnologia, e que aqui as coisas ainda estavam aquém do ideal.


Havia outros problemas. Foi difícil sincronizar o áudio do estúdio com o do pessoal que estava no Sofitel, no Rio. Um ‘delay’ de quinze segundos e algumas derrapadas. Com o tempo, resolvemos e não tivemos mais dificuldades.


É um conjunto guerreiro, obstinado, tenho o dever moral de dizê-lo. Trabalha-se em meio a toda sorte de barreiras, vencidas, no cotidiano, ao velho estilo de Churchill, com sangue, suor e lágrimas.


As falhas da transmissão engrandeceram o trabalho, essa foi a percepção. O time vibrou quando tudo começou a funcionar direito. Destaquei, com a concordância dos jornalistas convidados, a trilha tortuosa dos que se propõem a desbravar. É natural que haja tropeços no percurso, previstos ou não. A gente faz aprendendo. E aprende fazendo.


A TV aberta de hoje é um Éden, cara a cara com o seu passado.


A Internet ainda está no Purgatório. Todos nós, aqui, ou na allTV, ou em qualquer desses espaços que buscam a excelência no infinito, haveremos, em poucos anos, de olhar para trás com a condescendência dos que sabem mais, mas, também, com a altivez de quem enfrentou todos os percalços da vanguarda.


Quando o Luchetti subiu ao palco para receber o prêmio, tomamo-nos todos de uma euforia que transcende o simbolismo de um troféu ou de um diploma. Entreolhamo-nos, entre orgulhosos e aliviados, certos de que aquele havia sido um divisor de águas na história da televisão na Internet. A allTV consolidara-se, a TV ao vivo na Internet vingara, reconhecida pela sociedade e pelo sucesso da nossa transmissão. Os olhos brilharam e alcançaram cada um daqueles que trabalharam na emissora, desde abril de 2002.


Tudo foi coletivo, tudo foi impessoal, mas, surpreendentemente, emotivo. Pouco se compara à alegria manifestada pelos internautas, essa audiência parceira da emissora. No chat, ‘gritava-se’, em meio às imagens da entrega do prêmio: ‘allTV! allTV! allTV!’. É o Ibope com cérebro, como costuma dizer o Luchetti. Vou além: é o Ibope com coração.


Lembro-me dessas coisas e peço a compreensão de todos vocês. Quis registrar o que vivemos por saber que, um dia, estas linhas ajudarão a compor a imagem de um período difícil, mas vitorioso. O tempo em que uma esperança se realizou.’


ENTREVISTAS EM FALTA
Carlos Chaparro


Faltam entrevistas na cobertura diária, 16/12/05


‘O XIS DA QUESTÃO – A complexidade dos confrontos da atualidade, em especial nos cenários políticos (mas não só), justificaria plenamente um esforço de criatividade e inquietação jornalísticas, em favor da entrevista, que quase desapareceu da cobertura diária, na mídia impressa. Nenhuma outra espécie de texto tem a eficácia da entrevista, tanto para os efeitos do desvendamento e da elucidação, quanto para o incremento da polêmica e da divergência, nutrientes da democracia e da cultura.


1. A cultura


Ocupei boa parte da manhã desta sexta-feira com a leitura de jornais do dia. Li três. E nas dezenas de páginas percorridas, não encontrei uma só entrevista, daquelas em que se cede espaço e relevância de autor de conteúdo a alguém que tem o que dizer, pode dizer, sabe dizer e o que dizer. Com a coragem de dizer.


Ao final das quase duas horas de leitura, não pude evitar o lamento, que alguém teve a paciência de ouvir: ‘Tanto assunto importante, tanto conflito polêmico, tanta questão sem resposta, tanto debate a ser feito – e nenhuma entrevista com pessoas que possam nos ajudar a entender a importância dos fatos, nos elucidem as dúvidas, nos estimulem à polêmica’. E é assim na maioria dos dias.


Claro que passei por numerosas matérias recheadas de falas ‘aspeadas’, em textos com estrutura de pequena ou média reportagem, que se repetem na monotonia de formas imutáveis, impostas pela tradição ou pelo manual – o que dá no mesmo.


No estilo preponderante, esses textos da monotonia diária das formas alternam parágrafos com resumos descritivos do repórter ou do redator e parágrafos com falas curtas de fontes. São as chamadas reportagens de citações, em que as falas da fonte mais servem à forma do que ao conteúdo. A monotonia se desdobra pelos três jornais lidos, que se repetem na forma, nos fatos e nas fontes citadas. Parecem peças saídas de um só molde, jornais gerados na mesma pauta. E porque se imitam reciprocamente, perdem-se nessa mesmice traços de criatividade que aqui e ali se manifestam.


Em suas formas mais nobres – aquelas em que se dá voz plena ao entrevistado -, a entrevista poderia ser o grande diferencial da mídia impressa, em relação ao paradigma televisivo que sufoca o jornalismo de hoje, no que se refere às formas. Essa tal reportagem de citações, por exemplo, construída com a intercalação de resumos descritivos do repórter e falas de fontes, segue o modelo de uma forma de noticiar imposta pelo telejornalismo. Aliás, nos textos diários dos jornais, não são poucas as falas que simplesmente reproduzem frases de efeito ditas na véspera para o noticiário da televisão, pelos personagens da pauta jornalística. O que significa dizer que nem é preciso sair da redação para fisgar as tais ‘aspas’ que as rotinas de hoje tanto exigem, nas redações dos meios impressos. Basta ligar a televisão…


2. Tradição banida


Sempre que faço comparações entre os grandes jornais brasileiros e os de outros países, vejo no uso da entrevista um dos diferenciais qualitativos que mais chamam a atenção. Principalmente no que se refere à discussão política, a entrevista aprofundada serve, na grande imprensa internacional, como ferramenta da polêmica e da elucidação. Graças à entrevista, a cobertura diária dos grandes jornais franceses (por exemplo) escapa da superficialidade que tanto nos amargura, no jornalismo brasileiro. Nesses jornais, e nessa função, a entrevista soma-se ao papel desempenhado pelo articulismo, que, em especial nos regimes parlamentaristas, tem influência decisiva na discussão pública.


Como no Brasil quase nada se discute a partir do articulismo, haveria um lugar de relevo a ser ocupado pela prática da grande entrevista, em cima do principal tema ou do principal acontecimento da pauta diária.


A complexidade dos confrontos da atualidade, em especial nos cenários políticos (mas não só), justificaria plenamente um esforço de criatividade e inquietação jornalísticas, em favor da entrevista. Nenhuma outra espécie de texto tem a eficácia da entrevista, tanto para os efeitos do desvendamento e da elucidação, quanto para o incremento da polêmica e da divergência, ingredientes indispensáveis á democracia e á cultura.


Além do mais, a entrevista é uma espécie de texto que propicia o requinte expressivo do jornalismo – na vertente intelectual, porque a entrevista lida essencialmente com idéias e emoções de quem tem sabedoria para socializar; e na vertente estilística, pois certamente a entrevista é a forma narrativa mais própria e específica do jornalismo.


Aliás, o jornalismo brasileiro tem uma tradição de valorização da entrevista. Revela Fábio Altman, autor do livro ‘A Arte de Entrevista’ (infelizmente esgotado e não reeditado), que a entrevista com José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, publicada em 1823, n’O Tamoyo, ‘é considerada pelos historiadores como pioneira no jornalismo em todo mundo’. Depois, no jornalismo literariamente brilhante do pós-guerra, já sob a influência dos paradigmas do jornalismo americano, a entrevista marcou espaço próprio na fisionomia estilística do jornalismo brasileiro.


Graças ao espaço e ao tratamento criativo dado à entrevista nas décadas de 50 e 60, o jornalismo brasileiro – tal como aconteceu com o jornalismo americano – deu valiosa contribuição à discussão e à explicação dos impactos que tão rapidamente e tão profundamente modificaram a sociedade e os seus conflitos, na segunda metade do século XX.


Até por esse passado de glórias da entrevista, é tão incompreensível quanto lamentável o seu quase banimento do jornalismo diário brasileiro.’


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Nota dez, 15/12/05


‘Nemo malus felix [‘Nenhum malvado é feliz’]


(Frase de Juvenal, que não chegou a conhecer ACM, avô.)


O melhor texto que o jornalismo brasileiro é capaz de produzir está nas páginas de A Esperança Estilhaçada, que Augusto Nunes autografa nesta sexta-feira, 16 de dezembro, na livraria Argumento (R. Dias Ferreira, 417, Leblon), a partir das 20 horas.


Revivida, revigorada e analisada, a crise que esfacelou o PT ali está, nuínha da Silva, mas o autor não se limitou a reunir textos já publicados; incorporou à pesquisa novos eflúvios de seu talento, e tantos, que o leitor devora aquelas verdades como se fossem obra de ficção.


Todavia, nada é mentira neste enredo no qual o País de Todos se transforma numa terra de ninguém.


(Leia trecho do livro no Blogstraquis)


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Arabescos


O considerado leitor está careca de saber que sempre tentamos evitar o moralismo e o patriotismo exacerbados do Galvão Bueno, de modo que vimos o jogo do São Paulo contra o Al-Ittihad no Sportv, narração do sempre correto Luiz Carlos Júnior. Porém, este só chamava de Tukar aquele grande craque saudita que o mundo inteiro conhece como Takar. Estava até escrito na camisa do homem: TAKAR.


Lá pelo meio do segundo tempo, perdi a paciência; por que raios Luiz Carlos só chama de Tukar este que é Takar e ninguém tasca?! Ao que Janistraquis deu a devida explicação:


‘Considerado, o narrador está corretíssimo; é que, em árabe culto, o A tem som de U…’


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Chatíssimos


Deu no UOL, genuflexo sob o título Ser bom não é chato, afirma o papa, o seguinte texto:


CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa Bento 16 disse na quinta-feira aos católicos que ser bom não é chato e pediu aos fiéis que rejeitem a idéia de que estão perdendo alguma coisa se não pecarem.


O papa alemão, de 78 anos, fez seus comentários em uma homilia para milhares de pessoas na Basílica de São Pedro, em meio à festa da Imaculada Conceição, que é feriado nacional em muitos países católicos.


‘Surge em nós a suspeita de que uma pessoa que não peca é, afinal de contas, chata; que falta algo da sua vida: a dimensão dramática de ser livre’, afirmou.


Janistraquis, que estudou em colégio de padre, confessa:


‘Considerado, o papa que me perdoe, porém jamais conheci, em minha já longa vida, uma pessoa inteiramente boníssima que não fosse espetacularmente chatíssima.’


(Leia no Blogstraquis a íntegra da matéria.)


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Baixa categoria


Chamadinha na capa do UOL:


Eleições de quinta podem determinar o destino do Iraque.


Sobrecenho, Janistraquis ponderou:


‘Considerado, conheço eleição de primeira, que é a brasileira, imbatível no quesito honestidade; eleição de segunda, que acontece sempre na Venezuela, na era Chávez; e eleição de terceira, que foi a reeleição de Bush, com aquela safadeza toda. Porém, eleição de quinta, sem nem passar pela quarta, deve ser uma monstruosidade sem tamanho, algo muito acima das velhas maquinações do hoje prisioneiro Saddam Hussein!!!’


É mesmo. Todavia, a chamada se referia ao dia da semana, quinta-feira…


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Boa chanchada


O considerado leitor Antônio Lima, que não é vesgo mas mantém um olho na página do jornal e outro na vida real, envia trecho de artigo assinado por Vinicius Torres Freire na Folha de S. Paulo, intitulado ‘Aaaah, Rooomeeeu!’, no qual se lê:


(…) Concorre com Grande Otelo vestido de Julieta, na cena do balcão, dizendo ao Romeu Oscarito ‘Aaah, Roomeeeu!’ (‘Carnaval de Fogo, 1949).


Lima pede espaço para botar as coisas no devido lugar:


‘Dirigido pelo genial Watson Macedo, o filme se chama Carnaval no Fogo. Carnaval de Fogo dá a impressão de que está todo mundo num porre doido!…’


Janistraquis, que viu o filme na época, a mastigar amendoim na matinê do Cine Metrópole, em João Pessoa, acha que Vinicius, de quem é admirador, nem era nascido em 1949:


‘Deve ser por isso, considerado; afinal, nunca damos importância ao que ocorreu antes do nosso nascimento. Você não vê como todos tratamos o Brasil?…’


(Leia no Blogstraquis a íntegra do excelente artigo)


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Assunto sério


Em matéria mais extensa que a lista de pecados de Janistraquis, a Folha de S. Paulo informou:


Teólogos discutem destino de criança pagã após a morte


(Comissão ligada ao Vaticano debate se criança sem o batismo vai para o limbo)


Impressionado, meu secretário estrugiu:


‘Considerado, taí um assunto deveras transcendental! Discutir por que milhões de crianças morrem de fome e doenças pelo mundo afora é, certamente, bobagem, diante do aterrador delírio da vida eterna, né mesmo?’


(A íntegra da matéria não está no Blogstraquis)


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Bala perdida


Extraído de uma página de Outubro, o admirável blog do jornalista e poeta Nei Duclós:


‘(…) Isso me lembra um cidadão irado que escutei esses dias na Praça 15, a da Figueira, aqui em Florianópolis. Ele se queixava dos políticos e, ao citar um, eterno em suas andanças por cargos e verbas, perguntou: não existe uma só bala perdida para encontrar esse sujeito?’


(Considerado Nei, queremos saber o nome desse que, como tantos e tantos, vive em andanças por cargos e verbas!!!)


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Coisa de doido!


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo banheiro foi possível escutar o vozeirão do presidente da Câmara, Aldo Rebelo, a estrugir com aquele espetacular sotaque gaúcho que ESTÃO TODOS CONVOCADOS PRA TRABALHAR NAS FÉRIAS!!!, pois Roldão resolveu navegar pela Internet e encontrou isto que, se verbalizado fosse, pareceria mais o grunhido de um ser pré-colombiano:


‘Word – timos Pre os — Encontre produtos com timos pre os em at 6 vezes no MercadoLivre.com’


Perplexo, Roldão estrondeou:


‘QUE DIABO É ISSO, MEU DEUS?!?!?!?!’


(Pede-se encarecidamente aos paleontologistas de plantão que nos dêem alguma luz.)


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Frase misteriosa


O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Minas, abriu o Globo Online para dar uma olhada nos vencedores do Prêmio Faz Diferença e está intrigado até hoje com o seguinte texto:


Magazine Luiza – (…) O magazine, especializado em eletroeletrônicos, móveis e brinquedos, com 333 lojas em todo o país, conseguiu esta pontuação investindo na melhoria das condições de vida dos seus funcionários e dos moradores das comunidades onde ficam as lojas da rede. tirar esta frase – Esteve também no primeiro lugar do Guia Exame com as 100 melhores empresas para se trabalhar em 2003.


Camilo, que anda com uma pulga atrás da orelha desde quando o Cruzeiro se chamava Palestra Itália, reagiu:


‘Aí tem! Que frase deveria ter sido tirada? Foi tirada? Não foi?’


A dúvida procede e Janistraquis tem pelo menos uma certeza: nesse faz-que-vai-mas-não-vai, alguém perdeu o emprego n’O Globo Online…


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Errei, sim!


‘JUMENTAÇÕES – Manchete de capa do Agrofolha, que é o suplemento agrícola da Folha de S. Paulo: Nasce em São Paulo o jumento brasileiro. Indignadíssimo, Janistraquis vociferou: ‘Considerado, se somente agora nasceu o jumento brasileiro, onde diabos nasceram esses que andam por aí nas red…ah!, deixa pra lá!’. (julho de 1991)’


TV / EUA
Antonio Brasil


Novidades e riscos nos telejornais americanos, 19/12/05


‘Nem todo o mundo está discutindo a verdadeira identidade secreta do espectador médio dos telejornais. Em vez de tantas polêmicas, deveríamos colocar a mão na massa e começar a ‘testar’ novas idéias para o jornalismo de TV. Antes que seja tarde demais. Todas as pesquisas demonstram a redução e o envelhecimento do público do jornalismo ‘sério’ nas grandes redes. Se não fizermos algo com urgência, poderemos perder ainda mais espaços na programação para as baixarias de João Kleber, das telenovelas e similares.


Aqui nos EUA, nas últimas semanas, foram divulgadas mudanças dramáticas nos principais telejornais das redes americanas. A crise bateu forte e de frente. Os âncoras que sustentavam o prestígio, audiência e faturamento dos telejornais se aposentaram, foram aposentados ou, simplesmente, morreram. Vale tudo para evitar o fim dos telejornais.


A rede de TV ABC tomou a dianteira. Nos últimos dias lançou uma série de idéias experimentais e inovadoras. Algumas dessas idéias são meio arriscadas. Mas em tempos de crise, a pior estratégia é insistir nos erros. Os executivos americanos perceberam o problema e estão dispostos a lançar medidas ousadas para evitar a decadência do meio. Com algumas adaptações, podem ser úteis para os nossos telejornais.


Apresentadores ‘pechinchas’


A primeira grande novidade foi a substituição do falecido Peter Jennings por uma dupla meio desconhecida, inexperiente e nada carismática de apresentadores. Elizabeth Vargas e Bob Woodruff tentam compensar a falta de ‘prestígio’ e experiência com muita garra e vontade de acertar. Não são estrelas do jornalismo de TV. Comparado aos salários dos grandes âncoras, são verdadeiras ‘pechinchas’. Apesar da crise, pode vir a sobrar mais dinheiro para os investimentos nas coberturas jornalísticas.


Bem que a ABC tentou convencer Charles Gibson (ver aqui), o veteraníssimo apresentador do Good Morning América, a assumir a bancada do seu principal telejornal, o World News Tonight. Após meses de negociações, Gibson preferiu continuar fazendo gracinhas e sucesso nos programas matinais. Ele não quis trocar o certo pelo incerto. Há muitos anos, os telejornais da manhã viraram programas de entretenimento com alguns ‘breaks’ para as notícias. O sucesso tem sido enorme.


Ao contrário dos telejornais noturnos, a audiência dos noticiários da manhã está em ascensão. A razão desse sucesso talvez seja porque esses programas não pareçam telejornais. Os apresentadores matinais não parecem seres divinos ou alienígenas em cenários espaciais. Eles não ditam as notícias com aquela famigerada ‘voz de Deus’. Os programas matinais de jornalismo aprenderam a lição. Eles conversam com o público. Para esse misterioso e polêmico personagem, o espectador médio dos telejornais, o mundo não deve fazer o menor sentido. A voz de Deus, ou seja, a voz dos apresentadores dos telejornais continua distante e não explica nada. Ela dita as notícias e não comunica.


Meio a contragosto, os produtores da ABC desistiram do modelo ‘velho âncora’ com a voz de Deus e estão investindo pesado na carreira dos jovens repórteres que viraram apresentadores ‘pechinchas’. Ao contrário da nossa dupla ‘estática’ de apresentadores do JN – sempre no conforto e segurança dos estúdios globais – os executivos da ABC resolveram lançar a nova apresentadora, a pobre da Elizabeth Vargas, direto no olho do furacão. Esta semana ela está apresentando o telejornal diretamente de Bagdá. Até aí, nada de novo.


Todos os âncoras sempre aproveitaram os grandes eventos para viajar, sair do estúdio e, principalmente, investir no jornalismo, na credibilidade de suas ‘personas’.


A novidade, no entanto, novamente está na Internet. Elizabeth Vargas está oferecendo conteúdo adicional das suas inúmeras reportagens em forma de Videoblog no novo site da ABC News, o BroadcastPlus (ver aqui).


Telejornal na Internet


A boa notícia para o público é que essas matérias exclusivas para a Internet podem ser vistas sem controles, requisição de registros e grátis! Uma idéia interessante para os executivos do JN. Assim como o prestigioso New York Times e tantas outras empresas jornalísticas de grande porte, eles deveriam oferecer conteúdo dos telejornais de forma gratuita na Internet. Trata-se de um meio novo que merece um tratamento privilegiado. Nem que seja durante algum tempo para conquistar um novo público.


Depois de garantir a fidelidade do telespectador, como passou a fazer agora o NYT, o jornal decidiu cobrar pequenas quantias em uma primeira etapa. Há que se investir ou arriscar, para conquistar esse novo público para os telejornais.


E esse pode ser o caminho para encontrarmos novos meios e novos formatos para o jornalismo de TV. A ABC News também resolveu inovar na forma de utilizar as novas tecnologias como a Internet. Em vez de ignorar, combater ou menosprezar a rede, preferiu cooptá-la para os noticiários de TV de uma forma ‘ousada’.


A partir de agora, as matéria mais quentes e importantes dos telejornais da ABC não terão que aguardar o horário sagrado na grade da programação da rede para serem divulgadas. Os produtores da ABC resolveram enfrentar ‘cânones sagrados’ do jornalismo de TV e estão dispostos a pagar para ver. O risco dessa nova estratégia é enorme. Os telejornais de rede sempre privilegiaram o conceito de furo de reportagem e da exclusividade. Agora, em plena crise, vale tudo para sobreviver. A medida é corajosa e reconhece a imbatível eficiência e velocidade da Internet nas notícias de última hora.


A ABC vai colocar as suas matérias exclusivas na rede enquanto ainda estão sendo produzidas. O problema é que os concorrentes também poderão monitorar essas pautas e partirem para o contra-ataque. O risco é enorme. Mas temos que reconhecer a ousadia dessa iniciativa e, principalmente, a vontade de enfrentar as conseqüências dessas novas estratégias de distribuição de notícias.


Fim dos telejornais nacionais


Uma das maiores críticas que costumo fazer aos nossos telejornais é essa visceral falta de vontade ou coragem para mudar. No máximo, as demais redes contratam apresentadores ex-globais com salários astronômicos, secretíssimos e os colocam em cenários estranhíssimos. O que não muda jamais é o formato sagrado e o conteúdo superficial das matérias. Sempre as mesmas matérias com a mesma sintaxe verbal e visual. Nada muda em telejornalismo.


Outra idéia extremamente ousada da ABC é produzir duas versões diferenciadas dos seus telejornais nacionais. A partir de janeiro, o World News Tonight, o JN da ABC News, terá uma versão para a costa leste e outra versão para a costa oeste. Os executivos da rede americana decidiram quebrar com um dos maiores dogmas do telejornalismo mundial. Ou seja, não há mais um único telejornal noturno para todo os EUA. Abaixo à centralização e à ditadura dos telejornais nacionais. A medida foi aplaudida pelos observadores, críticos e jornalistas da costa oeste americana. Há muitos anos eles criticam os noticiários nacionais originados somente em uma única capital: Nova Iorque. A tendência à segmentação da audiência imposta pelas TVs por assinatura, finalmente atinge os ‘dinossauricos’ telejornais das redes americanas.


Prêmios universitários para telejornais


Ainda no terreno das ousadias, a rede NBC não quis ficar para trás. Em uma decisão considerada histórica pelos críticos do meio, divulgou esta semana que disporia o conteúdo integral, não editado, da sua entrevista exclusiva com o presidente americano George Bush, na rede para deleite dos internautas. Imaginem a coragem e o potencial jornalístico dessa idéia. Para nós brasileiros, imaginem assistir à totalidade daquela polêmica entrevista do presidente Lula em Paris sem cortes e edições oficiais.


Outra idéia interessante é a premiação dos principais telejornais, matérias e documentários de TV por parte de universidades de prestígio como a Columbia University (ver aqui). Esta semana foram anunciados os vencedores do prestigioso prêmio Du Pont. Trata-se de uma espécie de prêmio Pullitzer exclusivo para o jornalismo de TV.


Em vez de se digladiarem em polêmicas inúteis, trocas de acusações com resultados duvidosos e imprevisíveis, a melhor escola de jornalismo dos EUA prefere utilizar seu poder e prestígio para selecionar e premiar os profissionais de TV que se destacaram durante o ano. Mais uma vez, a ABC News, a rede das novidades, foi a grande vencedora com a cobertura do furacão Katrina. Além de conferir prestígio e reconhecimento acadêmico, a premiação também aproxima os professores dos profissionais de TV. O objetivo é evitar uma guerra desnecessária entre atividades complementares e essenciais para o jornalismo e para a sociedade. Ambos segmentos deveriam cultivar pontos de sintonia. Além da reflexão crítica, cabe à universidade apresentar soluções.


Quem não arrisca…


O futuro do jornalismo de TV também depende de uma formação mais competente das novas gerações de jornalistas em nossas instituições de ensino. Para evitar uma decadência ou crise semelhante à dos grandes jornais e telejornais, as escolas de jornalismo brasileiras deveriam perceber que não existe mais uma formação especifica voltada para um jornalista de meios impressos, rádio, TV ou Internet.


Hoje, a convergência de mídias exige uma formação holística para os futuros profissionais do jornalismo. Tanto faz se a matéria vai ser veiculada no jornal, radio, TV ou Internet. O jornalismo se tornou multimídia. Mas o mais importante continua sendo a capacidade e competência de seus profissionais. As especializações baseadas em conceitos profissionais do século passado simplesmente desaparecem. O importante é prestigiar o conteúdo. Saber contar uma boa história utilizando todos e quaisquer meios disponíveis. Quando perguntado se o jornalista é um profissional de jornal impresso, rádio, TV ou Internet, a resposta deveria ser imediata: Sou jornalista!


É obvio que muitos vão criticar ou, como sempre, dizer que todas essas ‘idéias’ e mudanças não vão dar certo, que o público de TV não merece, não está preparado, não se interessa e que no Brasil tudo é diferente. Pode ser. Mas o que mais me incomoda é essa cultura do pessimismo, da mesmice ou do desastre sempre inevitável. O telejornalismo é assim mesmo. Boa desculpa para justificar o comodismo. Como todo risco, principalmente em um meio tão conservador e avesso às mudanças como o jornalismo de TV, podemos enfrentar situações adversas e inesperadas. Mas como dizia o meu velho pai, um herói de guerra vivendo com salário-mínimo: ‘filho, quem não arrisca… não petisca’.’


ISTOÉ & TIME
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Revistas da Editora Três agora com conteúdo da Time, 19/12/05


‘A partir de janeiro de 2006 as três revistas da Editora Três passam a publicar conteúdo da Time Inc. A IstoÉ, por exemplo, dedicará oito páginas semanalmente a informações da revista Time.


A IstoÉ Dinheiro cede espaço para a mesma quantidade de conteúdo da Fortune, enquanto a IstoÉ Gente poderá usar conteúdo da People. Segundo Carlos Alzugaray, diretor-executivo da Editora Três, o acordo é ‘inédito no Brasil e constitui novidade mesmo para a Time Inc., que atua no mundo inteiro’.


Segundo matéria publicada na IstoÉ Dinheiro desta semana, executivos americanos já procuravam parceiros na América Latina. Depois de uma conversa rápida em abril de 2001, em Buenos Aires, durante o Congresso Mundial da FIPP, a Federação Internacional dos Editores de Revistas, representantes da Time estudaram com calma o acordo. Foram várias reuniões até que empresários e advogados dos dois lados chegaram a um consenso.’


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