VIDA DE REPÓRTER
“?Vida de Repórter? é uma defesa da ética”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 20/5/02
“O jornalista João Paulo, editor de ?Cultura? do jornal Estado de Minas, fez, na última edição do caderno ?Pensar?, uma análise do livro ?Vida de Repórter?, de José Maria Mayrink, lançado pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato. Começa o texto atacando o problema pela frente: ?Repórter é um ser estranho?, diz João Paulo.
?Se em quase toda a sua carreira há uma inevitável vontade de subir na vida, que se traduz em exercer tarefas de coordenação e chefia, no jornalismo a base e o ápice da carreira respondem pelo mesmo nome: repórter?. E completa: ?Dez entre dez jornalistas, se pudessem escolher, gostariam de ficar na inspiração original de suas vocações, que muitas vezes é traduzida em tarefas aparentemente absurdas, como atravessar as noites em velórios, conferir montanhas de documentos e perseguir uma verdade que não está nos livros e precisa ser construída com gente?.
Para ele, o livro de Mayrink é uma comprovação desta tese. A obra significa ?uma defesa da ética profissional, que se traduz em um compromisso com o leitor e o seu tempo?, assinalando que, além da ética, existe também um ?empenho técnico? no trabalho do autor. ?É uma negação da facilidade e do oficialismo?, pois em 40 anos de reportagem, Mayrink sempre destacou a rua como seu material de trabalho. ?Esta lição se soma a uma outra, que é a capacidade de ouvir as histórias da boca dos personagens não oficiais, contra o conforto tecnológico das redações e na contramão do jornalismo declaratório. Assim se faz o trabalho do repórter de verdade?.
João Paulo prossegue: ?Outra constatação que se pode flagrar no trabalho de Mayrink é a do profissionalismo da carreira… Mesmo sendo um jornalista que aprendeu na prática (sua humildade não esconde os erros e broncas de vários editores) ele fez o curso de Jornalismo e defende a formação acadêmica do profissional. Chegou a dar aulas, mas logo percebeu que trocava a pesquisa necessária pela contação de casos. E abandonou a sala de aula?.
E termina: ?José Maria Mayrink afirma que desconfia ser o mais velho repórter do jornal em que trabalha hoje, O Estado de São Paulo. Em seus 40 anos de jornalismo, poucas vezes se afastou da reportagem… Esta pode ser uma boa definição de Jornalismo?.”
TV PAGA
“Em crise, TV paga via microondas cai 14%”, copyright Folha de S.Paulo, 21/5/02
“Tecnologia pioneira na TV paga brasileira, o MMDS (Multichannel Multipoint Distribution Service, mais conhecido como serviço de microondas) está em crise. Em 2001, o serviço perdeu 14% dos seus assinantes, segundo a ABTA (Associação Brasileira de Telecomunicações por Assinatura).
O serviço, que contabilizava 340 mil assinantes no final de 2000, fechou 2001 com 292 mil clientes. No mesmo período, o serviço de TV paga via cabo cresceu 2,5% (de 2,047 milhões de assinantes para 2,097 milhões). Já o DTH (Direct to Home, como DirecTV e Sky) repetiu os anos anteriores e cresceu 10,4%, de 1,055 milhão de assinantes para 1,165 milhão.
No geral, a TV paga cresceu 3,3%. Fechou o ano com 3,554 milhões de assinantes. O faturamento do setor, no entanto, aumentou 19,4% e atingiu R$ 2,5 bilhões.
A queda do MMDS tem a ver com a qualidade do serviço, avaliam analistas. Está perdendo para o DTH, que já tem tecnologia digital. A imagem de alguns canais distribuídos pela TVA em MMDS na Grande São Paulo, por exemplo, é cheia de chuviscos. A TVA cresceu 4% em 2001, mas perdeu 3,3% de seus assinantes em MMDS (o cabo subiu 10%).
A saída para o MMDS seria a digitalização do sinal, o que implicaria pesados investimentos. Para tentar fortalecer o serviço, o governo federal estuda ampliar o alcance do sinal das operadoras de MMDS de 35 km para 50 km.
Outro canal
Pêndulo ? O departamento comercial da Globo corre contra o tempo. Tem até sexta-feira para vender as cotas nacionais de participação (comerciais nos intervalos dos jogos) e o top de cinco segundos (vinheta antes das transmissões) da Copa. As cotas de patrocínio já foram vendidas. Já se especula que a Globo terá prejuízo de US$ 100 milhões com a Copa, pela qual pagou US$ 220 milhões.
Ironia ? A câmera da TV Record que coleta imagens ao vivo, para o ?Cidade Alerta?, do trânsito da avenida 23 de Maio, em São Paulo, foi roubada no último sábado, logo no início do programa. Os assaltantes estavam armados e renderam o cinegrafista.
Critério 1 ? A Globo diz que os flashes durante a programação e as entradas ao vivo de ?Big Brother Brasil? no ?Domingão do Faustão?/?Fantástico? são ?matérias jornalísticas? e que, portanto, estão fora da portaria do Ministério da Justiça, da última sexta, que classificou o programa impróprio para menores de 14 anos (21h).
Critério 2 ? Despacho publicado ontem no ?Diário Oficial? classifica ?Casa dos Artistas 3?, do SBT, como programa livre. No mesmo despacho, ?Hermes e Renato?, programa que acha que faz humor à custa de palavrões e que a MTV nunca exibe antes das 23h, foi classificado apenas como impróprio para menores de 12 anos (20h), por ?desvirtuamento ocasional de valores éticos?.”
TV DIGITAL
“Um presente bilionário”, copyright Jornal do Brasil, 21/5/02
“Como não era difícil de prever, a Anatel adiou mais uma vez a escolha do padrão digital a ser adotado pelas TVs brasileiras. O último prazo, julho, foi agora estendido por mais alguns meses, para que se tenha tempo de contratar as consultorias. Como é pouco provável ? e a esta altura nem um pouco ético ? que o governo tome uma decisão de tal porte uma semana antes das eleições, centelha a possibilidade de que a escolha seja anunciada apenas pelo próximo presidente da República.
É um presentão de 10 bilhões de dólares ? que na verdade vale bem mais do que isso.
Vale mais porque, até agora, os estudos para o estabelecimento de um entre os três padrões oferecidos (americano, japonês e europeu) passaram por duas fases: a primeira foi a da comparação técnica entre os desempenhos de cada um (nessa fase, conduzida pela SET, o sistema japonês levou vantagem, mas o anúncio foi cercado de polêmica); na segunda, ora em curso, o Ministério do Desenvolvimento propôs uma série de barganhas que têm como base o compromisso das indústrias de fazer do Brasil uma plataforma de exportações para receptores e equipamentos de TV digital, com a criação de um grande número de empregos (por essa razão a escolha brasileira condiciona a de quase todos os outros países do continente, inclusive a Argentina, que já havia optado pelo padrão americano mas voltou atrás).
Mas há uma terceira fase, talvez a mais importante e sobre a qual ainda não se deu uma palavra. É a do estabelecimento de políticas de programação que contemplem a produção e a identidade brasileiras a partir dos patamares e das especificidades de produção de conteúdo determinados pelas novas tecnologias.
Se o atual governo transferir ao próximo a responsabilidade pela decisão sobre o padrão digital a ser adotado, então estará automaticamente transferindo também a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas de comunicação que não assegurem apenas a fabricação no Brasil de aparelhos de televisão, mas garantam também a fabricação de conteúdo que os preencham ? o que, além de dar empregos aos trabalhadores, dá dignidade a todos os brasileiros.
É uma política complexa, que tem pela frente a necessidade de nacionalização de formas de conteúdo sobre os quais pouco ainda se conhece ? modelos de programação interativa, por exemplo _ e também um grande conjunto de leis que estão neste momento sendo discutidas ou implantadas. Amanhã, por exemplo, o Senado deve aprovar em definitivo a emenda do artigo 222 da Constituição, sobre o capital estrangeiro nas empresas de comunicação. Na semana passada, o presidente sancionou a MP 17, que cria novos mecanismos de produção audiovisual, decorrentes da receita das programadoras de TV por assinatura. Há no entanto um longo caminho a ser percorrido para que se garanta uma produção nacionalizada, plural, regionalizada e de qualidade para a televisão brasileira.
Isso tem como vir no rastro do lançamento das plataformas digitais de transmissão ? que exigem programação maior e mais específica ?, de resto já bem atrasadas, porque pelo novo cronograma os primeiros televisores digitais brasileiros só começarão a ser vendidos em meados de 2004, e nos Estados Unidos todas as transmissões analógicas cessarão em outubro de 2006.
O que será decidido nos próximos meses, então, não diz respeito apenas ao número de empregos que serão criados pela indústria de eletro-eletrônicos no país. Indica sobretudo o que várias gerações de brasileiros estarão vendo nos próximos anos _ e, o que é particularmente crucial, o que elas estarão vendo de si próprias.
A sociedade deve estar interessada em saber o que os postulantes à presidência pensam sobre isso.”