Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Moacir Japiassu

‘De passagem por São Paulo, na volta do Rio, onde lançamos o romance Concerto para Paixão e Desatino, Janistraquis, cuja serventia é mais jornalística que literária, agarrou-se a um exemplar da Folha de S. Paulo, subtraído à portaria do hotel. ‘É para matar saudades, considerado; afinal, a gente só tem lido versões eletrônicas’, explicou ele, no instante em que recortava a seguinte notícia da página de esportes do vibrante matutino:

Pantani morreu por overdose de cocaína

Uma overdose de cocaína matou o ciclista Marco Pantani em 14 de fevereiro. A conclusão da causa da morte foi divulgada ontem. O corpo do italiano de 34 anos foi encontrado no chão do quarto de um hotel lem Rímini, na Itália, por funcionários do resort Le Rose que estavam preocupados com o seu desaparecimento (…)

Desde a morte do ciclista a polícia já procurava pessoas que poderiam ter vendido drogas a Pantani. O italiano, que era dependente químico, planejava passar por tratamento na Bolívia.

Janistraquis leu e releu, quedou-se pensativo e ao depois comentou: ‘Considerado, corrija-me se estou a dizer besteira; esse ciclista italiano só poderia ser cliente do Fernandinho Beira Mar; quem mais, na face do planeta, teria a idéia de mandar um dependente de cocaína fazer tratamento na Bolívia?!?!?’

Procede.

Lição de história

Como nosso hotel em São Paulo situava-se em região humilíssima e chamava-se, na verdade, Pensão Humaitá, conhecida dos que assistiram ao excelente filme A Festa, de Ugo Giorgetti, meu secretário foi obrigado a caminhar uns dez quarteirões para furtar um exemplar da ‘indispensável’, atirado à porta de uma casa da Alameda Glete.

Valeu a pena o sacrifício, pois deparamos com excelente matéria intitulada

Matança chinesa

O texto esfaqueava-se pela página abaixo, entre fotos da fúria do Exército Vermelho:

A China não apenas é campeã em sentença de morte. Também costuma levar a cabo as execuções de prisioneiros em praças de esportes e em outros locais (…)

Como ocorria com os prisioneiros na Idade Média, eles são exibidos em caçamba de caminhões, algemados.

Eufórico, Janistraquis não resistiu: ‘Considerado, a Veja é, realmente, indispensável! Onde mais a gente poderia ficar sabendo da existência de caminhões na Idade Média?!?!’

E caminhões de caçamba, ora pois!

Tá de chico!

Chamadinha com foto no site do UOL:

Ana Carolina canta música de Chico

Poucas horas depois, o titulinho havia sumido, o que provocou esta reação de Janistraquis: ‘Considerado, foi o chico mais rápido de todos os tempos…’

É verdade. Como a palavra chico escorre em tantas acepções popularescas, desde apelido para macaco ao carinhoso de Francisco e chulo de menstruação, alguém mais prudente resolveu limpar a área.

Bobagem; chico é bonitinho.

Madrugada arretada

Nosso considerado leitor Gil Sobreira, digno cidadão do Piauí, colaborador desta coluna desde os heróicos tempos da revista Imprensa, envia material extraído de página policial do jornal maranhense Meio Norte:

A Polícia Militar da cidade de Timon, no Maranhão, prendeu um dos bandidos mais procurados pela políca do Piauí. O marceneiro João Batista Ribeiro, casado, natural de Luzilândia, foi preso em flagrante, no momento em que, em companhia de um comparsa, roubava um posto de gasolina, no Parque Alvorada, em Timon.

Segundo a delegada do 2º Distrito de Timon, onde o acusado se encontra preso, Delzuite Matos, o assalto aconteceu por volta das 15 horas da madrugada. Os dois assaltantes andavam em uma moto e o outro se encontra foragido.

É verdade, Gil, a notícia não está na prisão do bandido, de resto tão comum; está na hora em que se deu o acontecido; não é mole botar as mãos num meliante às 15 horas de uma madrugada efervescente dos confins do Maranhão!

Radicalismo

Celsinho Neto, diretor da sucursal desta coluna no Ceará, não embaça e manda ver nos trinques, neste despacho maneiro:

‘Não quero passar por antiquado, mas acho um pouco esquisita a utilização de gírias em textos jornalísticos, exceto quando em citações ou devidamente aspeadas.

A frase abaixo foi publicada no perseverante jornal O Povo, em reportagem sobre dinheiro da prefeitura de Fortaleza para as agremiações carnavalescas:

Reclamação pela grana liberada na véspera

Grana? Ora, e por quê o editor não utilizou logo bufunfa, pila, arame, cacau, dindin, etc.?’

Pô, Celsinho, o cara não tascou esses sinônimos porque prefere grana! Janistraquis, por exemplo, utilizaria granoscópia para homenagear o genial Moreira da Silva.

Sege mais democrata, meu chapa!

Colher de sopa

Janistraquis e eu agradecemos as belas palavras do brilhante historiador paraibano Wellington Aguiar, que tece sua generosidade nas páginas do Correio da Paraíba. Rogo aos amigos que dêem uma olhadinha; é só acessar o site e clicar em colunistas.

Placa de gelo

Roldão Simas Filho, diretor da nossa sucursal no Planalto, estrategicamente situada a poucos metros de onde atuava Waldomiro Diniz, lia o Correio Braziliense e considerou altamente estimulante esta notícia semi-afogada na página 6 da editoria Mundo:

Resgate no gelo – Doze cientistas da estação polar russa Sverny Polius, que afundou no gelo na última quarta-feira, serão resgatados hoje. Os cientistas estão embaixo de uma placa de gelo flutuante nos mares polares, perto da Groenlândia.

O Mestre anotou:

1. A estação polar afundou no mar gelado mas não no gelo.

2. Os cientistas não podem estar embaixo de uma placa de gelo e sim em cima dela.

É mesmo, Roldão; se estivessem embaixo da placa, o cientista russo David Coperfield, líder da expedição, tiraria de letra esse acidente …

Nota dez

O melhor texto da semana é do Mestre Wilson Figueiredo, no Jornal do Brasil:

Quando o Brasil não ia tão bem como fazia crer, nem tão mal como merecia, o governo podia não governar mas fazia de conta. A oposição não se opunha, mas gesticulava. Não era necessário mais do que isso. A maioria dos cidadãos se dava por satisfeita. Minoria não pesa.

(…) Lamentavelmente o Brasil chegou a uma situação em que, por falta de oposição eufórica, os ataques ficaram por conta dos que não nasceram para o trabalho pesado. Um presidente (de partido), em plena solenidade de posse de um ministro, estraçalha o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, as torres gêmeas da famosa política econômica do governo Lula. Se assim não foi, pareceu. O presidente propriamente dito, leia-se Lula, levou o desaforo para casa, mas nem assim. Além do noticiário, nada aconteceu. O Brasil civiliza-se(…)

Errei, sim!

‘ISSO E AQUILO – Janistraquis achou deprimente o título de uma nova revista mineira: Isso, ‘com textos especiais e participações pra lá de culturais’, segundo esclarece o redator interino da Joyce Pascowitch, Eduardo Logullo. ‘Considerado, já imaginou chegar na banca e dizer me dá Isso? Pega mal’, criticou Janistraquis.

Ponderei que Isso é melhor que Aquilo. Afinal, se a gente pedir ‘aquilo’, o jornaleiro vai ficar uma fera.

Pela primeira vez este ano meu secretário me deu razão.’ (julho de 1989)’



O BAÚ DO GUERRILHEIRO
Karla Siqueira

‘‘Sabia que seria preso’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 24/03/04

‘Em ‘O Baú do Guerrilheiro’, o jornalista Ottoni Jr. revela os bastidores da ditadura, através da sua experiência. Jovem militante, ele ficou seis anos na cadeia e se tornou o primeiro prisioneiro a protagonizar um tribunal com pena de morte no regime militar.

O Golpe de 64 mudou radicalmente a vida do jornalista Ottoni Jr. Durante a ditadura militar, ele foi preso e protagonizou o primeiro tribunal de pena de morte do período. Quarenta anos depois, Ottoni Jr. lança o livro ‘O Baú do Guerrilheiro’, com suas memórias de ex-militante político.

Em 1969, quando começou a ser perseguido pelas forças repressivas da ditadura militar, Ottoni era professor e estudante de Física na Universidade de São Paulo. Ao longo do livro, ele narra suas experiências políticas desde os anos 60, passando pela militância estudantil, a participação na luta armada até seis anos de prisão, entre 1970 e 1976. ‘Sabia que seria preso, era só uma questão de tempo’, conta Ottoni. ‘Em São Paulo fazia parte da Aliança Libertadora Nacional. Fui perseguido e entrei na clandestinidade, tentando me esconder no Rio de Janeiro, onde entrei para um grupo armado contra a ditadura. Fui preso em 1970 e fui o primeiro preso enquadrado na lei de segurança que instituía o tribunal com pena de morte no Brasil.’

Foi na prisão que o físico Ottoni decidiu também se tornar jornalista, para ‘ter uma visão mais objetiva da realidade’. A idéia de registrar sua história surgiu em 1975. Foi nesse momento em que, pela primeira vez, o jornalista vislumbrou a possibilidade de ser libertado. A partir daí, fez anotações, guardou recortes e coletou diversos testemunhos.

‘Um momento marcante do livro, para mim, é a lembrança da minha mãe, ao me visitar na cadeia. Eu tentava explicar para uma mulher com cinquënta e poucos anos o que fazia os jovens agirem daquela forma. Explicava porque queria ter conseguido sair junto com outros presos políticos na troca pelo embaixador seqüestrado (Ottoni teve o nome recusado e excluído da lista pelo regime militar). Foi quando a minha mãe afirmou que agradecia a Deus por eu ter ficado preso. Ela sabia que, se eu voltasse para as ruas, acabaria morto’, narra o jornalista.

No entanto, Ottoni só começou realmente a escrever quando algumas feridas mais profundas já estavam cicatrizadas. ‘Assim como Graciliano Ramos em ‘Memórias do Cárcere’, que só começou a escrever muito tempo depois, preferi esperar decantar as emoções.’ O trabalho teve início em 1993, com entrevistas e muitas pesquisa, mas teve que ser interrompido por um problema de percurso. ‘Precisava escrever um capítulo muito importante, que contava o treinamento do meu grupo, o Movimento de Libertação Popular (Molipo) em Cuba. No entanto, eu não estava lá e os meus companheiros, quando regressaram da ilha, foram mortos. Então, como contar essa história? Tive que procurar os poucos que sobraram, para poder entrevistá-los’, explica. Em 2003, o projeto foi retomado e será lançado no ano em que o Golpe completa 40 anos.

O resultado é um relato emocionante, que tem como pano de fundo a agitação universitária de 1968 em São Paulo, a opção pela luta armada, as ações guerrilheiras, a prisão no Rio de Janeiro, a descida ao inferno na ‘casa da morte’, o truque que salvou a vida de Ottoni e enganou o torturador Sérgio Fleury, os seis anos de prisão, a resistência na cadeia, as greves de fome, a liberdade e a volta à militância na pequena primavera do Brasil no fim dos anos 80. Também presentes na obra estão depoimentos de militantes sobre a luta contra a ditadura militar ou o que pensavam e argumentavam aqueles que lutaram contra a ditadura.

O leitor terá a oportunidade de entender a ditadura por um novo ângulo, conhecendo algumas das mais obscuras práticas do regime militar, como a espionagem, a censura e a propaganda política. A obra serve ainda como uma ferramenta de entendimento da história recente do Brasil, uma peça importante na explicação da nossa atual situação sociopolítica. ‘Escrevi o livro para as novas gerações, que pouco conhecem desse período da História, de uma maneira fácil de ler’, conclui Ottoni.

O lançamento de ‘O Baú do Guerrilheiro’ em São Paulo acontece no dia 14/04, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Av. Paulista. Os lançamentos no Rio e em Brasília ainda não têm data marcada.

Ottoni Fernandes Jr. trabalhou nas revistas Exame e ISTOÉ, no jornal Gazeta Mercantil e atualmente é comentarista da TV Gazeta em Brasília.’



AMESTRANDO ORGASMOS
Sérgio Dávila

‘Ruy Castro adestra notícias em 41 lições’, copyright Folha de S. Paulo, 28/03/04

‘Além de ser um dos principais autores brasileiros de biografias (Nelson Rodrigues, Garrincha, a inédita Carmem Miranda, que prepara agora, e -por que não?- a bossa nova), Ruy Castro também comunga com o resto de nós, mortais jornalistas, o ofício de escrever na antevéspera do embrulho do peixe.

É nessa condição que lança ‘Amestrando Orgasmos – Bípedes, Quadrúpedes e Outras Fixações Animais’, coleção de 41 contos e crônicas publicados entre 1997 e 2003 em diversas revistas, ‘impiedosamente reescritos para esta seleção, e também outras histórias saborosas, criadas especialmente para o volume’, como afirma a orelha do livro.

A uni-los, aparentemente, o sexo. Ou, por outra, a fixação que o autor tem por esta obsessão humana, que só de quebra serve para a reprodução das espécies. Assim, Castro fala do clitóris (‘Alguns homens o chamam de clítoris, como um proparoxítono, mas é porque nunca ligaram o nome à pessoa’, em ‘O Clitóris’), do pênis do elefante (‘É um pênis de bronze, escuro, enorme, grosso, rugoso e, mesmo que em inofensivo repouso, do tamanho de um pênis de elefante’, em ‘O Pênis do Elefante’), dos gases dos dinossauros (‘Comer era a única coisa publicável que eles faziam, donde faziam isso o dia inteiro’, em ‘Pum!’, Disse o Dinossauro’.

Sim, escatologia também é sexo. E, sim, a fixação por sexo é uma falsa assertiva do autor. O que deixa obcecado de verdade este mineiro de Caratinga nascido em 1948 é a notícia, seja ela qual for. Na verdade, o que une ‘Amestrando Orgasmos’ é a graça e a leveza com que Castro reinterpreta e reconta os chamados ‘fait divers’, os acontecimentos corriqueiros.

O vício, conta o autor, vem do berço -pequeno, pediria à sua mãezinha que lesse em voz alta as histórias de adultério que Nelson Rodrigues publicava na imprensa. O fato de o jornalista ter escrito a mais completa biografia sobre o dramaturgo (‘O Anjo Pornográfico’, Companhia das Letras, 1992) e de ter organizado o lançamento de sua obra completa não-teatral só Freud explica.

Mas, afinal, o que são os orgasmos amestrados? Uma dica: tem a ver com uma senhora escocesa se contorcendo durante um jantar formal. Outra dica: leia o livro.

Amestrando Orgasmos Autor: Ruy Castro Lançamento: Objetiva Quanto: R$ 29,90 (204 págs.)’



TERRA DE NINGUÉM
Nelson Ascher

‘Calligaris apresenta seu mosaico de crônicas’, copyright Folha de S. Paulo, 27/03/04

‘Um preconceito arraigado nos garante que coletâneas de artigos publicados em jornais ou revistas nunca cheguem a formar um livro de verdade. Uma obra autêntica tem de ser concebida, inteira e orgânica, do começo ao fim, sem as concessões temáticas e/ou estilísticas normalmente exigidas pelo público de periódicos não especializados. De certa forma, o contato do texto com o jornal e, através dele, com o cotidiano, meio que o sujaria, subtrairia da sua pureza erudita, negando-lhe o distanciamento exigido por uma abordagem desapaixonadamente objetiva.

Todas essas objeções se aplicam a ‘Terra de Ninguém’, a seleção, feita por Arthur Nestrovski , de 101 entre as crônicas escritas desde fins de 1999 por Contardo Calligaris para a Folha. O livro não se desdobra segundo um plano que o antecede, não tem unidade temática e mistura não apenas os assuntos mais díspares, como também os trata freqüentemente, ao sabor do momento, com ferramentas heterogêneas. E, ainda assim, é difícil contestar sua unidade e o fato de que o conjunto se revela maior do que a soma das partes. Por quê?

Bom, a coerência geral advém, antes de mais nada, de uma outra coerência mais profunda, a do próprio autor. Pois, talvez sem que aqueles que o liam no jornal se apercebessem disso, cada crônica que ele lhes oferecia era um ladrilho adicional de um mosaico ou painel cujo intuito, mais do que o de apresentar uma visão sistemática do mundo, consiste em, pelo próprio exemplo, aguçar o olhar, mostrando que este se aplica tanto a fenômenos políticos como aos pessoais, tanto aos artísticos quanto à multiplicidade de ‘faits divers’.

Falando seja de um crime perpetrado em São Paulo ou de um filme do Holocausto, seja sobre a diminuição da libido de homens casados ou sobre a autobiografia de Hillary Clinton, o que Calligaris faz é, sobretudo, partir (como ele indica na introdução) do concreto, só que não tanto para chegar a alguma abstração a respeito do comportamento humano, da estética, da política, da criminalidade, como para retornar a cada qual desses objetos aparentemente banais, mas agora revalorizados por terem sido iluminados de um modo diferente, contrapostos a outros semelhantes e dessemelhantes, ou situados num contexto capaz de englobá-los.

Trocando em miúdos, o autor retoma a arte clássica do ensaio, palavra que significa ‘tentativa’, isto é, a desistência de antemão de alcançar uma grande verdade definitiva. Os ensaios, ao contrário do tratado, não requerem credenciais específicas e, em princípio, a desespecialização de quem os escreva, seu amadorismo (termo que vem, obviamente, do verbo ‘amar’) e sua propensão ao heterogêneo são as características que podem torná-los instigantes. Aqui se encontraria talvez o maior obstáculo à liberdade de Calligaris, o ensaísta, a saber, Calligaris, o psicanalista.

Não é novidade que muitos de seus colegas profissionais gostam de aplicar os preceitos da disciplina em questão ao que quer que observem e, como quase todos vêem na psicanálise uma máquina de gerar respostas, estas se revelam normalmente previsíveis.

O autor, por seu turno, realiza a operação inversa, e o pouco de psicanálise que transparece em seus escritos lhe serve antes como um entre vários possíveis repertórios sistemáticos de perguntas. Daí a adequação do título, pois as respostas, uma vez dadas, passam a pertencer a todos, enquanto as perguntas, que poderiam ter sido feitas por qualquer um, não são propriedade de pessoa nenhuma.

Mas ‘Terra de Ninguém’ (nome provavelmente inspirado pelo livro ‘Extraterritorial’, de George Steiner) tampouco remete a uma idéia de neutralidade. Seus ecos bélicos, ao evocarem o terreno que separa dois Exércitos antagônicos, lembram-nos, primeiro, de que há uma guerra de verdade lá fora, uma guerra que, por sua vez, coincide com uma batalha de idéias, opiniões, visões de mundo etc., e, segundo, que, por ser onde se cruzam os projéteis disparados de cada lado, o espaço que Calligaris elegeu para si é igualmente o mais perigoso. TERRA DE NINGUÉM. Autor: Contardo Calligaris. Editora: Publifolha. Quanto: R$ 49 (424 págs.).’