THE WASHINGTON POST
Em coluna de 19/5/02, Michael Getler faz reparos a matérias recentemente publicadas no Washington Post, a partir de observações dele e de leitores. Em comum, as histórias nada têm a ver com o Oriente Médio, assunto que tem monopolizado a coluna do ombudsman nos últimos tempos.
Na semana anterior, o jornal publicou três matérias em dois dias sobre a firma de investimentos Carlyle. O motivo é a proposta de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa, de cancelar o projeto Crusader do Exército, calculado em US$ 11 bilhões. A fabricante do Crusader, United Defense Industries, é controlada pela Carlyle.
A terceira reportagem sobre o caso era intitulada: ?Fim do Crusader, fim da United? Morte do programa não vai arruinar a firma, dizem analistas?. Apenas duas pessoas eram citadas: o porta-voz da companhia e Joseph Campbell, da Lehman Brothers. Este último é analista, embora não tenha sido identificado desta forma na matéria, o que já mostra ser errado e enganador o uso de ?analistas? na manchete. Mais importante, a firma de investimentos Lehman Brothers recomenda ações da United ? isto também deveria estar no texto.
Outro artigo que causou polêmica era sobre um livro chamado ?Prejudicial a menores: os perigos de proteger crianças do sexo?. Escrito por Laura Sessions Stepp, a matéria diz que o autor ?recomenda que se olhem as leis holandesas, que permitem que crianças de 12 a 16 anos façam sexo com um adulto se ela quiser?. Um leitor achou aquilo difícil de acreditar e ligou para a embaixada, que confirmou que não existe tal aprovação na Holanda.
Uma manchete muito discutida por leitores foi a de 7 de maio: ?Contra a depressão, é difícil bater uma pílula de açúcar; placebos melhoram o humor, mudam a química do cérebro na maioria dos testes de antidepressivos?. A matéria tratava da análise do efeito de placebos. O ponto-chave, no entanto, é que estes tendem a mostrar resultados quando os pacientes estão recebendo cuidados e atenção durante os testes clínicos, o que não é explicado no texto. Isto mostra que os leitores se incomodam quando sentem que reportagens sobre doenças que afetam milhões de pessoas tratam o assunto de modo irreverente.