ISRAEL vs. PALESTINA
Em setembro de 2000, a morte de Mohammed Al-Dura, de 12 anos, em confronto entre o exército de Israel e atiradores palestinos, foi notícia em todo mundo. O garoto muçulmano tornou-se mártir e obrigou os israelenses, seus supostos executores, a se desculparem oficialmente. Documentário da emissora estatal alemã ARD exibido dia 17/3 coloca em dúvida se o autor dos disparos era mesmo israelense. As imagens da morte gravadas pelo canal France2 não deixam isso claro, conta Herb Keinon [Jerusalem Post, 19/3/02].
Quem teria interesse em matar Al-Dura? A France2 mostrou todas as imagens de que dispunha? Os soldados de Israel estavam em posição para atingir o garoto? Onde estão as balas tiradas do corpo? Por que os palestinos não investigaram o caso? São perguntas da ARD. O pai, que ficou gravemente ferido na ocasião, tem certeza absoluta de que os israelenses são os assassinos. "Tenho relatórios médicos, radiografias e relatos de testemunhas que confirmam que estivemos sob fogo de Israel."
Quando foi exibido na televisão, o caso provocou grande impacto na opinião pública internacional quanto ao uso da força pelos israelenses. Autoridades das Forças de Defesa de Israel imediatamente se desculparam no rádio. Segundo a agência alemã DPA [19/3/02], Yom-Tov Samia, que liderou as investigações israelenses, declarou em 19/3 que tudo teria sido um grande erro. "Um dia será provado que a história não passa de uma armação palestina", acusa. Daniel Shek, diretor da divisão para a Europa da chancelaria israelense, acredita que Al-Dura não deixará de ser mártir. "Ele permanecerá como parte da mitologia da intifada, não importa que prova seja mostrada em contrário". Mas a discussão, mesmo que não destrua um falso ícone, pode contribuir para a melhoria do jornalismo. "Espero que isso faça algumas organizações de mídia serem um pouco mais justas e que alguns jornalistas se questionem", disse. "Mesmo que haja uma câmera registrando, não se pode ter certeza de que se está vendo tudo.".