Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Notícias da violência

As edições de sexta-feira (16/10) dos três jornais brasileiros de circulação nacional abordam a questão da violência de ângulos distintos. A leitura das três reportagens revela um retrato preocupante de um tema que não tem merecido muita atenção da imprensa.


A primeira delas, publicada pelo Globo, revela que o controle de armas de fogo é extremamente precário em todo o Brasil – com a situação, segundo o jornal, chegando a ser calamitosa na maioria dos estados. A informação foi colhida de uma pesquisa realizada em parceria entre a ONG Viva Rio e a Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados. Segundo o Globo, boa parte das armas apreendidas pela polícia retorna às mãos de criminosos.


Não existe uma política nacional de controle de armas e na maioria dos estados os governadores não dão importância ao problema, embora ele esteja diretamente relacionado ao aumento da violência. Estão disponíveis no Brasil cerca de 17 milhões de armas de fogo, 90% delas em mãos de particulares. A pesquisa revela que muitas dessas armas são roubadas das polícias estaduais e dos arsenais das Forças Armadas.


Jogo de interesses


Outra notícia inquietante saiu na Folha de S.Paulo, mostrando como a Justiça resolve o problema da superlotação dos presídios e cadeias públicas: mandando soltar criminosos.


A terceira, que saiu no Estado de S.Paulo e completa o quadro, revela que o número de latrocínios, ou seja, roubo seguido de morte, ocorridos até setembro na capital paulista superou os índices de todo o ano de 2008. Esses dados podem ser ainda mais graves, considerando-se que existem falhas no sistema de estatísticas da Secretaria de Segurança, afirma o jornal.


Desde que foram criadas as restrições ao porte de arma, o número de mortes por arma de fogo no Brasil caiu 12%, mas o Brasil é campeão do mundo em homicídios a bala, em termos absolutos. Em números relativos, proporcionais ao tamanho da população, fica atrás apenas da Venezuela, El Salvador e África do Sul.


Essa é uma pauta urgente a ser assumida pela imprensa. Principalmente porque a ‘bancada da bala’ está tentando abrandar o Estatuto do Desarmamento no Congresso Nacional.


O interesse dos criminosos e dos fabricantes de armas não pode se sobrepor aos interesses da sociedade.