Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Mídia exagerou na cobertura do seqüestro em Santo André

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 21 de outubro de 2008


 


SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Vinícius Queiroz Galvão


Mídia exagerou e fez com que criminoso se visse como um herói, afirma professor


‘Passado o cárcere privado, uma pergunta se volta aos próprios meios de comunicação: até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo com o criminoso contribuiu para o desfecho trágico do caso? Para o professor da pós-graduação da PUC-SP Norval Baitello Jr, doutor em distúrbios da imagem e estudioso do assunto há 20 anos, a mídia ‘exacerbou a psicopatia que estava em jogo’ e fez com que o captor se visse como herói. Leia abaixo trechos da entrevista.


FOLHA – Como o senhor analisa o papel desempenhado pela mídia no cárcere privado de Santo André?


NORVAL BAITELLO JR – Acho que foi bastante equivocado, desde o começo. Mas isso talvez se deva a um equívoco básico, que é o de que a mídia tem de informar a qualquer custo. E esse fetiche da informação coloca qualquer notícia no mesmo patamar.


FOLHA – Até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo e declarações do seqüestrador contribuíram para o desfecho trágico do caso?


BAITELLO JR- Acredito que esse fetiche da informação a qualquer custo não passa de espetacularização. Se confunde espetacularização com informação porque a espetacularização vende mais do que a notícia.


FOLHA – A mídia realçou os traços emocionais da tragédia?


BAITELLO JR – A mídia exacerbou a megalomania, a psicopatia e a loucura que estava ali em jogo.


FOLHA – Os repórteres e apresentadores não saíram do seu papel, que é informar, ao negociar e falar diretamente com o criminoso?


BAITELLO JR – Todo mundo colocou os pés pelas mãos.


FOLHA – Qual o limite para a cobertura dos meios de comunicação?


BAITELLO JR – Não existe um limite. Os meios de comunicação têm de cuidar também da sua própria imagem. Esse caso foi péssimo para a sustentabilidade dos próprios veículos.


FOLHA – As TVs e os jornais não fizeram uma glamourização da atividade criminosa?


BAITELLO JR – Uma vez que ele aparece na televisão, passa a se ver como um herói.


FOLHA – A mídia não aprende com seus próprios erros?


BAITELLO JR- Falta um acordo tácito da própria mídia. À medida em que há uma escalada, em que o concorrente mostra cenas fortes, o jornal é coagido. É preciso estabelecer limites.


FOLHA – Isso parece ser o modelo americano de cobertura.


BAITELLO JR – O modelo europeu tem sido muito mais cuidadoso. Isso é totalmente americano. Por isso se vê lá uma escalada da violência.’


 


 


Agora


Em vídeo, Lindemberg afirma que não sabia que havia atirado em amiga de Eloá


‘Em um vídeo divulgado ontem pela TV Record, Lindemberg Alves Fernandes afirmou que não sabia que tinha atirado na menina Nayara, amiga da sua ex-namorada Eloá.


Nas imagens, Lindemberg aparece algemado, com as mãos para trás, sem camiseta, em frente a uma cela e com o rosto machucado. Segundo a emissora, que não informou quando e por quem o vídeo foi feito, as imagens foram feitas logo após ele ser preso.


Ele responde a perguntas inaudíveis feitas por pessoas que não aparecem. ‘Eu atirei no sofá. Eu acho que atirei primeiro na Eloá’, diz. ‘Um [tiro] foi eu que dei. Eu lembro que dei um na Eloá.’


‘Na Nayara, eu nem sabia que tinha atirado na Nayara.’


Lindemberg explica na gravação que ‘depois da bomba [usada pela polícia para arrombar a porta do apartamento], eu não vi mais nada. Eu ouvi gritos.’ De acordo com a PM, a invasão ocorreu porque Lindemberg teria feito um disparo.


No vídeo, no entanto, ele não esclarece se o momento da invasão da PM foi antes ou depois de ele ter atirado. ‘Eu não estava pensando que a polícia ia lá, nem nada. Eu tava pensando em curtir cada minuto com ela [Eloá], ao lado dela. Só beijo no rosto. Ela me beijava no rosto.’


Também disse que ‘queria voltar no tempo’ e pôr fim ao ciúmes que tinha de Eloá.


Ontem, a advogada Ana Lúcia Assad ouviu o rapaz no CDP (Centro de Detenção Provisória), em Pinheiros. Segundo ela, o rapaz disse que só atirou após a polícia invadir o local.


Diferentemente do que Lindemberg disse na gravação, a advogada afirma ainda, que ele atirou a esmo -sem intenção de acertar nas duas garotas.


A advogada pediu que Lindemberg escrevesse uma carta de próprio punho na qual ele dizia se sentir ameaçado e que temia pela sua integridade física e por sua vida.


À noite, ele foi transferido para a penitenciária 2 de Tremembé, prisão onde ficam detentos sob ameaça.


Ibatuã Lourenço Alves, cunhado de Lindemberg, afirmou ontem que a família ainda não havia constituído um advogado para cuidar do caso. A reportagem não conseguiu falar com a advogada depois da declaração.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Tragédia de Eloá aquece audiência e tira TV do traço


‘As redes de TV fizeram a festa no Ibope com o caso Eloá, garota de 15 anos que foi mantida refém pelo ex-namorado, durante a semana passada, no apartamento em que morava, em Santo André (Grande SP). O caso teve desfecho trágico na sexta-feira, quando a polícia invadiu o apartamento e Eloá foi baleada na cabeça.


O total de televisores ligados na Grande SP no final de semana foi 15% maior do que no anterior. No sábado, a média de televisores foi de 46%, a maior dos últimos dois meses. O tempo chuvoso também colaborou.


A audiência das redes que mais investiram na cobertura do seqüestro cresceu. A média da Globo no domingo, das 7h à 0h, subiu de 16 para 20 pontos, um crescimento de 25%. A Record cresceu 43% -foi de sete para dez pontos.


A Record News, canal de notícias da Record que opera em sistemas aberto e pago, finalmente saiu do traço. A emissora saltou de 0,3 para 1,0 no sábado, deixando a Gazeta para trás e encostando na Rede TV!. O SBT também registrou aumento de audiência.


Na sexta, com o caso, a Record bateu a novela das seis da Globo (‘Negócio da China’) e empatou com a das sete (‘Três Irmãs’), mas desabou contra o ‘Jornal Nacional’ (33 a 14).


No sábado, a Record liderou durante toda a manhã, com média de 15 pontos. Chegou a bater o programa de Xuxa Meneghel por 16 pontos a 9. À tarde, a Globo reagiu. Exibiu no lugar do ‘Estrelas’ um ‘SP TV’ especial sobre o caso. Bateu a Record (com filme no horário) por 16 a 5 pontos.


No domingo, o ‘Fantástico’ marcou 30 pontos, seu melhor desempenho desde abril, quando atingiu média de 33 pontos.


Record e Globo bateram cabeça no caso. O ‘Domingo Espetacular’ transmitiu áudio que revelaria o barulho de um tiro antes de a polícia explodir a porta do apartamento onde Eloá foi mantida refém. Já o ‘Fantástico’ apresentou material que apontou exatamente o contrário: só teria havido tiros após a explosão.


ALTA DEFINIÇÃO


Uma mosca quase roubou a cena no ‘Fantástico’. Pousou no rosto de Zeca Camargo bem no momento em que ele terminou de anunciar uma reportagem e entrou um videotape.


REFERÊNCIA


O GNT exibe domingo o documentário ‘A Escolha do Presidente Americano’, sobre Obama e McCain. O programa, já tradicional em outras eleições e considerado uma referência em jornalismo político, passou no dia 14 na PBS. O material só chega hoje.


MISS BELEZA


Marina Mantega, filha do ministro Guido Mantega, e James Akel, ex-’Aqui Agora’, negociam com a Rede TV! a compra de uma hora aos domingos para a exibição de um reality show sobre beleza.’


 


 


Folha de S. Paulo


Série ‘Unz’ aborda poesia e criação


‘Exibida no Canal Brasil, a série ‘Unz’ presta homenagem a grandes nomes da cultura brasileira, em breves cinco minutos de duração, com o Rio de Janeiro como cenário.


Roteirizada e dirigida pela cineasta Graça Motta, a produção não tem um formato rígido, mas a poesia e a criação são temas recorrentes.


No programa de hoje, o terceiro da série que segue até dezembro, o escritor Chacal é o protagonista.


Os próximos episódios trazem uma extensa lista de personalidades: os escritores Sérgio Sant’Anna e Caio Fernando Abreu; os cantores e compositores Jorge Mautner e Arnaldo Antunes, entre outros.


A informalidade ajuda a dar o tom: em episódios passados, Melodia aparece cantando na rua, enquanto Mautner conta que começou a escrever poesia influenciado por seu pai.


Já os atores dão vida a obras dos escritores: Alexandre Borges interpreta um poema de Caio Fernando Abreu (1948-1996) de ‘Morangos Mofados’ -o escritor e o homem sobre quem ele escreve. Antonio Calloni fala de Rubem Fonseca e João Miguel prefere recitar um poema seu. Há ainda homenagens inusitadas: Paulo César Pereio fala sobre Camões (1524-1580) e Bruno Gagliasso, de Glauber Rocha (1939-1981).


UNZ


Quando: hoje, à 0h30


Onde: Canal Brasil


Classificação indicativa: não recomendado a menores de 16 anos’


 


 


INTERNET
Marco Aurélio Canônico


Zumbi interativo


‘Pode admitir: quantas vezes, assistindo a um filme de terror, você não se pegou pensando (ou gritando mesmo) ‘corre, seu idiota!’, na esperança de que o personagem, em vez de fazer uma bobagem que vai lhe custar a cabeça, faça algo lógico para se salvar, algo que você faria se estivesse na pele dele?


Pois ‘The Outbreak’, um engenhoso curta de terror disponível on-line (www.survivetheoutbreak.com), coloca o público na pele de um dos protagonistas e dá a chance de testar suas habilidades de sobrevivência num cenário catastrófico -no caso, um ataque de zumbis clássico, ao estilo ‘A Noite dos Mortos-Vivos’.


O curta é interativo: em certos momentos-chave da narrativa, o filme é pausado e surgem na tela duas ou mais opções, convidando o público a decidir pelo protagonista. As decisões levam a caminhos diferentes, que podem acabar em morte, se você escolher mal.


O projeto é idéia do casal Chris e Lynn Lund, que tem uma empresa de design interativo (SilkTricky) e diversos trabalhos para marcas como Taco Bell e Red Bull.


‘Já trabalhamos em inúmeros projetos com diferentes níveis de interatividade e pensamos: ‘Por que não fazer algo para nós mesmos, aplicando a técnica a algo que amamos?’


Chris Lund, diretor e roteirista, foi quem bolou o conceito e a história básica: um grupo de quatro pessoas -que acabou de se conhecer enquanto fugia dos zumbis- invade uma casa em busca de proteção, carregando um quinto elemento, que foi ferido pelos mortos-vivos.


Essa é a primeira cena do filme, e a audiência, no papel do ponderado James, precisa decidir logo de cara se o personagem ferido deve ou não ser eliminado -afinal, como é praxe no gênero, ele certamente vai se tornar um zumbi.


Estrada para a perdição


‘Filmamos ‘The Outbreak’ em seis dias, no fim de abril passado, e depois passamos alguns meses finalizando-o. Gastamos no total US$ 35 mil, vindos de nossas economias.’


São 21 cenas com pouco mais de um minuto cada uma, e dez pontos em que a audiência precisa decidir. Segundo a produtora, seis opções levam à morte e apenas duas a um final feliz.


O site entrou no ar há um mês e já recebeu 300 mil visitantes únicos, segundo Lynn, que também foi procurada por produtores de cinema para criar projetos semelhantes.


‘Temos algumas novas idéias e adoraríamos fazer algo de maior duração, que foi algo que o público pediu bastante.’


Trama policial


‘The Outbreak’ não é o primeiro projeto de filme interativo on-line -a primazia provavelmente cabe a ‘Hypnosis’ (www.my-interactive.tv), lançado em dezembro de 1998.


Ele põe a audiência no papel de uma mulher casada que tem um amante e que se envolve numa trama policial, incluindo um roubo e a revelação de sua traição. A estrutura é semelhante à do filme de zumbis, mas a qualidade da filmagem e da produção é inferior.


Além das duas obras, há exemplos de filmes interativos em jogos com cenas filmadas.


A idéia também já foi aplicada a um manifesto por melhores condições de moradia no Reino Unido -veja em trapped.keystothefuture.org.uk.’


 


 


ELEIÇÕES
Editorial


Campanha negativa


‘O DEBATE da TV Record, no domingo, marcou uma nova fase, mais aguerrida, na disputa para a Prefeitura de São Paulo. Gilberto Kassab (DEM) adotou um tom mais combativo. Marta Suplicy (PT), por seu turno, aumentou a pressão sobre o adversário


‘Representante do coronelismo’, ‘turma do mensalão’, ‘traumatizada’, ‘alguém que não respeita a mulher’ foram alguns dos ataques que salpicaram na sessão. Provam que a campanha negativa já virou uma das marcas da atual disputa.


O ataque à opinião, ao caráter, ao passado ou à personalidade do oponente não é novidade. Arriscada, a tática não raro atinge o próprio autor e em geral é associada ao desespero. Na disputa em três capitais do Sudeste estão em curso campanhas negativas com resultados ainda incertos.


Marta Suplicy, a julgar pelas pesquisas, não agregou apoio com seus ataques a Kassab. No Rio de Janeiro, um deslize verbal de Fernando Gabeira (PV) -ao criticar a ‘visão suburbana’ de uma vereadora- foi explorado por Eduardo Paes (PMDB). Em Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) tem procurado impingir a imagem de despreparado a Leonardo Quintão (PMDB).


A campanha negativa não é necessariamente ruim. Seria ingênuo imaginar contencioso apenas propositivo. Dentro de limites, explorar contradições, vulnerabilidades e incoerências do oponente fortalece o jogo democrático. Já o exagero, que tem sido a regra, o enfraquece.


Vale lembrar que o incorretamente chamado horário eleitoral ‘gratuito’ no rádio e na TV é financiado com dinheiro do contribuinte. Os cofres das agremiações também se beneficiam de verba pública, que os abastece através do fundo partidário.


Compostura, urbanidade e compromisso com a exposição de idéias não deveriam ser artigo de luxo em campanhas. Deveriam ser obrigação, em respeito ao cidadão que paga a conta.’


 


 


Folha de S. Paulo


Presidente do TSE defende uso livre da internet


‘O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, defendeu ontem o uso ‘desembaraçado’ da internet para fins de propaganda política nas eleições de 2010, mas afirma que será necessário mudar a legislação eleitoral, ‘seja pela via legislativa, seja pela declaração de inconstitucionalidade das restrições’.


A decisão do TSE da última sexta-feira liberou o uso dos sites de jornais e revistas, mas manteve a proibição para televisões, rádios e portais em geral.’


 


 


HORROR
Clovis Rossi


A barbárie nossa de cada dia


‘MADRI – Francho Barón, repórter do jornal espanhol ‘El País’, acompanhou, na semana passada, uma incursão de um grupo especial da polícia carioca pela favela do Rebu.


Voltou horrorizado. Mas, por mim, o horror maior é que o horror ‘faz tempo que deixou de ser notícia’, como escreveu Barón.


Posto de outra forma: os brasileiros nos acostumamos à barbárie cotidiana. Só nos agitamos quando a barbárie sai da rotina diária, como nos casos do conflito entre as polícias de São Paulo e do assassinato da menina em Santo André pelo seu seqüestrador.


Sobre este segundo episódio, recebo e-mail desesperado de um policial de Santo André, 50 anos, que não identifico porque não pedi a devida autorização. ‘Estou abalado.


Não durmo há três dias. Não consigo tirar o evento da cabeça. Tenho duas filhas da mesma idade da Eloá e da Nayara. Lido com a violência, mas não posso admitir hipocrisia, fraqueza e o despreparo’, diz.


A carta chegou domingo, antes, portanto, do artigo do cineasta José Padilha (‘Tropa de Elite’) e do sociólogo Rodrigo Pimentel na Folha de ontem, em que culpam ‘os nossos políticos como um todo, que há muito tempo sabem que precisam reformar a segurança pública para salvar a vida de milhares de brasileiros e que há muito tempo fracassam ao não levar essa tarefa a cabo’.


O policial de Santo André escreveu a mesma coisa ao atacar ‘governos fracos, hipócritas, medíocres, que desdenham da questão da segurança pública’.


Fecha o e-mail com um apelo: ‘Estão destruindo as polícias. Ajudem-nos a salvá-las!’.


Posso estar muito enganado, mas tanto o diagnóstico de Padilha/Pimentel como o grito de socorro do policial cairão no vazio, como tantos outros, assim que a barbárie voltar a ser a usual, sem um pico como os da semana passada.’


 


 


TELONA
Marcos Nobre


São Paulo no cinema


‘SÃO PAULO NÃO costuma ser cenário do cinema de produção internacional. Essa é uma das novidades dos filmes ‘Ensaio sobre a Cegueira’ e ‘Linha de Passe’.


No filme de Fernando Meirelles, São Paulo é uma metrópole como qualquer outra do mundo rico. Táxis e sinalização de ruas são trazidos de outro lugar para formar um não-lugar, um lugar que pode ser qualquer lugar.


A fotografia reforça esses deslocamentos e condensações que são próprios dos sonhos. Foi como pesadelo que Meirelles conseguiu desanuviar e levar à tela um romance que não se deixa filmar.


As coisas flutuam, o mar de leite da cegueira serve para fazer boiar a sujeira e a miséria que vão surgindo, tirando-lhes o peso que têm no texto de José Saramago. O papel da atriz Julianne Moore é garantir que tudo vai ficar bem, que é só um sonho ruim, que é só um filme.


Traz o alívio pouco reconfortante de que nada mudou nem mudará. Em meio à imundície, carros -sonhos de consumo por excelência- aparecem como em filmes de propaganda: perfeitos, reluzentes, intocados.


No filme de Walter Salles e Daniela Thomas, a cidade de São Paulo é personagem de destaque, traça a verdadeira linha de passe. O nome da cidade reaparece de maneira irritante durante todo o filme, reforçando a centralidade do lugar, do aqui e agora de uma realidade nua e crua.


O roteiro não pretende dar unidade (nem final) às histórias de vida dos cinco personagens. Mas, ao mesmo tempo, a montagem se vê impelida a produzir alguma unidade para a ação. Acaba produzindo cortes artificiais para tentar articular os diferentes planos de vida.


Só o duro percurso das ruas da cidade compensa essa artificialidade. ‘Linha de Passe’ rola rente ao chão, junto do asfalto e da terra batida. Os personagens são movidos pelo sonho de tirar os pés do chão.


E não conseguem. As tomadas aéreas de grande amplitude são expressão desse sonho impossível. Permanecem inacessíveis aos personagens em luta com a cidade. Apesar de muito diferentes e muito bem feitos, no final das contas os dois filmes representam os contatos humanos à maneira simplificada de átomos em choque e em eventual acomodação. O apelo dos filmes está nessa simplificação, em um realismo onírico (‘Ensaio’) ou em um hiper-realismo (‘Linha de Passe’).


No fundo, nesse clima de laboratório humano, não importa muito se o lugar é um não-lugar, se é um lugar de pesadelos. Porque foi unicamente como metáfora de uma espacialização mecânica da vida que a cidade de São Paulo se integrou ao circuito planetário da indústria cinematográfica.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O assassino


‘Começou na Globo a novela ‘Negócio da China’ e entrou de imediato, no ‘SP Record’, a transmissão ao vivo do velório de Eloá, a jovem assassinada. A cena já aparecia nos intervalos das duas emissoras e outras, mas tornou-se então a própria atração -o caixão com o corpo. Para preencher o tempo, aqui e ali, a Record entrava com a entrevista coletiva de uma ‘sobrinha da paciente que recebeu o coração’.


O ‘SPTV’ fez mais, depois. Além do velório, escalou Márcio Canuto, seu repórter pitoresco, para cobrir a doação de coração. Abrindo a reportagem, ‘O que não falta é motivo para comemorar!’. O namorado contou do plano de casar. E o repórter encerrou, aos brados, ‘Então vai ser uma história com final feliz!’.


Mas o descontrole global foi se evidenciar mais nas manchetes do ‘Jornal Nacional’. Como anunciado no ‘SP Record’, o ‘Jornal da Record’ conseguiu acesso a imagens exclusivas do assassino. Sem nada à altura, o ‘JN’ deu o velório e estendeu-se na doação dos órgãos -e sobretudo, desde a escalada, ressaltou supostos indícios de ‘visitas de seres extraterrestres’.


As declarações do homicida, obtidas por Roberto Cabrini, entraram no ‘JR’ já depois de encerrado o ‘JN’, no meio da novela das oito, ‘A Favorita’. Mas nem alienígena superaria a audiência da face inchada e das declarações insensatas que descreviam, para a câmera, o assassinato de Eloá.


BC LÁ


Nas manchetes on-line de ‘Financial Times’, ‘Wall Street Journal’ e ‘Washington Post’, o presidente do banco central americano apoiou ‘gastos adicionais’, com novo ‘estímulo’, o que fez Wall Street saltar. O ‘New York Times’ acrescentou que a Bolsa subiu também pelos ‘sinais de que o crédito começa a fluir’.


Também aqui, ao menos para a Bloomberg, a Bovespa saltou por conta de medidas do ‘governo para estimular a economia e facilitar o crédito’, referência à entrevista em que o ministro da Guido Mantega voltou a prometer 4% de crescimento para o ano que vem.


BC CÁ


Por outro lado, na manchete da Reuters Brasil, aqui o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ‘deixou claro que o ciclo de aperto dos juros continua’. Avisa que seu ‘compromisso é com o regime de metas de inflação’, nada mais. O Copom se reúne semana que vem.


Sobre o câmbio, na manchete do G1 à tarde, ‘BC volta ao mercado e vende dólares das reservas’. Mas o ‘Real pouco mudou depois que Banco Central vendeu dólares’, destacou o despacho da Bloomberg, no alto das buscas de Brasil pelo Yahoo News, no fim do dia.


A CHINA DESACELERA


A manchete on-line de maior importância para o Brasil surgiu no estatal ‘China Daily’, com o PIB chinês que ‘desacelerou para 9% no terceiro trimestre’.


Análise postada pela BBC sublinhou ontem, antes do novo dado, que o crescimento da China ‘é chave para a América Latina’, por ser ‘a segunda parceira do Brasil e a terceira da Argentina’. O canal levanta dúvidas se o país vai manter o nível de importações.


Análise da Reuters, de outra parte, ouve analistas de Goldman e outros e dá por mais importante descobrir se Lula agora vai se mostrar ‘um populista’.


BRICS VS. RECESSÃO


A Reuters também avalia, em longa reportagem, ontem, que ‘há pouca dúvida de que Brasil, Rússia, Índia e China devem sentir desaceleração significativa em 2009, mas os Brics devem evitar recessão do tipo que parece inevitável nos Estados Unidos e parte da Europa’. A agência vai além e encerra dizendo que ‘os Brics podem ajudar a estabilizar a economia global’.


RICOS VS. POBRES


Já o ‘Guardian’ deu ontem a análise ‘Uma crise gerada pelos ricos do mundo vai acabar com pobres pagando o preço mais alto’. Ecoa e cita a declaração de Lula. Chega a prever que, sem os recursos dos ‘ricos, as pessoas dos países pobres e emergentes vão ter fome e morrer’. Ataca as ‘elites colaboracionistas’ que, nesses países, venderam o neoliberalismo.


A VOLTA


Judith Miller, a repórter que, sem revelar fontes, levou o ‘New York Times’ a publicar que havia, sim, ‘armas de destruição em massa’ no Iraque, acaba de ser contratada como comentaristas pela Fox News, segundo o ‘WP’. Mas ela agora se declara eleitora de Barack Obama, no Politico.’


 


 


CARTA
Cristiane Barbieri


Debate acalorado acirra ânimos de publicitários


‘Na última sexta-feira, um e-mail correu o mercado publicitário como rastilho de pólvora acesso. Assinado, a princípio, por Fábio Fernandes, presidente e diretor de criação da agência F/Nazca S&S, o correio eletrônico atacava Nizan Guanaes, sócio do grupo ABC e presidente da agência Africa.


‘Não é novidade […] que tenho diferenças profundas, quase religiosas, na visão sobre o que é e o que deve ser o negócio, o objetivo do trabalho […] em relação ao dito personagem, para mim caricatura de ser humano, dublê de político populista e novo-rico deslumbrado, comediante de frases de efeito repetidas à exaustão, arremedo de empresário antiético e criativo antiestético’, teria escrito Fernandes, num longo e-mail. ‘Nunca escondi -nem dele- que o acho vil, pernicioso à indústria, predador, oportunista, aproveitador, manipulador.’


Apesar de dizer que Fernandes enviou um e-mail de circulação exclusivamente interna sobre recente discussão entre ambos, a assessoria de imprensa da F/Nazca nega que Fernandes tenha escrito a mensagem com ofensas à Guanaes. Diz, inclusive, que havia várias versões em circulação do correio eletrônico. A agência, no entanto, não repassou à Folha o comunicado interno. Fernandes também não atendeu a pedido de entrevista.


A discussão acalorada começou num debate sobre ‘Oportunidades e riscos’ do mercado publicitário em meio à crise, realizado no evento Maximídia, no último dia 10.


‘Não há solução criativa [para a crise], só dolorosa. É hora de cortar na carne para garantir a sobrevivência’, disse Guanaes no debate. A postura adotada pelo grupo ABC nos próximos meses, segundo ele, será conservadora. ‘Não invista no novo. Não invente. Siga o conhecido’, disse. ‘É hora de apostar no que é sólido e deixar experiências para depois.’


Segundo o jornal ‘Meio&Mensagem’, Fernandes criticou a visão de Nizan e seu modelo de atuação no mercado publicitário. ‘Você é responsável em grande parte pelo que está acontecendo’, disse Fernandes. Guanaes respondeu que não iria levar a discussão para o lado pessoal e criticou o tom de Fernandes: ‘Vim aqui como convidado, e você está me ofendendo’, disse.


Fernandes desculpou-se. Mas continuou defendendo a tese oposta à de Guanaes. ‘Este é o momento de ser inovador, sem deixar a responsabilidade de lado’, disse Fernandes. ‘Temos feito muito pouco pela inovação.’ Nizan afirmou que admirava Fernandes, que o apresentara aos sócios da S&S e que ambos quase haviam sido sócios. ‘Isso não é verdade. Você é mentiroso’, disse Fernandes. Guanaes afirmou que não daria entrevista sobre o tema.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 21 de outubro de 2008


 


SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Edison Veiga


Mais de 500 comunidades no Orkut falam de Eloá


‘Sinal dos tempos modernos, milhares de pessoas acompanharam a tragédia de Santo André pela internet. Não apenas lendo e assistindo a portais noticiosos, mas interagindo. No site de relacionamentos Orkut, surgiram 513 comunidades dedicadas ao caso. A garota Eloá Cristina Pimentel, vítima fatal, comoveu tanto que acabou se tornando uma celebridade instantânea da rede mundial de computadores.


A grande maioria das comunidades presta solidariedade aos familiares e amigos de Eloá, com nomes como ‘Luto por Eloá’, ‘Eloá Cristina em nossos corações’, ‘Mais uma estrela para brilhar no céu’. A maior delas – com 166 mil membros – se chama ‘Forças a Eloá e Nayara!’ e alerta: ‘Só são bem-vindos nessa comunidade pessoas que querem o bem para Eloá e Nayara!’


Muitas aludem à forte amizade entre Eloá e Nayara Rodrigues da Silva, simbolizada pelo fato de a menina ter voltado ao cárcere privado, na quinta-feira, dois dias após ser liberada por Lindemberg Alves. Há ainda as que trazem apelo religioso, desejando que a menina ‘descanse em paz’, ‘esteja com Deus’ e que a família ‘tenha fé’. Outras são um bocado inusitadas, como ‘Arapiraca está com Eloá’. São raras as que procuram difamar a garota, com ofensas pessoais e insinuações.


Na tarde de ontem, em ‘Forças a Eloá e Nayara’, internautas se dedicavam a discutir se a polícia teve ou não culpa no desfecho do caso. Alguns queriam saber dos receptores de seus órgãos, outro pedia o e-mail de Nayara.


Uma enquete postada na comunidade trazia a pergunta: ‘Voce acha Nayara uma boa amiga por ter ?voutado? ao apartamento?’. Até às 18h, a opção ‘sim’ ganhava com 49% dos votos. Na seqüência vinha ‘sim e se eu ?foce? ela faria a ?msm? coisa’, com 40%. Juntas, as duas alternativas negativas – um ‘não’ seco e um argumentando que Nayara colocou a vida em risco – somavam os 11% restantes.


O ?PRIMO? DE LINDEMBERG


Com quase 900 integrantes até o fim da tarde de ontem, a comunidade ‘FORÇA Lindemberg ?tamos? com vc!’ trazia apoio ao outro lado da história. ‘Antes de mais nada quero deixar claro q reprovo a atitude dele, porem ?kem? nunca ?erro? na vida?’, dizia o texto de apresentação. ‘?Ta? certo concordo q ele tem q ficar uns anos presos… Mas o cara é sangue bom, trabalhador, humilde, a mina ?deixo? ele doido.’


Em seu perfil, o criador da comunidade se apresenta como primo de Lindemberg. Quando a reportagem ligou para o telefone que aparece no perfil, o suposto autor da comunidade negou o parentesco. ‘Alguém que fez isso para me sacanear’, disse. ‘Não tenho nada a ver com a história.’


VÍRUS POR E-MAIL


Assim como aconteceu em outros casos de grande repercussão, há pessoas se aproveitando da morte da jovem para espalhar um e-mail com vírus, por meio de um link que remete o internauta a um vídeo falso. A mensagem utiliza o nome da Agência Estado para fazer um resumo do caso e afirmar que, num arquivo em anexo, um vídeo mostra ‘que o disparo que matou Eloá partiu da arma da polícia’. Ao clicar no arquivo, no entanto, o computador é infectado.’


 


 


Luísa Alcalde


‘Lembro que eu dei um tiro na Eloá’


‘O secretário da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP), Antônio Ferreira Pinto, afirmou ontem à noite que vai mandar a corregedoria do órgão abrir uma sindicância interna para investigar como foram feitas as imagens de Lindemberg Alves na prisão, exibidas ontem pelo Jornal da Record.


A gravação, segundo a reportagem da emissora, foi feita pouco depois da prisão do rapaz. O preso aparece no vídeo sem camisa, bastante machucado, e com as mãos para trás o tempo inteiro, aparentemente algemado.


As pessoas que tiveram contato com ele foram a advogada Ana Lúcia Assad- proibida de entrar na cela com celular – e os agentes penitenciários. Lindemberg estava recolhido até ontem à tarde no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP) de Pinheiros, na zona oeste, e foi transferido para a Penitenciária de Tremembé. Ele chegou a fazer uma declaração oficial, em que diz temer morrer (mais informações nesta página).


Segundo um cunhado de Lindemberg que é mecânico, mas que não quis ser identificado, a advogada que se apresenta como defensora do rapaz não foi contratada pela família. ‘Não sabemos quem é. Não fomos nós que a chamamos. Ainda estamos procurando alguém para defendê-lo’, disse. Assim que for permitido, a família pretende visitar o rapaz na cadeia. ‘Na primeira oportunidade, vamos ver como ele está’, disse o mecânico.


Na gravação mostrada pela Rede Record, Alves alega não se lembrar de como foram os momentos posteriores à invasão pela polícia do apartamento da família de Eloá no CDHU Jardim Santo André. Mas admite que atirou na ex-namorada, Eloá. ‘Eu atirei no sofá. Eu acho que atirei primeiro na Eloá. Eu nem sabia que tinha atirado na Nayara (…) Um (tiro) foi eu que dei. Eu lembro que eu dei um na Eloá.’


FUTURO


Alves sabia que acabaria preso, mas queria ficar o máximo de tempo possível com Eloá. ‘Só queria ela aqui do meu lado’, afirma. ‘Se eu soubesse que ela ia ficar viva, eu voltava’, diz Alves na gravação, ainda sem saber do estado da jovem. Apesar de não se dizer arrependido, o auxiliar de produção fala da época em que começou a namorar com a jovem e lamenta os casos de ciúmes. ‘Só queria voltar no tempo, muito atrás, lá quando eu errava de ficar com ciúmes dela, ela (errava) de ficar com o ciúmes de mim. Foi o motivo que nós brigamos, ciúmes da minha parte e da parte dela também.’


LINDEMBERG ALVES, DEPOIS DE PRESO


NEGOCIAÇÃO


– Chegou um papel para mim (assinado por um promotor garantindo a integridade física dele), eu olhei, mas não entendi nada


TIROS


– Eu atirei no sofá. Eu acho que atirei primeiro na Eloá. Eu nem sabia que tinha atirado na Nayara


– Um (tiro) foi eu que dei. Eu lembro que eu dei um na Eloá. Depois da bomba, eu não vi mais nada. Só consegui ouvir os gritos


– Foi depois (o disparo). Depois da bomba, não ouvi mais nada, eu só consegui ouvir os gritos (não fica claro na gravação, porém, se ele se referia à invasão policial).


(Sua advogada alega que ele só atirou após o avanço da polícia)


ATÉ ONDE ELE PRETENDIA IR


– A intenção era de ficar o máximo de tempo possível com ela, porque eu amava ela. Eu não ?tava? pensando que a polícia ia lá, nem nada. Eu ?tava? pensando em curtir cada minuto com ela, do lado dela


NO CATIVEIRO


– Só beijo no rosto, ela me beijava no rosto. Chorava, chorava (a Eloá)… Chorou umas duas vezes.


Eu trancava ela no quarto.


Ela dormia no quarto, eu dormia no sofá e a Nayara, no colchão na sala. Eu sabia que ia para a cadeia


E AGORA?


– Só queria ela aqui do meu lado. Eu falava para ela que não conseguia viver sem o cheirinho dela. Eu nunca amei nenhuma menina’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Baila Comigo pode ter versão hispânica


‘A Globo já acerta os ponteiros finais com sua nova parceira internacional. Trata-se da mexicana TV Azteca, com quem a rede brasileira deve co-produzir uma novela para 2009. O acordo, negociado desde junho deste ano, já está selado. A fase agora é a de escolha de textos brasileiros a serem adaptados e produzidos no México, com atores locais.


Entre as tramas mais cotadas para ganhar uma versão ‘chicana’ estão Baila Comigo e Por Amor, ambas de Manoel Carlos, e Dancin? Days, de Gilberto Braga.


A parceria da Globo com a TV Azteca segue os mesmos moldes da que a rede tem com outra emissora do grupo Salinas, a Telemundo.


Esse acordo caminha em passos mais adiantados, uma vez que já está sendo produzida a versão em espanhol de O Clone. Mais de 100 capítulos já foram adaptados e as gravações da novela devem começar no início de 2009, na Colômbia. Tudo com supervisão da Globo.


A estréia da versão hispânica de O Clone na Telemundo está prevista para abril.


Procurada, a assessoria da Globo diz não poder dar detalhes sobre o acordo com a TV Azteca.’


 


 


ELEIÇÕES
Alexandre Rodrigues, Luciana Nunes Leal e Wilson Tosta


Paes e Gabeira são vítimas de propaganda negativa na rede


‘A propaganda negativa que tem dado trabalho à Justiça Eleitoral no segundo turno no Rio em faixas e panfletos chegou à internet. Após episódios de apreensão de material apócrifo contra Fernando Gabeira (PV), o candidato do PMDB, Eduardo Paes, queixa-se da guerra suja na rede. Gabeira tem estimulado o uso da internet por seus eleitores, mas muitos acabam usando o meio para ofender os dois candidatos. Em sites de relacionamento, blogs e correntes de e-mails, argumentos legítimos misturam-se a exageros e ofensas.


O texto Cinco razões para não votar em Eduardo Paes sustenta que ele é apoiado por milícias de favelas, chama o candidato de ‘oportunista’ e, lembrando suas seis mudanças de partido, diz que ele ‘vai trair o eleitor’ por não ter ‘princípios éticos’.


O e-mail Quinze razões para não votar no Gabeira diz que ele teria incentivado a criação de facções criminosas ao ensinar táticas de guerrilha a presos comuns quando foi preso na Ilha Grande pela ditadura, em 1969. No Orkut, é tachado de ‘maconheiro’ e acusado pejorativamente de ser homossexual.


‘Essa situação sempre existiu na internet, que é muito difícil de ser controlada. Compete aos leitores saber filtrar’, disse Gabeira. ‘Qualquer pessoa que tem e-mail já recebeu’, queixou-se Paes.


O juiz Luiz Márcio Pereira, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no Rio, explica que a expressão de opinião é liberada em sites e blogs, já que só quem tem interesse busca esses endereços. Da mesma forma, correntes de e-mails entre amigos são consideradas legítimas – ao contrário dos spams. ‘Se for uma mera crítica, não há problema.’


RETA FINAL


Paes iniciou estratégia mais agressiva nos últimos dias de campanha, apresentando-se como candidato de propostas concretas, em contraposição à campanha ‘vazia, oca, despreparada’ do adversário. Segundo o Ibope, Gabeira tem 42% das intenções de voto e Paes, 39% – empate técnico. O marketing do PMDB quer mostrar Gabeira como ‘celebridade’ e ‘popstar’, mas despreparado para governar a cidade.


Ontem, Paes ironizou a presença de artistas como Caetano Veloso no programa eleitoral de Gabeira. ‘Infelizmente, nós não vamos passar os próximos quatro anos ouvindo Caetano Veloso cantando Cidade Maravilhosa.’ Gabeira reagiu dizendo ser possível que, ‘nesta reta final, a única esperança dele seja o ataque’. Para Gabeira, Paes tem ‘ciúmes’ da presença de Caetano em seu programa.’


 


 


 


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